O jornalismo destemido do Intercept só é independente graças aos milhares de leitores que fazem doações mensais. Mas perdemos centenas desses apoiadores este ano.

Nossa missão tem que continuar mesmo depois que o último voto for dado nesta eleição. Para manter nossa redação forte, precisamos de 1.000 novos doadores mensais este mês.

Você nos ajudará a revelar os segredos dos poderosos?

SEJA MEMBRO DO INTERCEPT

O jornalismo destemido do Intercept só é independente graças aos milhares de leitores que fazem doações mensais. Mas perdemos centenas desses apoiadores este ano.

Nossa missão tem que continuar mesmo depois que o último voto for dado nesta eleição. Para manter nossa redação forte, precisamos de 1.000 novos doadores mensais este mês.

Você nos ajudará a revelar os segredos dos poderosos?

SEJA MEMBRO DO INTERCEPT

80 tiros: Assista a vídeo com imagens exclusivas do carro fuzilado pelo Exército no Rio

Militares fuzilaram o carro de uma família e mataram um músico. Sem apurar os fatos, Exército cravou que os militares estavam reagindo a um "assalto em andamento".

80 tiros: Assista a vídeo com imagens exclusivas do carro fuzilado pelo Exército no Rio

“Ele tinha levado um tiro, aí os vizinhos começaram a socorrer. Eu ia voltar, mas eles continuaram atirando, e vieram com a arma em punho. Eu comecei a botar a mão na cabeça e falar “moço, socorro! É meu esposo”! Eles não fizeram nada. Ficaram de deboche! Meu deus!” O desabafo é de Luciana Nogueira, que há 27 anos dividia a vida com Evaldo Rosa, e que viu tudo acabar em meio a mais de 80 tiros disparados pela “mão amiga” do Exército, na tarde deste domingo. Luciana quase perdeu também o padrasto, que segue internado. Um homem que tentou socorrer a família também foi baleado.

O chão da Estrada do Camboatá, onde dois blindados do exército estavam posicionados, foi marcado por uma, duas, três, cinquenta, setenta marcas de tiros. No interior do carro é possível contar ao menos 11 tiros no banco do motorista. No lado do carona, outros seis.

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar

Antes das vítimas virem à tona dar sua versão dos fatos, o Exército cravou que os militares se depararam com um “assalto em andamento“. “Ao avistarem a patrulha, dois criminosos que estavam a bordo de um veículo atiraram contra os militares, que por sua vez responderam à injusta agressão”. A nota mentirosa das Forças Armadas não encontrou eco no que mostra a perícia: nenhuma arma foi encontrada com a família, que ia a um chá de bebê. O delegado que esteve na cena disse que “tudo indica” que os militares confundiram o carro. Em nota divulgada hoje, o Exército diz que emitiu seu primeiro parecer “com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha”. Ou seja, endossaram uma versão farsante dos soldados, sem checar o que de fato houve, e defenderam a versão sem apuração.

Hoje o Comando Militar do Leste informou que 10 dos 12 militares presentes na ação foram presos.

Quem vigia o vigia?

O fato de divulgarem uma nota com uma versão falsa dos fatos logo de início levanta preocupações também sobre as investigações, que ficarão a cargo do próprio Exército. Isso graças a uma lei (a 13.491) sancionada por Michel Temer em 2017 e que prevê que crimes cometidos por militares em serviço passam a ser julgados pela Justiça Militar. Até hoje, nenhum membro das Forças Armadas foi sentenciado por crimes contra civis.

E não é só. No fim de 2017 houve uma operação no Salgueiro, em São Gonçalo, conhecido como o caso dos sete mortos que ninguém matou. A operação da polícia civil e das Forças Armadas foi marcada por desencontro de informações, depoimentos conflitantes, vítimas que não haviam sido ouvidas mas que a imprensa achou (e ouviu). E é isso: até hoje, nada. As investigações – que estão a cargo do exército – não andam. O conjunto da obra fez com que a Defensoria Pública do Rio denunciasse o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Desde 2010, 32 civis foram mortos pelo Exército no Rio de Janeiro. Há ainda casos de mortes não registradas e nem investigadas. Nenhuma condenação e apenas um caso chegou de fato a julgamento na Justiça Militar: uma ação do Exército realizada em 2015, no Complexo da Maré. Na época, as Forças Armadas ocupavam a Maré há quase um ano, quando um carro com cinco jovens que voltavam de um bar após assistir um jogo do Flamengo foi, também, fuzilado. Todos ficaram feridos, inclusive um sargento da aeronáutica. Vitor Santiago ficou paraplégico.

Você sabia que...

O Intercept é quase inteiramente movido por seus leitores?

E quase todo esse financiamento vem de doadores mensais?

Isso nos torna completamente diferentes de todas as outras redações que você conhece. O apoio de pessoas como você nos dá a independência de que precisamos para investigar qualquer pessoa, em qualquer lugar, sem medo e sem rabo preso.

E o resultado? Centenas de investigações importantes que mudam a sociedade e as leis e impedem que abusadores poderosos continuem impunes. Impacto que chama!

O Intercept é pequeno, mas poderoso. No entanto, o número de apoiadores mensais caiu 15% este ano e isso está ameaçando nossa capacidade de fazer o trabalho importante que você espera – como o que você acabou de ler.

Precisamos de 1.000 novos doadores mensais até o final do mês para manter nossa operação sustentável.

Podemos contar com você por R$ 20 por mês?

APOIE O INTERCEPT

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar