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VÍDEO: “Meu filho perguntou se era o fim do mundo.” Jacarezinho pede paz depois de semana de tiros.

Moradores sofrem em meio a intensos tiroteios depois que policial foi morto em operação na sexta (11); outras quatro pessoas foram mortas desde então.

VÍDEO: “Meu filho perguntou se era o fim do mundo.” Jacarezinho pede paz depois de semana de tiros.

Depois de quatro dias de operações policiais superficialmente cobertas pela mídia, na terça (15), fomos ao Jacarezinho para ver, com nossos próprios olhos, o que acontecia. Horas antes, Sebastião Sabino da Silva, de 46 anos, havia sido morto pela manhã, perto da banca de verduras da família, durante uma investida da Polícia Civil contra a favela.

O Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é uma das maiores da cidade e tem um dos menores índices de desenvolvimento humano.  A poucos metros da entrada principal, está instalada a Cidade da Polícia, complexo que abriga diversas divisões da polícia Civil do Rio de Janeiro, inclusive o CORE. Na última sexta (11),  um policial dessa divisão foi morto durante uma operação na comunidade, dando início à série de investidas contra a favela.

Quando chegamos, por volta das 21h, os moradores, cansados de noites de muito tiro e pouco sono, se organizavam para protestar contra as operações.

As pessoas tentam se esconder como podem – os tiroteios não têm hora ou lugar marcados.

A manifestação se concentrava em frente à Cidade da Polícia, quando bombas de gás foram lançadas de dentro do complexo. Os moradores resolveram então caminhar, pedindo a paz, pelas ruas da comunidade. Tivemos a honra de acompanhar a caminhada, que pode ser vista acima, no vídeo que produzimos.

A vida no Jacarezinho não é fácil. Ali vivem pessoas que saem de casa para trabalhar antes do sol nascer e voltam, cansadas, em ônibus e trens lotados. A coleta de lixo é insuficiente. Não há oferta de atividades sociais e de entretenimento – o Centro de Referência da Juventude, único serviço social que o Estado oferecia, foi ocupado pela UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

Quando a polícia realiza operações, escolas e clínicas fecham as portas. As pessoas tentam se esconder como podem – os tiroteios não têm hora ou lugar marcados.

Apesar dos problemas, o povo do Jacarezinho resiste. Há esperança, afinal. Quando uma manifestação exigindo paz percorre uma favela sitiada e ocupada pela polícia e termina sem nenhuma ocorrência de violência, há motivo para muita comemoração.

Depois de cinco noites sem poder dormir, a favela finalmente teve um breve período de trégua. No dia seguinte, porém, os tiroteios voltaram a ocorrer, e mais dois moradores foram mortos.

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