Ex-procurador Marcelo Miller, do MPF, que teria sido citado em áudios da JBS.

Ex-procurador Marcello Miller atuou por fim de ocupação de alunos do Colégio Pedro II, no Rio

Ministério Público entrou com ação contra a União e a escola alegando que poderiam ter usado força policial.

Ex-procurador Marcelo Miller, do MPF, que teria sido citado em áudios da JBS.

Antes de deixar o Ministério Público Federal (MPF), em abril deste ano, para integrar a equipe do escritório de advocacia Trench, Rossi & Watanabe, responsável pelas negociações dos termos do acordo de leniência da JBS, o então procurador Marcello Miller atuou, em 2016, para a retirada de alunos que ocupavam o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Os estudantes pediam melhorias na educação e protestavam contra a reforma do ensino médio e a PEC do Teto dos Gastos Públicos.

O ex-procurador, que ingressou no MPF em 2004, está novamente no centro das atenções após a divulgação de que entre as quatro horas de áudios gravadas pelos executivos da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud haveria trechos que comprometeriam Miller. Nesta segunda (4), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, convocou entrevista coletiva para anunciar que vai investigar  a omissão de informações no processo de negociação para o acordo de delação do caso. Os áudios agora estão nas mãos do ministro Edson Fachin, do STF.

“Minoria arbitrária e violenta”

A ação envolvendo a ocupação dos estudantes foi movida por Marcello Miller e pelo procurador Fabio Aragão contra a União e o Colégio Pedro II no ano passado, mas foi encerrado apenas em junho deste ano – já com Miller fora do MPF -, com um acordo entre as partes. A atuação do MPF foi marcada por duras considerações em relação ao movimento ao longo do processo.

Os procuradores pediram inicialmente a desocupação de todos os campi do Pedro II alegando que “o ato de ocupação das escolas, além de vilipendiar o uso de bens públicos, causa dano aos milhares de estudantes que desejam estudar, mas têm seus direitos negados pela conduta de uma minoria arbitrária e violenta”.  

Também de acordo com o MPF, “a União e o Colégio Pedro II não adotaram as providências cabíveis para pôr fim à ocupação, tais como o uso de força policial, independente de ordem judicial, para a retomada dos bens públicos invadidos, como lhes caberia”.

No processo, que tramitou na 17ª Vara Federal do Rio, os procuradores chegaram a pedir por duas vezes a tutela antecipada, ou seja, a retirada imediata dos estudantes, o que foi negado pela Justiça. O MPF também não conseguiu que os autos permanecessem sob sigilo judicial.

“Azul é a cor mais quente”

O Ministério Público fez outro pedido inusitado. Como motivo para a desocupação imediata dos campi, alegou-se que estava prevista a apresentação nas escolas ocupadas do filme “Azul é a cor mais quente”, de “conteúdo pornográfico”.

A ocupação do Pedro II durou 68 dias e foi encerrada em janeiro deste ano. Com a participação da reitoria da escola e de representantes de pais de alunos, o processo na 17ª Vara Federal, porém, só foi encerrado em 23 de junho, após acordo entre as partes, que incluiu o comprometimento da reitoria do colégio em apurar eventuais danos que possam ter sido causados durante o protesto.

Marcello Miller deixou o MPF em abril passado para atuar no Trench, Rossi & Watanabe, mas sua incursão na advocacia privada não durou muito tempo. Após as notícias envolvendo a atuação do escritório no acordo de leniência da JBS, ele saiu da firma, da qual já tinha até se tornado sócio.

🚨 O QUE ENFRENTAMOS AGORA 🚨

O Intercept está vigiando manobras eleitorais inéditas da extrema direita brasileira. 

Os golpistas estão de cara nova, com seus ternos e sapatênis. Eles aprenderam estratégias sofisticadas de marketing digital para dominar a internet, que estão testando agora nas eleições municipais.

O objetivo final? Dominar bases de poder locais para tomar a presidência e o congresso em 2026. 

Não se deixe enganar: Bolsonaro era fichinha perto dos fascistas de sapatênis…

O Intercept não pode poupar esforços para investigar e expor os esquemas que colocam em risco nossos direitos e nossa democracia.

Já revelamos as mensagens secretas de Moro na Lava Jato. Mostramos como certas empresas e outros jornais obrigavam seus trabalhadores a apoiarem Bolsonaro. E expusemos como Pablo Marçal estava violando a lei eleitoral. 

Mas temos pouco tempo, e muito mais a revelar. Agora precisamos de recursos para colocar mais repórteres nas ruas. Para isso, precisamos de sua ajuda. Somos financiados por nossos leitores, não pelas empresas ricas que mandam em Brasília.

Faça parte do nosso time para causar o impacto eleitoral que você não verá em nenhum outro lugar! Faça uma doação de qualquer valor ao Intercept hoje mesmo! 

APOIE O INTERCEPT HOJE!

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar