Firefighters work to extinguish a truck allegedly set on fire by drug traffickers in Rio de Janeiro, Brazil, Tuesday, May 2, 2017. Several public buses were torched in Rio de Janeiro on Tuesday in what Brazilian military police said was likely gang retaliation for a large anti-drug operation. (AP Photo/Silvia Izquierdo)

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Rio de Janeiro toma conhecimento da guerra na Cidade Alta após cinco meses de confronto

Tensão em comunidade é finalmente noticiada ao atrapalhar o trânsito da cidade.

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O Rio de Janeiro começou o dia pegando fogo – literalmente. Foram oito ônibus e dois caminhões queimados. As principais vias expressas da cidade foram interditadas, causando quilômetros de congestionamento e deixando 3 mil crianças sem aula, além de saques e arrastões. A cidade entrou em estágio de atenção às 10h50 da manhã por conta das complicações no trânsito.

O clima tenso retratado ao vivo hoje faz parte do cotidiano dos moradores da comunidade da Cidade Alta, em Cordovil, Zona Norte do Rio de Janeiro – a origem de todo o conflito –, mas só hoje a situação chegou ao conhecimento de todos. Desde novembro do ano passado, as facções Terceiro Comando Puro e Comando Vermelho disputam o controle da região.

Relatos de moradores dão conta de que o confronto que parou parte da cidade teve início por volta das 2h da manhã, quando, com a ajuda de traficantes de outras comunidades, homens do Comando Vermelho tentaram retomar seu antigo território. O reforço teria partido de pelo menos outras sete comunidades dominadas pela facção, afirmou segundo o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, em coletiva de imprensa às 16h – cinco horas depois de a cidade entrar em estágio de atenção.

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Foto: Reprodução Whatsapp

A ação, segundo o Chefe da Polícia Civil, Carlos Leba, na mesma coletiva,foi orquestrada da cadeia por chefes do Comando Vermelho e executada por homens que estiveram presos recentemente.

“Em dois fins de semana, o TCP ocupou a Cidade Alta perto das festas de fim de ano. Desde então, o CV vem tentando voltar. Com a ajuda de outras favelas, hoje foi o confronto mais pesado até agora. Foram muitas bombas e tiros de diferentes calibres. O tiroteio aconteceu a madrugada toda. A gente está trancado dentro de casa”, conta um dos moradores entrevistados por The Intercept Brasil que, por segurança, não serão identificados..

Várias pessoas não conseguiram sair para o trabalho. “Eram muitas bombas e tiros. Começamos a receber mensagens de amigos que estavam deitados no chão, se escondendo na cozinha, para tentar se proteger. De manhã, já fui falando com outras pessoas que saem cedo que nem, eu e ninguém tinha ido pro trabalho”, contou outro morador.

Ao longo do dia, vários outros moradores se manifestaram a respeito do confronto nas redes sociais.

O peso do confronto se reflete nos números da operação policial que aconteceu nesta manhã para tentar controlar a guerra na comunidade. Segundo o divulgado pela PMERJ, 45 pessoas foram presas, 32 fuzis apreendidos– todos do CV –, 11 granadas e 4 pistolas. Números que que só se comparam aos de países em guerra e demonstram o poder de fogo do tráfico carioca.

Na coletiva da cúpula do Estado, o secretário de segurança afirmou que “foi evitado um banho de sangue”. E, ao ser questionado sobre uma possível falha na inteligência, ressaltou os números da operação. De acordo com Sá, nunca houve uma apreensão tão grande de armas em uma operação. E, segundo ele, não há como evitar a comunicação entre os traficantes.

Cidade Alta

A Cidade Alta  fica entre rodovias que ligam o Rio a outros estados, como a Washington Luiz (Minas Gerais) e a Via Dutra (São Paulo),  além das principais vias de ligação da cidade: a Avenida Brasil, que liga o centro a Zona Oeste e corta a Zona Norte da cidade, e a Linha Vermelha, principal via de acesso ao Aeroporto internacional Tom Jobim. A localização estratégica é uma das principais razões de disputa pela Cidade Alta.

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A cidade saiu do estágio de atenção no início da noite. O dia terminou com dois traficantes mortos e três policiais feridos. Moradores entrevistados por The Intercept Brasil acreditam que as prisões de hoje não serão suficientes para dar fim à disputa. “Ficamos um tempo sem confrontos, mas sempre com medo de algo acontecer. Eles não vão parar”, relata moradora.

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