Presidente em Exercício Michel Temer, durante almoço com o Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e os Líderes dos partidos na Câmara, na residência oficial da Câmara dos Deputados.(Brasília - DF, 22/08/2016)Foto: Beto Barata/PR

:batedor: FALTA POUCO TEMPO :batedor:

O Intercept revela os segredos dos mais poderosos do Brasil.

Você vai fazer sua parte para que nosso jornalismo independente não pare?

Garanta que vamos bater nossa meta urgente de R$500 mil
até o dia 31 à meia-noite.

Faça uma doação de R$ 20 hoje!

QUERO DOAR

:batedor: FALTA POUCO TEMPO :batedor:

O Intercept revela os segredos dos mais poderosos do Brasil.

Você vai fazer sua parte para que nosso jornalismo independente não pare?

Garanta que vamos bater nossa meta urgente de R$500 mil
até o dia 31 à meia-noite.

Faça uma doação de R$ 20 hoje!

QUERO DOAR

Por trás da guerra entre Globo e Record

Nova guerra entre os dois conglomerados de mídia vai muito além da disputa pela audiência

Presidente em Exercício Michel Temer, durante almoço com o Presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e os Líderes dos partidos na Câmara, na residência oficial da Câmara dos Deputados.(Brasília - DF, 22/08/2016)Foto: Beto Barata/PR

Historicamente, Globo e Record sempre usaram o jornalismo para desferir ataques entre si. A Globo mexia nos podres de Edir Macedo e, na semana seguinte, a Record tirava os esqueletos dos Marinho do armário. Depois de um período de trégua, a Record voltou a atacar a Rede Globo. Agora não se trata meramente de uma briga comercial, mas política. De um lado, temos o grupo de comunicação mais poderoso do país trabalhando nos bastidores ao lado de Rodrigo Maia para, mais uma vez, derrubar um presidente que ajudou a colocar no poder. Do outro, temos o conglomerado de comunicação do bilionário bispo Edir Macedo que, afinado com Aécio Neves, ataca a Globo tentando proteger Michel Temer

As empresas e os personagens citados acima foram protagonistas no processo que levou à derrubada da presidenta eleita no ano passado. Sacramentado o golpe, não houve final feliz. Diferente do que se imaginava, a economia não se recuperou, as notícias de corrupção envolvendo o governo aumentaram e a popularidade de Temer não parou de despencar. Toda essa tensão causou um racha no antes coeso bonde do golpe, que ficou dividido entre duas facções.

Em maio, as organizações Globo anunciaram o abandono do barco de Temer ao pedir sua renúncia em editorial. Desgastado pelas revelações do amigo falastrão Joesley, Temer talvez não fosse mais tão fundamental para aprovação das reformas, a grande prioridade do Grupo Globo. Apenas três dias após a declaração de guerra feita no editorial, Temer mandou seu braço direito Moreira Franco  conhecido por ser discreto publicamente, mas uma salamandra escorregadia nos bastidores tentar uma trégua com João Roberto Marinho.

Parece jornalismo, mas, para mim, soa como trombetas anunciando a chegada do cavalo de Troia do cavalo de Troia ou, como ficou conhecido popularmente, o golpe dentro do golpe.

O conteúdo completo da conversa não foi revelado, mas o que se sabe é que não houve hasteamento de bandeira branca. Moreira ouviu de Marinho que a Globo “irá continuar a fazer jornalismo”. Parece jornalismo, mas, para mim, soa como trombetas anunciando a chegada do cavalo de Troia do cavalo de Troia ou, como ficou conhecido popularmente, o golpe dentro do golpe.

Fracassado o armistício, o governo passou a “ordenar a execução de eventuais dívidas da emissora com a União, de impostos e de financiamentos no BNDES” , segundo o O Dia jornal alinhado a Crivella (PRB), aliado de Michel Temer. Um enfrentamento pelo qual a emissora, que nasceu e cresceu com paparicos do Estado, nunca havia passado em nenhum outro governo.

De lá pra cá, a Globo vem aumentando a artilharia para cima do governo, poupando-o apenas quando o assunto é reforma. Isso ficou bastante claro na batalha das perícias e na crescente cobertura negativa que constrangem o presidente que, até pouco tempo, desfilava com tranquilidade pelo tapete vermelho estendido pela empresa. Acabou a lua de mel, começou a guerra.

No último dia 9, um repórter da Folha seguiu Rodrigo Maia, que saiu de uma curtíssima reunião com Temer e foi para local desconhecido em carro descaracterizado. O relato do jornal dá ares mafiosos à reunião:

Enquanto a reunião de Maia com Temer durou menos de uma hora, o encontro secreto com a Globo durou pelo menos cinco. Parece que havia muito mais assunto para tratar com a emissora do que com o seu presidente. À noite, naquele mesmo dia, Maia reuniu aliados em sua casa para não é piada!  tomar sopa e comer pizza. Durante o jantar, o presidente da Câmara contou aos convidados que havia conversado com “gente importante” e, segundo a Folha, “vaticinou o fim do atual governo”.

Mas se as relações do governo com a Globo desandaram, as com a Record vão muito bem, obrigado.

Mas se as relações do governo com a Globo desandaram, com a Record elas vão muito bem, obrigado. Isso ficou claro nas conversas nada republicanas grampeadas pela Polícia Federal entre Aécio Neves, Moreira Franco e Douglas Tavolaro biógrafo de Edir Macedo e vice-presidente de jornalismo do grupo.

O então presidente do PSDB, que já não contava mais com a costumeira blindagem global, aparece nos diálogos como o principal articulador de uma negociação que buscava atender antigas demandas da emissora na obtenção de um patrocínio da Caixa Econômica Federal em troca de uma entrevista com Temer. O negócio havia sido vetado pela área técnica do banco. Nas conversas, Aécio e Moreira garantiram ao biógrafo de Edir Macedo que o problema seria sanado, tudo com o aval de Michel Temer.

Edir Macedo não controla apenas a Igreja Universal e a Record, mas também o PRB, importante partido da base governista, que conta com 23 deputados e um ministro. Criado em 2005, o PRB é governista desde a origem e apoiou os governos Lula e Dilma, que também contaram com a benevolência jornalística da emissora do bispo durante um bom tempo. Apesar disso, o PRB foi o primeiro a abandonar o governo Dilma e a pular na barca do golpe de Temer e Cunha, mostrando a essência governista do partido.

 

Cenas dos próximos capítulos

Em reportagem exibida no Domingo Espetacular no último domingo, o jornalista Luiz Azenha, ex-Globo e atualmente na Record, apresentou uma série de denúncias contra a empresa dos Marinho: participação em um esquema de sonegação fiscal bilionária, criação de empresas de fachada no exterior e fraude na aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. A maior parte dessas denúncias não é inédita e já havia sido publicada há muito tempo no Viomundo, site de Azenha, que nunca foi processado pela Globo por divulgar as informações que a incriminam. A novidade é o fato da Record decidir publicar as denúncias apenas agora e transmiti-las na televisão em rede nacional.

A reportagem lembra também do potencial explosivo que uma delação de Palocci pode ter contra a Globo. A informação bate com outras que já vinham circulando e que apontavam que o ex-ministro dos governos Lula e Dilma poderia revelar segredos sobre “questões fiscais” do grupo. Azenha afirma que os advogados de Palocci já revelaram o teor da delação contra a Globo para integrantes do Ministério Público e que integrantes da Lava Jato denunciam estar sendo pressionados para não aceitar a delação de Palocci sobre as falcatruas da empresa dos Marinho. Curiosamente, a revista Época e o jornal Valor Econômico, ambos da Globo, já publicaram matérias colocando dúvidas em torno da delação de Palocci.

Logo no dia seguinte à reportagem da Record, Mônica Bergamo publicou uma nota na Folha que mostra que a Globo não está mesmo para brincadeiras:

Vamos aguardar os próximos capítulos dessa trama. O enredo é ruim como o de uma novela da Record, porém a atuação dos atores tem o padrão Globo de qualidade. Não há mocinhos, apenas vilões. Quanto mais podres dos dois lados dessa versão tropical de Game of Thrones vierem à tona, melhor para o Brasil.

 

JÁ ESTÁ ACONTECENDO

Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.

Você está pronto para combater a máquina bilionária da extrema direita ao nosso lado? Faça uma doação hoje mesmo.

Apoie o Intercept Hoje

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar