O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes levou milhares de pessoas às ruas, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro e em várias outras cidades do Brasil e de outros países.
Mais de 50 mil manifestantes ocuparam as ruas do Centro do Rio de Janeiro em protesto. Revoltados e abalados, sob um sol escaldante, eles se reuniram desde cedo em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia, onde a 5a vereadora mais votada da cidade cumpria seu mandato. Ali permaneceram em vigília até tarde da noite.
Mais de 50 mil manifestantes ocuparam as ruas do Centro do Rio de Janeiro em protesto.
A manifestação começou com a chegada dos caixões das vítimas à Câmara e seguiu por 1 km até a Assembleia Legislativa. Dali, rumou para a Candelária e voltou à Cinelândia. O clima era de medo e preocupação, mas também havia uma clara determinação em fazer a tristeza se converter em coragem. Coros comovidos de “Marielle, presente!”, “Anderson, presente!”, “Por Marielle, eu digo ‘não’, eu digo ‘não’ à intervenção!” eram repetidos constantemente.
A ausência de policiamento foi notada ao longo do dia. Entre os presentes, a maioria compartilhava a hipótese de que, de uma forma ou outra, a polícia está por trás do assassinato.
Em entrevista à BBC, o coordenador criminal do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, José Maria Panoeir, afirmou que “a forma de organização do crime, o fato de a assessora não ter sido alvejada diretamente e o fato de o motorista ter levado um tiro por trás denota um certo grau de planejamento que leva a colocar policiais como suspeitos”.
Outras cerca de 50 mil pessoas também se reuniram em manifestações pelo Brasil:
- São Paulo (entre 3 e 5 mil)
- Sorocaba (100)
- Porto Alegre (3 mil)
- Brasília (400)
- Salvador (3 mil)
- Belo Horizonte (30 mil)
- Recife (sem estimativa dos organizadores)
- Natal (sem estimativa dos organizadores)
- Fortaleza (400)
- Belém (1.500)
- Manaus (200, segundo a imprensa local)
- Curitiba (2 mil)
- Florianópolis (sem estimativa dos organizadores)
- Juiz de Fora (700)
- Londrina (100)
- Campos dos Goytacazes (sem estimativa)
Também houve manifestações em Buenos Aires, Montevidéu, Nova York, Washington, Paris, Londres, Porto, Coimbra, Lisboa, Santiago e Bogotá.
Nesta sexta-feira, a perícia revelou que os cartuchos encontrados na cena do crime pertencem a um lote vendido para a Polícia Federal em 2006. Munições do mesmo lote foram utilizados na chacina que matou 17 mortos e deixou 7 feridos em Osasco, São Paulo, em agosto de 2015. Dois PMs e um Guarda Municipal foram condenados por esse crime.
No Rio, ninguém está disposto a deixar que a morte de Marielle fique sem respostas.
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