O governo federal sabia desde a quarta-feira da semana passada que os caminhoneiros iniciariam um movimento grevista em todo o Brasil. É o que mostra um ofício assinado pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, principal interlocutora dos grevistas com o Planalto. No documento, protocolado junto ao governo no dia 16 de maio, a CNTA pede uma audiência com a Presidência da República “em caráter emergencial” para tratar das pautas da categoria, sobretudo em relação ao preço do óleo diesel. E ameaça, caso não seja atendida, realizar “manifestações que podem se espalhar por todo o país, inclusive com data anunciada já para o próximo dia 21 de maio”.
O pedido de reunião emergencial dormiu nos escaninhos de Brasília. A assessoria de imprensa da CNTA disse que não recebeu resposta do governo. Ignorados, os caminhoneiros começaram a parar na data prometida.
O ofício foi dirigido ao presidente Michel Temer e aos ministros da Casa Civil, da Secretaria de Governo da Presidência, da Secretaria-Geral da Presidência, do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, do Ministério da Justiça e do Ministério do Trabalho. O documento foi carimbado pela Presidência da República com data do dia 15 de maio, errada, segundo a CNTA. Tentamos contato com todos os órgãos. Até agora, não obtivemos retornos.
A confederação pontua, no ofício, que a categoria vem sendo afligida “especialmente pelos sucessivos aumentos do preço do óleo diesel, pelo baixo valor dos fretes e pela insistente cobrança de pedágio sobre eixo suspenso”. Em sucessivos pronunciamentos entre a noite de ontem e esta sexta-feira, membros do alto escalão do governo ressaltaram que esses pontos foram negociados com a CNTA em troca da promessa do fim da greve.
No documento, a confederação ainda compara o momento atual a 2015, quando uma greve – que começou no dia 18 de fevereiro e durou cerca de duas semanas – parou estradas e causou problemas no abastecimento de gasolina e alimentos. A pauta central era a mesma: redução no preço do diesel. A CNTA diz ainda ter coletado informações em “120 sindicatos e postos de atendimento por todo o país” sobre os principais problemas da categoria que, se negociados, podem “evitar o desgaste sofrido pelo país no ano de 2015”. O governo só decidiu sentar à mesa com a entidade e demais representantes dos caminhoneiros depois que a paralisação havia começado.
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