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Dallagnol divide o palco com a nata do bolsonarismo evangélico em SP

Ex-Lava Jato estrela evento com Damares Alves, André Mendonça, Tarcísio de Freitas, um deputado estadual misógino e um prefeito condenado por improbidade.


O ex-procurador da República e agora formalmente político Deltan Dallagnol, filiado ao Podemos do Paraná, é uma das estrelas do “Simpósio Futuro Brasil”, marcado para os próximos dias 27 e 28 de maio na imponente sede da igreja Bola de Neve na Pompéia, bairro de classe média da zona oeste São Paulo.

O evento é uma reunião da nata do bolsonarismo evangélico: além de Dallagnol, que frequenta a Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, estarão por lá a ex-ministra e pré-candidata ao Senado Damares Alves, o igualmente ex-ministro e pré-candidato (ao governo de São Paulo) Tarcísio de Freitas e o ex-ministro e atual 02 de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, André Mendonça.

Não, você não leu errado: um ministro do Supremo estará em um evento de pré-campanha política da extrema direita. Pode-se imaginar o que Dallagnol, um adversário habitual do STF (na verdade, ele foi um dos lançadores da prática de atacar a suprema corte quando as decisões não lhe eram favoráveis), dirá a Mendonça nos bastidores.

Damares Alves, como sabemos, comandou um dos mais radicais ministérios do governo Bolsonaro. Durante a pandemia, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos usou seu serviço de disque-denúncias (criado para receber informações sobre violações aos direitos humanos) para dar voz a quem se opôs à vacinação contra a covid-19.

A ministra Damares também usou a estrutura do governo para pressionar uma criança estuprada a não abortar (direito garantido por lei em casos como esse) e se juntou a Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga na caça por um cadáver infantil que justificasse a oposição do presidente à vacinação infantil – não encontrou, é óbvio.

Reprodução/Instagram

Tarcísio de Freitas, pré-candidato a governar São Paulo, já anunciou o desejo de rever o uso de câmeras nos uniformes de policiais militares, que segundo ele “não permite que coisas que eram rotina aconteçam”. Ele tem razão, de alguma forma: nos batalhões da PM que usam as câmeras, os assassinatos cometidos por policiais caíram 85%. Curioso deus, o de Dallagnol, Damares e Tarcísio, que aprecia a morte, a violência e a mentira.

Eu perguntei a Dallagnol se ele não se sentirá constrangido ao lado de quem combateu as vacinas, é candidato para defender Bolsonaro ou se tornou ministro do STF para defender as posições da extrema direita. Como é de seu feito desde a Lava Jato só responder a perguntas que lhe sejam favoráveis, ele se calou.

A igreja em que será realizado o evento ocupa desde 2010 o prédio da antiga casa de shows Olympia, com capacidade para 3,5 mil pessoas sentadas. Ao lado de Dallagnol e dos ex-ministros bolsonaristas, estarão por lá o deputado estadual paulista para quem uma colega “teve sorte” por ser assediada sexualmente no plenário e um ex-prefeito que foi condenado por improbidade administrativa num caso e responde pela mesma acusação em outro.

Um time e tanto.

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