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Mais de 370 motoristas da 99 já foram assediadas no trabalho em SP

Vítimas são 2,2% das motoristas na capital. Para a 99, o número "evidencia o compromisso da empresa com a segurança".


Assim como a Uber, a 99 sistematicamente se recusa a fornecer o número de crimes sexuais que acontecem dentro dos veículos que rodam a serviço da plataforma. Mas, com base em um depoimento e um documento entregue à CPI dos Aplicativos de Transporte da Câmara Municipal de São Paulo, eu fiz uma conta e cheguei a um número: pelo menos 370 motoristas mulheres da 99 já sofreram algum tipo de assédio enquanto dirigiam para o aplicativo.

No documento entregue à CPI, a 99 informa ter na cidade de São Paulo mais de 256 mil motoristas ativos, dos quais 6,6% (ou 16,9 mil) são mulheres, segundo um depoimento de dezembro passado da diretora de segurança da empresa. Um outro documento que analisei, também de dezembro, informa que 2,12% das motoristas mulheres já disseram ter sofrido assédio enquanto dirigiam. É o equivalente a mais de 370 profissionais assediadas. Em quanto tempo? Não se sabe – a 99 omitiu a informação.

Mais de 370 motoristas da 99 já foram assediadas no trabalho em SP

Trecho do documento enviado à CPI: sem revelar o número bruto, apenas a porcentagem.

O dado leva em conta apenas quem relatou o ocorrido para a empresa – ou seja, o número de casos pode ser bem maior. Vale lembrar que, todas as vezes em que a 99 foi à CPI, conseguiu habeas corpus para que seus representantes não precisassem se comprometer a falar a verdade.

O documento que expõe a porcentagem de motoristas assediadas fornecido pela 99 também não revela a gravidade dos casos de assédio, descritos  genericamente como “importunação/assédio/má conduta sexual”.

Mas a empresa parece confortável com os dados. No documento, diz que o número “evidencia o compromisso da empresa com a segurança e proteção das motoristas parceiras”.

Questionada, a 99 não comentou o número total de casos de assédio que encontramos. Por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou apenas que registrou uma redução de 37,5% “das ocorrências graves contra motoristas” e de 41% de casos de assédio contra motoristas e passageiras, sem especificar o número total de casos. A empresa também disse que “investe continuamente em sistemas preventivos para aumentar a proteção de todos os usuários”.

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