A história política recente do Brasil mais parece uma novela. E os brasileiros acompanham estupefatos aos capítulos desse folhetim. Nas últimas semanas, a trama girou em torno do tráfico de influências. Marcelo Calero, ex-ministro da Cultura, acusou o fraterno amigo de Michel Temer Geddel Vieira Lima de pressioná-lo em relação à liberação de uma obra em Salvador. Com o desenrolar dos fatos, as denúncias chegaram ao presidente da República, o que fez com que a oposição entrasse com um pedido de impeachment.
Ao mesmo em tempo que o núcleo ministerial enfrentava essa crise – que resultou no afastamento do sexto ministro em seis meses de governo –, no Congresso, os deputados tentavam anistiar o caixa dois de campanha. A medida pareceu ser um deboche ao povo brasileiro, que pressionou até que a votação fosse adiada para a última terça-feira, dia 29.
Os leitores do The Intercept Brasil têm uma opinião bem mais crítica
Embora esses fatos se aproximem do absurdo, eles ganharam um discurso brando na mídia tradicional. Os leitores do The Intercept Brasil, entretanto, têm uma opinião bem mais crítica em relação ao que acontece em Brasília. Selecionamos alguns comentários sobre os últimos “fatozinhos” do governo Michel Temer. Confira:
Zeke
A imprensa corporativa sempre se aconchega ao poder. Não importa qual o poder instaurado. É assim que sobrevive. E não é só no Brasil. Acontece no mundo todo. Isso realça a necessidade de ter uma imprensa verdadeiramente independente.
Marcelo Henrique
Então, acredito que com ou sem Dilma, seria óbvio que a crise econômica iria continuar (a falta de entendimento de assunto dessa mulher me assusta), um dos principais problemas foi a lavagem cerebral que fizeram com o povo achando que com apenas o PT saindo iria criar um mar de soluções, seria o fim da corrupção e tudo mais, o que é triste.
Dante
A aprovação da anistia do caixa 2 reforça o discurso do PT de q Dilma foi derrubada p/q a Lava-Jato pudesse ser estancada. Algo que eu observo no tweet no Noblat é que ele não está, na verdade, admitindo que o argumento estava correto, mas sugerindo que não seja aprovada a medida, só para que não se dê razão ao PT. Ou seja, anistiar o caixa 2 é errado, mas o maior problema nisso seria beneficiar (?) o PT e não a imoralidade em si. Outros tweets dele inferem que ele faça esse tipo de raciocínio, como “Políticos precisam derubar logo Dilma antes q sejam atingidos ainda + pela Lava-Jato e outras operações”.
A corrupção é uma fórmula política.
Mirian Moraes
Como jornalista, já não me ocupo mais em explicar o golpe. Golpe se derruba, não há outro caminho para a restauração tanto da economia quanto da democracia no Brasil. A condenação de Dilma pelo Senado com a preservação dos direitos políticos tornou o ato juridicamente nulo. O STF não quer abonar um flagrante atropelo da Constituição.
Policarpo
Perdoa-me pelo longo texto que se segue e permita-me discordar um pouco da tua explicação para o Golpe e o impeachment.A corrupção é uma fórmula política, que formam o estilo de vida e o modus operandi de nossas oligarquias, desde sempre e por muitos anos continuará a ser, antes que uma verdadeira revolução ponha abaixo o edifício oligárquico. Portanto, não é a corrupção que explica o golpe.É verdade que o Golpe de Estado de 2016 não nasceu do dia para a noite, nem saiu da cabeça de algum iluminado. Ele foi amadurecendo e se fortalecendo aos longo dos anos e principalmente após as seguidas derrotas eleitorais sofridas pelas oposições aos governos petistas.A única coisa que unificava os diversos movimentos que tomaram parte no Golpe era a existência de um inimigo comum: o PT. E vencer o PT ao custo que fosse, pouco importava o preço que teria que se pago em termos econômicos ou institucionais seja os riscos que se corressem.
Taddei
Bem certa! Toda “engenharia” do golpe era “estancar a sangria” conforme afirmou Romero Jucá – hoje líder do temer. Entretanto, as coisas não estão nada sorridentes para os golpistas – EMBOTOU! temer, se tivesse, ainda, um lampejo de brio deveria renunciar. A velha mídia que endeusou já o prepara para o SEOL.
Paulo Só
Em vez de se debruçar sobre os meios para coibir a corrupção, o congresso está preocupado com os meios de ilibar a corrupção. Com essa gente não há nada a fazer. O problema no Brasil é nitidamente um problema político, não econômico. A partir do momento em que privatizam as companhias de serviço público como as da água etc, e que estas passam a dar lucros espantosos, à custa obviamente do serviço (ou seja não investindo na sua expansão e manutenção, deixando a água se perder etc), distribuindo bónus e dividendos inéditos em qualquer país civilizado, é óbvio que os políticos que aprovam essas privatizações também querem entrar nessa farra. Idem com as isenções fiscais.
Luiz Carlos
Infelizmente parece que tudo é uma articulação para levar os Tucanos, finalmente, ao governo. Calero é só uma peça que acentua a fragilidade do governo golpista. Os próximos passos serão o impodimento de Temer pelo TSE, por Gilmar Mendes, e a eleição de um de confiança da coligação Lava Jato/PGR/Globo/Justiça, provavelmente Nelson Jobin ou FHC.
No governo da salvação só existem escândalo.
Erenilton Ramos
Realmente triste, o povo está tão cansado, que qualquer faísca já se apegam achando que é a luz do fim do túnel, ñ tem criticidade e discernimento o suficiente, para notar as coisas “exibidas” nas entrelinhas, gostei do texto, o que nos resta é continuar lutando, tendo esperança de que as coisas melhorem, ou partir pra uma guerra civil, retirar todos do poder e fazer tudo novamente, com transparência e tudo o que acontece na política, tudo o que for votado ser mostrado em tempo real, cortar super salários e dar-lhes ajuda de custo necessários ao sustento do seu cargo, nada de luxo afinal eles deveriam governar para o povo e ñ para si mesmos. porém é uma utopia, ainda assim ñ custa nada sonhar!
Aguinaldo
Estamos em maus lençóis. No governo da salvação só existem escândalo. Senado e também a câmara, estão cuidando pra que a maquiagem dos manequim não venha se desmanchar. Sobre o governo temer, sera apenas um governo de vergonha e mais dívidas.
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