Quantas pessoas trans trabalham ou estudam com você? A resposta não costuma ser composta por grandes números.Transexuais são tradicionalmente excluídos do mercado de trabalho, e cerca de 90% acaba recorrendo à prostituição . A atividade coloca travestis, transexuais e transgêneros em posição de vulnerabilidade, o que, segundo a Ong Transgender Europe, pode ser o motivo de o Brasil ser o país que mais mata transexuais no mundo. Para tentar mudar essa realidade, no dia 29 de janeiro é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans.
A data concentra manifestações que levam para as ruas as pautas diárias dos transvestigeneres. A ideia é tornar a rotina de exclusão e violência vivida por pessoas trans conhecida, e, assim, tentar mudar os altos índices de transfobia do país (868 travestis e transexuais foram assassinados no Brasil nos último oito anos).
Com a proximidade da data, os coletivos Transrevolução, Casa Nem e Prepara Nem organizaram um ato na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro na última sexta-feira, dia 27. The Intercept Brasil esteve na manifestação e ouviu dos participantes o que os leva à rua.
Haluxx Maranhão, que se identifica como homem trans indígena, afirma que a luta vai além da busca por dignidade como pessoa. “O Dia da Visibilidade Trans é um dia de luta pelo direito da pessoa trans de ser um cidadão. A luta trans também é luta de classe”, diz.
Participante de um grupo de teatro formado por atores trans, Vanessa Alves afirma que é preciso lutar por direitos. Sua amiga de palco, Rebecca Blando deseja ser vista como qualquer outro cidadão. “Eu mereço não ser vista como número da vulnerabilidade.”
Barbará Laperla ressalta a importância de apresentar a causa trans a todos. “Nós fazemos o ato porque precisamos que apoiem as travestis. Uma das nossas bandeiras é o uso do nome social em todos os lugares.”
Carlos Augusto Pereira e a filha Mariana Pereira se uniram ao ato. “É preciso ter visibilidade. Quanto mais a gente sabe, menor o preconceito. A gente tem de lutar pelo direito das pessoas. Tem que ter política pública, tem que ter acolhimento. As trans precisam de mais opções de trabalho, por exemplo.”
Michel Andrade e Ivan Balmanté são gays e apoiam a causa trans. “As trans são mais estigmatizadas. Então, as todo mundo precisa ver quem são essas pessoas trans, precisam conhecer. A gente precisa ser militante”, explicou Ivan.
O ato na Cinelândia também serviu como um grito de socorro para a Casa Nem, projeto de acolhimento a transvetigeneres, que por conta de dívidas pode fechar as portas. “Somo um abrigo LGBT com foco em travestis e transexuais. Se a pessoa está em situação de rua ou foi expulsa de casa, mesmo se for menor, a gente abriga,” explica a idealizadora Indiana Siqueira. Existe uma vaquinha virtual para ajudar o coletivo a quitar as dívidas.
Micael mora na Casa Nem e luta pela causa trans masculina. “Luto por não ter apoio, casa ou trabalho. Somos invisibilizados.”
Savanah Queen, também moradora da Casa Nem, diz querer igualdade. “Eu to aqui para mostrar que somos iguais a qualquer outra pessoa”.
Com o mascote Apolo Tucupi no colo, Leitthycia Nicollyh morava na rua e atualmente também reside na Casa Nem. “Nós queremos nosso espaço, por isso queremos ter visibilidade.”
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