Quando Alexandre Louzada e Francisco David decidiram que queriam adotar um filho em 2014, tinham poucas preferências determinadas.
O casal queria uma criança com menos de seis anos de idade. Estavam dispostos a adotar uma criança com doença crônica que pudesse ser tratada, como diabete ou síndrome do alcoolismo fetal, mas não queriam uma com condições médicas sem tratamento, como cegueira ou paralisia, porque acreditavam que não seriam capazes de sustentá-la financeira e emocionalmente.
Além disso, diferentemente de muitos pais em processo de adoção no Brasil – onde uma porcentagem substancial quer uma criança branca, eles não tinham preferências quanto à cor ou ao sexo da criança. Cerca de 70% das que estão aptas para adoção são negras ou mestiças, o que significa que muitos pais que desejam adotar crianças não têm a possibilidade de adotar grande parte das que precisam de um lar.
Havia pontos em que Alexandre e Francisco, ambos 39 anos de idade e juntos há dez anos, eram inflexíveis quanto ao processo de adoção, mas apenas quanto ao número de filhos que pretendia adotar de uma só vez: apenas um. Na verdade, após anos de debate e reflexão antes de finalmente se considerarem prontos, eles nunca tinham pensado ou discutido adotar mais de uma criança ao mesmo tempo. Mas, à medida que consideravam o processo de adoção, e descobriram que a maioria das crianças em abrigos estão acompanhadas de irmãos, acabaram sendo convencidos da possibilidade de adotarem dois irmãos ao mesmo tempo.
Mas, em julho de 2015, aproximadamente um ano e meio depois de iniciar formalmente o processo, o casal acabou adotando três crianças simultaneamente, todos meninos. Seus filhos são provavelmente meio-irmãos, têm a mesma mãe biológica, mas o casal especula que tenham pais biológicos diferentes.
À época da adoção, Gabriel, o mais novo, tinha 6 anos de idade; o do meio, Pablo, tinha 9; o mais velho, Patrick, 12. Todos eles são negros. Alexandre é branco e seu marido, Francisco, é pardo.
Isso aconteceu depois de um inesperado dilema, mas muito comum: após serem informados que as autoridades de adoção tinham localizado uma criança que atendia às suas preferências quanto à idade e às condições de saúde – Gabriel, o mais novo –, e que ele tinha um irmão mais velho, Pablo, que o casal decidiu também adotar, descobriram pouco depois que os dois meninos tinham outro irmão, Patrick, 12 anos, que vinha aguardando pais adotivos há anos.
O dilema era grande: deixar o irmão de seus filhos em um abrigo — onde provavelmente não seria adotado por conta de sua idade e, depois, desalojado aos 18 anos — ou adotar os três.
As chances que crianças maiores de seis anos têm de serem adotadas são muito pequenas, o que praticamente garante um futuro sombrio: ao serem desalojados aos 18 anos, grande parte acaba nas ruas com pouca instrução. De acordo com o testemunho do jornalista Gilberto Scofield na revista Piauí sobre o processo de adoção pelo qual ele e seu parceiro passaram, apenas 6% dos casais que buscam adotar crianças estão abertos à possibilidade de adotar crianças maiores do que seis anos, enquanto 85% das crianças aptas à adoção estão nessa faixa etária.
Portanto, não adotar o irmão de Gabriel e Pablo significaria consigná-lo a uma dura vida na miséria ou talvez algo ainda pior do que isso.
As crianças que moram em abrigos e não são adotadas encontram enormes dificuldades. Nos estados mais pobres de um país pobre como o Brasil, não recebem quase nenhum apoio da sociedade. Após serem desalojados aos 18 anos, é comum que homens acabem vendendo drogas e morando nas ruas, enquanto mulheres tendem a acabar na prostituição.
A escolha que esse casal teve de fazer — adotar uma ou duas crianças conforme planejado, e deixar um dos irmãos, ou adotar os três irmãos juntos mesmo não sabendo se seria viável — é muito comum no país. Como a maioria das crianças brasileiras aptas à adoção foram afastadas de seus pais biológicos por abuso ou negligência grave, irmãos são normalmente afastados juntos.
Conforme escreveu Scofield, 77% das crianças em abrigos estão em companhia de irmãos, enquanto 79% dos pais adotivos querem adotar apenas uma criança. Ou seja, a grande maioria dos casais inicia o processo pretendendo adotar apenas uma criança completamente saudável e sem irmãos, no entanto, a realidade das crianças aptas à adoção é radicalmente diferente.
As autoridades de adoção preferem que irmãos sejam adotados juntos. Elas usam de diversas táticas de pressão, algumas sutis, outras explícitas, para induzir casais a adotarem mais de uma criança.
No caso de Alexandre e Francisco, tal pressão não foi necessária. “Desde o começo, era inimaginável a possibilidade de deixar os outros dois”, disse Alexandre. “Decidimos que encontraríamos uma forma de tornar isso possível. Não havia outra opção.”
A forma como os cinco rapidamente se tornaram uma família unida e carinhosa é uma história tocante no aspecto humano. Além disso, é uma história esclarecedora e instigante, elucidando diversos aspectos complexos sobre relacionamentos e necessidades humanas, psicologia, raça, classe, sexo e influências comportamentais – alguns deles relevantes apenas para o Brasil, outros, universais.
O casal decidiu contar sua história porque queriam facilitar a compreensão social sobre famílias adotivas e inspirar outros a também adotarem. Começaram compartilhando sua experiência nas reuniões mensais a que futuros pais adotivos precisam comparecer para se tornarem aptos a adotar e participam de diversas organizações dedicadas a apoiar e defender publicamente as famílias adotivas.
Há uma enorme demanda por tais esforços no Brasil, onde um poderoso setor social em crescimento, composto de evangélicos e ultraconservadores, quer impedir a adoção por parte de casais homossexuais apesar da quantidade de crianças abandonadas em abrigos para menores de idade. Mas esse tipo de posicionamento também é comum em muitos outros países, inclusive nos EUA.
Depois das três semanas de experiência – destinadas a permitir que os pais adotivos e as crianças decidam se a situação deve se tornar permanente –, todos concordaram categoricamente que gostariam de formar uma família. Os três meninos se mudaram para o pequeno apartamento de dois quartos na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Os dois novos pais mantiveram seu quarto, e os três meninos ficaram com o outro, usando um triliche para maximizar o espaço.
“Cresci em uma família de classe média, com aulas de inglês e viagens para a Disney e para outros países”, disse Alexandre. “E não queria adotar até que estivéssemos prontos e pudéssemos oferecer a nossos filhos tudo o que tive quando era criança.” Alexandre é projetista, mas está desempregado há um ano, o que criou dúvidas se eles estavam preparados.
Mas Francisco teve uma criação completamente diferente: cresceu sob extrema pobreza até os sete anos de idade, quando passou a viver com uma tia e mais três primos. “Por conta de como fui criado, acho que o mais importante não é o que posso oferecer materialmente, o que mais importa é oferecer um lar com amor e estabilidade, ensinando os valores corretos”, afirmou.
Alexandre agora compartilha da mesma opinião – ou praticamente a mesma.
“Ainda gostaria de oferecer mais a eles. Mas essa é a realidade e me sinto feliz pelo que podemos oferecer um ao outro”, disse.
Conheci o casal em julho de 2016, quando contaram sua história em uma das reuniões a que compareci com meu marido, David Miranda: a última das quatro reuniões a que precisávamos comparecer para completar os requisitos de adoção. Os encontros aconteciam à noite em uma capela de uma igreja católica na Tijuca, onde mora a família.
Sentamos com aproximadamente 20 casais que pretendiam adotar crianças, quase todos pareciam apresentar – assim como nós – uma mistura de apreensão e entusiasmo. Uma das quatro sessões necessárias para sermos pais aptos à adoção envolvia ouvir a história de pais que adotaram crianças descrevendo suas experiências. Alexandre e Francisco regularmente se propõem a contar sua história nesses encontros.
Na metade da apresentação sobre suas novas vidas como pais, os três meninos entraram na sala – eles aguardavam no andar de cima enquanto brincavam com o avô, pai de Alexandre. Passaram pela plateia de futuros pais adotivos e se sentaram na frente do grupo, logo atrás de seus pais.
O mais surpreendente nessa família, junta há apenas um ano, é a completa normalidade. Da mesma forma que qualquer criança se sentiria, os meninos ficaram pouco confortáveis com a sala cheia de estranhos olhando para eles e, imediatamente, buscaram refúgio e proteção atrás de seus pais, literalmente escondendo o rosto.
Mas, à medida que a apresentação progredia, os três – respeitando seu próprio tempo, vagarosamente – começaram a relaxar. Aos poucos, mostraram os rostos, mesmo que ainda ancorados aos braços protetores de seus pais. Começaram por interromper graciosamente a apresentação de seus pais, pegando os microfones de forma travessa e fazendo graça um do outro. Os dois pais tentavam dar atenção às crianças, alternando entre suas falas e o esforço em controlar seu três filhos que estavam cada vez mais ousados e agitados, enquanto desfrutavam da atenção da sala repleta de pais.
Cinco pessoas que não se conheciam há cinco anos – com origens e experiências radicalmente diferentes – formaram rapidamente uma família que apresenta todos os traços que marcam qualquer outra. A força e a beleza desse vínculo eliminaram quaisquer dúvidas que ainda persistiam em nossas mentes sobre a empolgante, porém assustadora, possibilidade de adotar uma criança.
A família concordou em contar sua história para o The Intercept. Nossa equipe – eu, nossa repórter, Juliana Gonçalves, e nosso produtor de vídeo, Thiago Dezan – passou muitos dias junto com eles, em diversas situações, para que ficassem mais à vontade com a ideia de serem entrevistados e filmados, e para participarmos de todo o tipo de experiências com a família. A história deles, por si só, é fascinante, mas também possibilita o entendimento de uma grande variedade de problemas sociais.
No Brasil, é comum os pais adotivos enfrentarem diversos dilemas éticos que não haviam previsto ao iniciar o processo. O primeiro é a questão da preferência racial.
Além do racismo, existe alguma explicação razoável para que pais brancos especifiquem que somente desejam um filho branco, se sujeitando dessa forma a um tempo de espera muito mais prolongado, visto que a maioria das crianças elegíveis para adoção são negras?
Os psicólogos que supervisionam as sessões de orientação insistem na existência de um motivo que não é racista. Os pais adotivos não querem sobrecarregar seus filhos com ainda mais um obstáculo: o estigma constante de todo mundo saber, incluindo estranhos em público, que, por conta da diferença de cor, seus filhos são adotados. Essa explicação pressupõe que a criança sofrerá um estigma menor se for parecida com seus pais adotivos e, portanto, tomada como seu filho biológico.
Um dos primeiros conflitos de Alexandre e Francisco com o seu filho mais novo, Gabriel, algumas semanas após o processo de adoção estar finalizado, realçou essa preocupação. Os cinco estavam andando na rua, e Gabriel fez uma birra porque não lhe deram uma coisa que ele queria, uma reação comum para uma criança de 6 anos.
Cada vez mais zangado, Gabriel fugiu dos pais, e Francisco teve de correr atrás dele para pegá-lo, enquanto o garoto gritava pedindo socorro. Esse homem, com mais de 30 anos perseguindo e segurando um garotinho negro aos gritos, despertou a atenção e preocupação de pedestres e seguranças. “Foi constrangedor”, recorda Alexandre, “porque foi a primeira vez que isso aconteceu. Mas eu expliquei que o Gabriel era meu filho e a cena parou por ali.”
Alexandre e Francisco não se preocupam com esse estigma. “É verdade que as pessoas olham para nós em público, especialmente quando estou sozinho com eles”, diz Alexandre. “Mas é um olhar motivado por curiosidade, sem maldade, e não é difícil lidar com isso. Os meninos sabem que foram adotados e não encaram isso como estigma nem sentem vergonha, muito pelo contrário, já que aprenderam que a adoção é algo para se orgulhar e que somos uma família como qualquer outra”.
Seja como for, a questão racial permeia o processo de adoção desde o começo. A pergunta feita com mais frequência por possíveis pais adotivos em sessões de orientação é relativa ao tempo de duração do processo: em quanto tempo teremos nossa criança? A resposta é dada por assistentes sociais de forma prática, mascarando suas arrebatadores consequências. A mensagem é essa: “bem, depende de suas preferências; se você quiser uma criança plenamente saudável e branca, obviamente, terá de aguardar muito tempo, talvez anos. Mas se for mais flexível, se estiver aberto a uma criança não branca, mais velha ou que precise de tratamento médico, será muito mais rápido”.
O fato de crianças não brancas serem consideradas menos desejáveis, e portanto estarem em maior número, é informado de forma casual – como se fosse a coisa mais óbvia do mundo -, mas é um dado aterrorizante. O processo de adoção seria completamente inspirador, não fosse essa triste realidade: crianças brancas têm maior demanda e, portanto, são adotadas mais rapidamente. Por esse motivo, as preferências de raça e idade estão entre os fatores mais determinantes da duração do processo de adoção.
A questão da saúde também é complexa. Por vezes, as crianças com deficiências que precisam de sérios cuidados médicos são oferecidas para adoção porque os pais não conseguem tomar conta delas, o que significa que muitas das crianças elegíveis têm cegueira, paralisia, Síndrome de Down ou condições cardíacas graves que encurtam muito a sua expectativa de vida. Outras sofrem de condições menos graves, mas ainda assim crônicas e que precisam de atenção médica, como a síndrome do alcoolismo fetal, HIV ou asma.
Ter de decidir quais os limites para sua capacidade de lidar com uma doença ou condição médica pode se tornar um tormento para os pais adotivos. “A gente sonha sobre como serão nossos filhos”, explica Francisco, “mas, por outro lado, não quer sentir como se estivesse exigindo um espécime fisicamente perfeito. Todos nós temos fragilidades e imperfeições, faz parte de sermos humanos”.
Além disso, acrescenta Alexandre, “parte da nossa motivação para ter filhos foi a felicidade que eles trariam às nossas vidas, mas uma grande parte foi também dar um lar a uma criança abandonada. Por esse motivo, não quisemos ficar limitados às crianças que seriam facilmente adotadas”. Por fim, eles decidiram aceitar crianças com doenças crônicas.
Pode ser ainda mais difícil lidar com questões de gênero e, no caso de casais do mesmo sexo, de orientação sexual. O filho mais novo do casal, Gabriel, passou anos em um abrigo mal gerenciado e com verba insuficiente, uma realidade apenas um pouco melhor do que viver na rua. Era frequente crianças sem abrigo entrarem no centro sem autorização e, por isso, as crianças residentes conviviam com grupos de desabrigados. Assim, as crianças se viram desde muito cedo imersas em uma cultura muito patriarcal e machista como forma de sobrevivência. E nenhum membro da família ou parentes distantes visitava os meninos para oferecer uma influência compensatória.
De início, ambos os pais se preocupavam com as atitudes que Gabriel e seus irmãos teriam com relação a casais do mesmo sexo e mulheres. Por isso, priorizaram a educação dirigida às atitudes sociais. Alexandre comprou livros destinados a ensinar às crianças que os gêneros são iguais e que é errado discriminar com base na orientação sexual. “Eu corrigia de imediato qualquer expressão discriminatória que eles tivessem interiorizado”, afirma Alexandre, “e hoje eles veem esses assuntos sob uma perspectiva completamente diferente”.
Na primeira semana juntos, quando explicaram a um dos garotos que Alexandre e Francisco eram casados, ele perguntou se isso era permitido. Com a resposta afirmativa, os meninos mencionaram uma novela famosa de horário nobre que incluía um polêmico casal do mesmo sexo. “O fato de esse casal entrar na novela normalizou a situação aos olhos dos meninos”, afirma Francisco, “e mostrou que é uma realidade comum. Depois desse episódio, é natural para eles terem dois pais”.
A questão da idade apresenta ainda mais dificuldades. Psicólogos infantis debatem vigorosamente a idade em que se conclui a formação emocional e psicológica da criança, tornando-a então imune a maiores influências. Alguns acreditam que isso ocorra até 2 ou 3 anos de idade, outros creem que esse processo nunca termina.
Alexandre e Francisco não tinham dúvidas de sua capacidade de criar meninos pré-adolescentes, e o tempo parece confirmar essa crença. “Esses três meninos são seres humanos completamente diferentes do que quando os conhecemos há um ano”, conta Alexandre. “Mesmo como adulto continuo a ser moldado e alterado pelas minhas experiências e influências. É claro que mesmo crianças mais velhas estão extremamente abertas a influências.”
Talvez o mais complicado dilema ético seja como conduzir a “busca” por um filho. A pergunta que um pai adotivo em potencial deve se fazer é quase impossível de se responder: “continuo a ver crianças até encontrar a ‘certa’ – rejeitando assim crianças que venha a conhecer durante a busca – ou me comprometo a adotar a primeira que se encaixar em minhas preferências demográficas?”.
Crianças em abrigos com mais de 3 ou 4 anos de idade sabem que estão esperando serem adotadas, e estão esperançosas de que isso aconteça. Quando pais em potencial fazem uma visita, muitas delas tentam ser simpáticas na esperança de serem escolhidas, não muito diferente de uma entrevista de emprego. Pais que rejeitam uma criança nessas circunstâncias sabem que estão passando à criança o conhecimento de que foram rejeitadas, e sabem que estão as colocando em uma posição em que podem nunca ser adotadas. Ambas as partes levam dessa interação um fardo psicológico pesado.
A outra opção – comprometer-se antecipadamente a adotar a primeira criança que conhecer independentemente da compatibilidade – pode apresentar sérios desafios. Nem todos os pais estão preparados para oferecer a sua criança adotiva o suporte emocional e psicológico que ela precisa. A compatibilidade pode ser fundamental para determinar se o relacionamento vai funcionar.
“Em nosso caso”, lembra Alexandre, “isso acabou não sendo um problema porque sabíamos, assim que conhecemos o Gabriel, que ele era nosso filho. E pensamos o mesmo quando conhecemos os dois irmãos”. Francisco acrescentou: “isso não quer dizer que foi totalmente fácil. Mas, de alguma forma, quando os encontramos, e eles nos encontraram, sabíamos que era para ser assim”.
Não há dúvidas de que o processo de adoção apresenta desafios únicos. Mas, no final das contas, o processo de adoção lembra muito o processo de ter filhos biológicos. Quem tem filhos biológicos também enfrenta inúmeras incertezas e fatores completamente fora de seu controle. De fato, pais adotivos têm mais informações antecipadas do que pais biológicos, de certa forma. Mas, em ambos os casos, a beleza e a força de uma relação entre pai e filha(o) mora no desconhecido. As possibilidades humanas sempre residem aí: no âmbito do que não podemos controlar e, consequentemente, limitar.
Em seu livro de 2016, Love That Boy (Amo esse Menino), o jornalista político Ron Fournier descreveu seus sonhos e projetos para seu filho ainda não nascido, mas descobriu que o autismo havia feito de seu filho uma pessoa completamente diferente daquela para quem havia feito planos. O testemunho de Fournier sobre como acabou por amar seu filho da sua própria forma, pelo que ele é e por seus atributos únicos, evidencia uma lição fundamental que vai muito além de ser pai: uma vez livre de suas próprias expectativas e apegos, novas e ainda mais poderosas possibilidades são descobertas.
O aspecto mais inspirador e poderoso da família formada por Alexandre, Francisco e seus três meninos é a alta improbabilidade de ela se encontrar. Os obstáculos aparentemente insuperáveis que se esperaria enfrentar que, no final das contas, não foram páreo para os laços humanos que eles formaram. Todos esses obstáculos e diferenças – socioeconômicas, raciais, culturais, psicológicas – parecem triviais quando comparadas à estrutura baseada no amor e no apoio que esses cinco seres humanos resolveram formar. Observá-la e compreendê-la dá demonstrações fundamentais, e universais, sobre como seres humanos são verdadeiramente capazes de interagir entre si.
Pablo, agora com 11 anos de idade, escreveu uma história para um dever de casa sobre um pedido que fez quando jogou uma moeda em uma fonte. Ele disse: “meu sonho se tornou realidade: pedi uma família que nunca me deixasse”. Seu pai Francisco explicou de forma simples: “se alguém acha que nós, dois homens, não podemos cuidar dessas crianças, e que não vivemos bem em nossa casa, venham aqui nos conhecer”.
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