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Trump fez uma piada racista em uma mega-igreja em Phoenix – e plateia veio abaixo

Ao chamar a covid-19 de "kung flu", Trump reacendeu o discurso racista que tenta culpar a China pelo vírus que ele próprio subestimou.

Jovens republicanos aplaudiram quando o presidente Donald Trump chegou para um comício na Igreja Dream City, em Phoenix, no Arizona, na terça-feira.

A crise do coronavírus

Parte 134


Vendo de casa, no início era difícil dizer qual foi o momento mais feio do comício de Donald Trump em uma mega-igreja de Phoenix, na terça. Foi quando o presidente dos Estados Unidos repetiu uma piada racista que contou no fim de semana em Tulsa, chamando a covid-19, que surgiu na China no ano passado, de “Kung Flu”? Ou foi quando, logo em seguida, milhares de seus apoiadores jovens começaram a aplaudir?

A tentativa do presidente de desviar a atenção de sua péssima resposta à pandemia, que custou a vida de dezenas de milhares de americanos, incitando um ressentimento racista contra a nação onde o vírus saltou de animais para humanos, é profundamente feia. Como também é feio o fato de que milhares de estudantes republicanos, amontoados dentro da igreja, ignorando o distanciamento social e o uso de máscaras, responderam com aplausos estrondosos.

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Mas havia algo ainda mais perturbador no incidente, que não foi imediatamente perceptível na transmissão ao vivo. Um vídeo gravado pelo fotojornalista Nick Oza dentro da Igreja Dream City lotada revelou que Trump e seus fãs haviam compartilhado um momento crescente de ódio antes da piada.

#PresidenteTrump fala aos apoiadores @dreamcitychurch no #ComícioTrumpPhoenix de @realDonaldTrump hoje à tarde. @azcentral @USATODAY @usatodayvideo

Trump começou observando que a doença causadora da pandemia que ele passou os últimos dois meses subestimando é conhecida por uma variedade de nomes confusos. Ele então parou para perguntar aos estudantes ativistas se eles haviam visto seu discurso em Tulsa, onde já havia dito isso. Quando eles vibraram em resposta, Trump começou a listar alguns dos que ele disse serem os “19 ou 20 nomes” da doença, a maioria dos quais se referia de alguma forma às suas origens na China.

Assim que Trump disse: “Wuhan — Wuhan está pegando”, a multidão começou a murmurar de empolgação, claramente prevendo que o presidente estava prestes a repetir a ofensa que seus assessores haviam passado o dia anterior negando ser racista. Quando Trump prolongou a tensão oferecendo “coronavírus” como o próximo nome na lista, uma voz animada depois da outra começou a gritar da multidão: “Kung Flu! Kung Flu! Kung Flu!”.

O presidente completou a sequência dizendo “Kung Flu, sim” e foi respondido por aplausos frenéticos. A filmagem de Oza mostra que vários jovens se levantaram, exultantes e erguendo os punhos no ar, aparentemente emocionados ao ver seu herói transgredir todos os limites da decência bem na frente deles.

Weijia Jiang, correspondente da CBS News na Casa Branca, que relatou em março que um funcionário da Casa Branca fez a mesma piada racista sobre a doença na frente dela, comentou no Twitter que “Trump gostou da resposta” da multidão em Phoenix. “Ele costuma testar seu material nos comícios como um comediante de stand up, e pelo jeito isso fará parte de seu show”, acrescentou.

Depois de um bizarro comentário paralelo, no qual o presidente parecia sugerir que não tinha certeza sobre o que o 19 em Covid-19 significa — “Eu digo, ‘o que é o 19? Covid-19. Algumas pessoas não conseguem explicar o que é o 19…” — (o número se refere a 2019, o ano em que a doença causada pelo novo coronavírus surgiu), Trump voltou à lista de nomes alternativos. “Algumas pessoas chamam de gripe chinesa, gripe da China, certo?”, disse Trump, deixando claro que sua intenção é culpar a China por não conter o vírus que o próprio governo americano praticamente desistiu de controlar.

Como se o espetáculo de um presidente ativamente incitar uma reação racista contra sino-americanos não fosse chocante o suficiente, os nomes alternativos para a doença que ele propôs também foram um tapa na cara de especialistas em saúde pública, que passaram os últimos cinco meses tentando deixar claro para os americanos que essa nova doença mortal, que pode ter efeitos a longo prazo na saúde mesmo para quem sobrevive a ela, não é, como Trump insistiu repetidamente no começo do surto, um simples tipo de gripe.

A tentativa do presidente de fingir que o surto viral foi contido, o que sem dúvida encorajou quase todos os jovens militantes do salão a se amontoar sem máscaras, estendeu-se inclusive ao ponto de dizer que os Estados Unidos, nos últimos dois meses, viveu “esperamos, o fim da pandemia”.

Trump também repetiu sua falsa alegação de que o aumento dos novos casos em estados que pressionaram para reabrir os negócios sem atingir os parâmetros de contenção do vírus definidos pela própria força-tarefa do governo não passava de um ruído estatístico causado pelo aumento na testagem. Enquanto ele dizia isso, alguém na plateia teria gritado: “parem os testes!”

O que tornou esse diálogo acidentalmente revelador é que o membro da plateia, um apoiador do presidente, estava naquele momento arriscando ser infectado por estar em um auditório lotado no qual quase ninguém estava usando uma máscara. Enquanto isso, o próprio Trump, que está protegido do vírus ao obrigar que todos os que interagem com ele façam testes diários, estava a uma distância segura da multidão, sozinho no palco e a mais de três metros de um púlpito separado montado para os demais oradores.

O Pres. Trump fala a estudantes em Phoenix.

Se Trump quiser demonstrar que a testagem, como ele diz, é “superestimada”, e que não há necessidade de os americanos temerem a infecção, ele poderia começar não exigindo mais que qualquer pessoa que se aproxime dele seja testada antes, e voltar a apertar mãos no seu próximo comício.

Tradução: Maurício Brum

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