Brasília - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o presidente Michel Temer durante cerimônia de assinatura da medida provisória do Programa de Manutenção e Geração de Empregos (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Planalto assume o risco de perder mais um ministro e permite volta de Eliseu Padilha

Implicado em delações da Odebrecht, ministro é considerado pelo Planalto o único capaz de fazer interlocução com o Congresso para aprovação de reformas.

Brasília - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o presidente Michel Temer durante cerimônia de assinatura da medida provisória do Programa de Manutenção e Geração de Empregos (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Após ficar 21 dias afastado do governo por conta de uma cirurgia, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) retornou ao trabalho nesta segunda-feira, 13, às vésperas de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviar ao STF uma nova lista com pedidos de investigação contra políticos, entre eles o próprio Padilha.

Padilha vem sofrendo desgastes após José Yunes, ex-assessor presidencial e amigo de Temer, afirmar que recebeu um pacote misterioso a pedido de Padilha. Segundo Yunes, o ministro da Casa Civil o teria usado como “mula”. A suspeita é que dentro do envelope misterioso havia dinheiro de propina. Conforme se ateve em The Intercept Brasil o colunista João Filho, este é o primeiro caso do “escândalo sem nome”.

Abaixo o trecho da fala de Yunes sobre o pacote misterioso em entrevista à revista Veja:

“Ele deixou o documento e foi embora. Não era um pacote grande. Mas não me lembro. Foi tudo tão rápido. Parecia um documento com um pouco mais de espessura. Mas não dava para saber o que tinha ali dentro. (…) Depois disso, fui almoçar. Aí, veio a outra pessoa e levou o documento que estava com a minha secretária.”

Além disso, o ex-funcionário da Odebrecht José Carvalho Filho disse, em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral na última sexta-feira, 11, que negociou, em 2014, diretamente com o Eliseu Padilha, o repasse de R$ 4 milhões da empreiteira. No que contou Carvalho, o dinheiro em espécie seria entregue em parcelas em endereços indicados pelo ministro. Ao todo, seriam R$ 10 milhões ao PMDB.

Por meio de nota divulgada no último sábado, a assessoria de Padilha disse que o ministro estava em repouso e não iria se pronunciar sobre as acusações de Carvalho. Após reunião com Temer na tarde desta segunda-feira, Padilha reafirmou o voto de silêncio e disse que não irá comentar as citações a seu nome.

Reformas em jogo

No Planalto a avaliação até a semana passada era que o ministro da Casa Civil não retornaria ao cargo para não desgastar mais ainda a imagem do governo. Apesar disso, com as reformas em discussão no Congresso Nacional (Previdência e Trabalhista) no Planalto a avaliação é que o nome de Padilha seria o único com possibilidade de interlocução junto ao Congresso. Ele possui bom trânsito entre os parlamentares e é visto como elo para garantir a aprovação das reformas.

Na iminência de o conteúdo das delações de executivos e ex-executivos da da Odebrecht vir a público, Temer assume o risco de continuar com Padilha ao seu lado. Caso o caldo entorne para o lado do ministro, e Janot já sinalizou que pedirá abertura de inquérito contra ele, a situação de Padilha pode ficar insustentável no governo, acarretando em mais uma demissão que irá desgastar a frágil popularidade de Temer. Desde que assumiu o poder, Temer já perdeu oito ministros.

Desejando a aprovação das reformas, Temer prefere assumir um risco alto com a manutenção de Padilha como ministro. Num governo apressado, qualquer ajudinha contribui para sobrevivência política e ajuda a ganhar tempo.

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