“Inovação”. “Desburocratização”. “Simplificação”. “Inclusão”. “Conectividade”. Os jargões que governos e a indústria da tecnologia usam para alardear novidades são quase sempre os mesmos. Mas, por trás das promessas, o uso de novas tecnologias sem o devido controle da sociedade pode acarretar uma série de problemas profundos: violações de privacidade, aprofundamento de desigualdades, ampliação de abusos de poder por parte do estado e até ameaças à democracia.
É para investigar essas questões que o Intercept se une à Conectas Direitos Humanos, Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa e Data Labe para lançar as Bolsas de Tecnoinvestigações para Pessoas Negras. Em conjunto, nós selecionaremos quatro bolsistas, que receberão R$ 4.500 cada, para fazer reportagens que mostrem como diferentes tecnologias estão sendo usadas para violar direitos fundamentais – seja por parte do estado ou de empresas privadas.
O nosso objetivo é ir além do noticiário de tecnologia tradicional, aprofundando o trabalho investigativo que o Intercept já faz – mas, desta vez, incluindo um número maior de repórteres negros e negras nesse tipo de cobertura.
No ano passado, as nossas Bolsas de Jornalismo Investigativo sobre Tecnoautoritarismo deram origem a quatro reportagens fundamentais para entender como governos, em todas as esferas, têm aumentado seu poder sobre nós com mecanismos de controle e vigilância possibilitados pelo uso de tecnologias.
Nós mostramos, por exemplo, como Bolsonaro deturpou um edital para fichar ‘detratores’ na internet, contamos que as Forças Armadas tomaram conta do super aparato de inteligência de Bolsonaro, revelamos que o Serpro vai lucrar com as suas informações e que Rui Costa está transformando a Bahia em um laboratório de reconhecimento facial.
Mas existe muito mais a ser revelado.
É por isso que nos reunimos novamente com a Data Privacy Brasil – mas, desta vez, também com a Conectas e o Data Labe – para fazer um novo chamado para investigações. As bolsas serão exclusivas para pessoas negras. Não é preciso ter formação na área nem experiência: basta ter uma boa ideia de investigação. Queremos reportagens que denunciem práticas como:
Serão selecionadas as melhores ideias de reportagens com base nos seguintes critérios:
- Alinhamento com a proposta
- Relevância jornalística
- Possibilidade de impacto e mudança real no pós-publicação
- Ineditismo e/ou originalidade
- Comprovação documental (PDFs, áudios, vídeos, prints, etc)/entrevistas fundamentais
- Viabilidade de execução
- Diversidade de gênero e regional
Na primeira etapa do projeto, serão escolhidos/as dez repórteres, a partir das ideias apresentadas. Às pessoas selecionadas, será oferecida uma oficina de formação básica, ministrada pelo Intercept, Data Labe, Data Privacy Brasil e Conectas, para ajudar na construção da pauta jornalística. A partir desse processo de construção, serão selecionadas as quatro pautas contempladas com as bolsas.
As reportagens passarão pelo processo tradicional de apuração, edição e checagem e leitura legal do Intercept, orientadas pela equipe editorial.
Cronograma
Candidatura por meio do formulário: 14 de fevereiro a 6 de março
Seleção das pautas: 7 de março a 14 de março
Divulgação dos selecionados da primeira etapa: 15 de março
Oficina: 21 a 24 de março
Seleção das pautas finais: 25 de março a 4 de abril
Publicação das reportagens: a partir de maio
As inscrições estão encerradas.
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E o resultado? Centenas de investigações importantes que mudam a sociedade e as leis e impedem que abusadores poderosos continuem impunes. Impacto que chama!
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