Com apenas 4% de aprovação, Michel Temer enfrenta nesta sexta-feira, dia 28, a insatisfação popular contra o seu governo e suas reformas que representam o maior retrocesso de direitos em gerações. A greve geral convocada por nove centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo atinge o transporte público, os aeroportos, bancos, escolas e comércio. Manifestações acontecem nas principais cidades do país.
Em São Paulo, trens, metrô e ônibus pararam, assim como escolas e bancos. A circulação de transporte público também foi suspensa em Salvador. O bloqueio de estradas também acontece em todo o país. No Rio de Janeiro, vias como a Linha Vermelha e a Ponte Rio-Niterói foram bloqueadas por manifestantes.
Em Brasília, protestos também marcaram a manhã. Na quinta, 27, homens da Força Nacional estocaram bombas e outros artefatos de contenção de multidões no pátio do Ministério da Justiça.
Além de se preparar para o confronto, Michel Temer prometeu cortar o ponto dos funcionários públicos que faltarem o trabalho para participar das manifestações. O governo se baseia na decisão do Supremo Tribunal Federal de outubro de 2016, a qual estabeleceu que o poder público deve cortar os salários de servidores em paralisação. No entanto, durante a semana, o Ministério Público do Trabalho, divulgou uma nota assinada pelo procurador geral do trabalho, Roberto Fleury, legitimando a greve geral e lembrando que se trata de um direito do trabalhador.
Quem também ameaçou cortar o ponto funcionários públicos foi o prefeito de São Paulo. João Doria chegou a fazer campanha para que os servidores não aderissem ao movimento e ofereceu serviço de uber e táxi para todos, o que acabou fracassando com o vazamento da planilha da prefeitura. Em 2013, o político apoiou a greve contra Dilma Rousseff, mas em seu discurso atual, diz que o movimento grevista não é justo.
O mesmo movimento se observa no Jornal Nacional, que antecipadamente destacava os protestos contra o governo Dilma, ignorou a greve na transmissão de ontem e foi criticado nas redes. E o maior telejornal do país não está sozinho. Um levantamento feito pelo Repórter Brasil mostra que cobertura da Reforma da Previdência feito pela mídia tradicional é esmagadoramente a favor da proposta. O espaço para cobertura positiva sobre o plano do governo é amplo chegando a 91% na TV Globo, 90% no jornal O Globo, 87% no Estado de São Paulo, 83% na Folha de São Paulo e 62% no Jornal da Record. Ainda assim, milhares de manifestantes estão nas ruas nesta sexta-feira.
Você sabia que...
O Intercept é quase inteiramente movido por seus leitores?
E quase todo esse financiamento vem de doadores mensais?
Isso nos torna completamente diferentes de todas as outras redações que você conhece. O apoio de pessoas como você nos dá a independência de que precisamos para investigar qualquer pessoa, em qualquer lugar, sem medo e sem rabo preso.
E o resultado? Centenas de investigações importantes que mudam a sociedade e as leis e impedem que abusadores poderosos continuem impunes. Impacto que chama!
O Intercept é pequeno, mas poderoso. No entanto, o número de apoiadores mensais caiu 15% este ano e isso está ameaçando nossa capacidade de fazer o trabalho importante que você espera – como o que você acabou de ler.
Precisamos de 1.000 novos doadores mensais até o final do mês para manter nossa operação sustentável.
Podemos contar com você por R$ 20 por mês?