O racismo da Polícia Militar paulista ficou escancarado nesta terça (22), depois de o comandante da Rota dar a entender que seus homens devem tratar pessoas de formas diferentes conforme o bairro em que estiverem atuando. “É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá”, disse o tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo. “Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins, ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, afirmou, em entrevista ao “UOL”.
O tenente-coronel falou de “regiões da cidade” que estão diretamente ligadas a questões econômicas e raciais. A população negra de São Paulo tem uma renda domiciliar 2,5 vezes menor do que a dos brancos, e se concentra na periferia. Em distritos como Parelheiros, chega representar quase 60% dos moradores, enquanto em bairros “nobres”, como Pinheiros, é de 7,3%. Traduzindo: para o comandante da Rota, a abordagem deve ser diferente de acordo com o dinheiro e a cor da pele.
Os resultados desse modus operandi racista são claros: 67% dos presos do país são negros. Cerca de um terço responde por tráfico de drogas, um crime que, com a aprovação da lei antidrogas, em 2006, passou a depender da boa ou da má vontade dos policiais. Jovem, branco, com baseado nos Jardins é usuário. Jovem, negro, com baseado em Parelheiros é traficante. Diante disso, e da situação calamitosa do sistema prisional brasileiro, uma boa sugestão para nossas PMs seria homogeneizar a abordagem. Padrão Jardins para todo mundo.
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