Empresa que patrocinou o Flow Podcast dá calote estimado em R$ 100 milhões em clientes

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Empresa que patrocinou o Flow Podcast dá calote estimado em R$ 100 milhões em clientes

A consultora financeira LTW cresceu exponencialmente enquanto bombava o Flow, mas hoje clientes que aplicaram dinheiro sequer têm como contatar a empresa.

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Era um dia de sol e mar azul. Em um iate, drinks coloridos, baldes de cerveja e champanhe rolavam de mão em mão. “Trabalhando sexta-feira?”, perguntou um homem de óculos de sol enquanto fazia um vídeo selfie. “Acho que eu vou tomar uma bronca dos nossos advogados”, falou, em tom irônico. Em seguida, ele andou pelo barco e apontou para dois homens que estavam em uma mesa repleta de petiscos: “Olha os advogados onde estão”. Um dos sujeitos reagiu dançando ao som do refrão do funk “O golpe tá aí, cai quem quer”.

Não seria nada demais se o sujeito que gravava o vídeo selfie não estivesse sendo acusado de dar um calote de R$ 100 milhões nos clientes de sua empresa. Luiz Henrique Brito Mendes é o fundador da LTW Consult, empresa de consultoria financeira acusada de não devolver o dinheiro de 100 clientes. O vídeo com as cenas de descontração vazou e começou a circular em grupos de WhatsApp das vítimas há alguns meses.

Duas delas, ouvidas pelo Intercept, afirmam que fizeram investimentos por meio da LTW mas, desde janeiro de 2022, não conseguem fazer o resgate do dinheiro. As denúncias são ecoadas em grupos no WhatsApp que reúnem dezenas de clientes lesados. No site Reclame Aqui, que registra reclamações de clientes insatisfeitos com o atendimento prestado por empresas, existem mais de 200 queixas contra a LTW, avaliada como “não recomendada”.

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Em junho, a Polícia Civil de São Paulo confirmou que instaurou um inquérito, ainda em andamento, para apurar eventuais crimes de associação criminosa, pirâmide financeira, estelionato e apropriação indébita. Já a Polícia Federal de Campinas, que seria a mais próxima de Indaiatuba – onde ficava a sede da LTW–, não quis se pronunciar sobre qualquer diligência. “Não nos manifestamos sobre investigações eventual ou efetivamente em andamento”, afirmou a corporação.

A LTW ficou conhecida por patrocinar o Flow Podcast, um programa transmitido pelo YouTube, criado em 2018, que costuma receber convidados de áreas diversas. O apresentador Zeca Camargo e o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, entre outras figuras conhecidas, já estiveram por lá.

No começo de todo programa, o então apresentador Bruno Aiub, que usa o nome artístico Monark, interrompia a conversa para falar sobre os benefícios da LTW, uma empresa que poderia ajudar o cliente a sair das dívidas ou aprender a investir, ele garantia. “A LTW Consult ensina você a cuidar do seu dinheiro”, disse Monark, olhando para a câmera no programa em que conversa com o comentarista de direita Rodrigo Constantino – ainda disponível no YouTube. “Se cadastre lá, faça o [questionário online] ‘planejador de sonhos’ que, com essa informação, eles vão conseguir bolar uma estratégia legal para você investir”. Enquanto isso e durante todo o programa, o logo da empresa aparece e desaparece na TV do estúdio.

Empresa que patrocinou o Flow Podcast dá calote estimado em R$ 100 milhões em clientes

O comentarista da Jovem Pan Rodrigo Constantino conversa com Igor Coelho e Bruno Aiub, conhecidos respectivamente como Igor 3k e Monark, em frente a uma anúncio da LTW.

Foto: Reprodução/YouTube

Já um dos podcasts mais ouvidos do Brasil, em fevereiro deste ano o Flow chegou às manchetes após Monark defender a existência de um partido nazista no Brasil. Na época, a LTW se pronunciou dizendo que não tinha vínculo com o podcast desde 2021. Monark foi afastado do programa, mas segue apresentando um outro podcast em seu canal do YouTube, ainda que proibido pela plataforma de ganhar dinheiro com seus vídeos.

Meses antes de Monark confessar que acha ok que partidos defendam o nazismo, em novembro de 2021, o fundador da LTW deu uma entrevista a outro podcast contando que a empresa dele financiou a casa onde o Flow instalou seu estúdio de gravação mais recente em São Paulo. “Foi a gente que bancou”, alardeou Brito.

Trata-se de uma casa de quatro andares na Vila Prudente, zona leste da cidade, com diversas salas transformadas em estúdios em que são gravados podcasts. Um deles foi o “Na Escuta”, com o delegado e youtuber Carlos Alberto da Cunha, o delegado Da Cunha.

Na entrevista, Brito relata ter sido procurado por Igor Coelho – conhecido como Igor 3k –, então um dos apresentadores do Flow Podcast, para financiar o imóvel. “Eu consigo esse valor que você precisa em cinco meses e você me devolve tudo em propaganda gratuita”, relatou o empresário. Segundo ele, o acordo foi aceito e o Flow efetuou a compra do imóvel.

O Flow nega que a empresa de consultoria tenha sido responsável pelo financiamento da casa. “A LTW foi apenas uma marca anunciante em determinados espaços publicitários dos Estúdios Flow, como outras marcas também anunciaram e anunciam”, informou a empresa que administra o podcast. “Essa referida empresa [a LTW] anunciou entre abril e outubro de 2021 nos Estúdios Flow, e qualquer vínculo contratual desse serviço publicitário já foi encerrado”.

Procurados pelo Intercept via e-mail e telefone, nem a empresa, nem Brito responderam a nossos questionamentos até a publicação desta reportagem.

Do céu ao inferno

LTW é uma abreviatura de “Leading The Way”, algo como “abrindo o caminho”, em inglês. A relação do cliente com a empresa de investimentos costumava começar no site. Lá, segundo um ex-funcionário, era preciso responder a cerca de 20 perguntas para que um consultor retornasse com um planejamento de vida que poderia tanto ajudar o cliente a sair das dívidas quanto a dar os primeiros passos como investidor.

A LTW dizia ter como foco “promover educação financeira e ajudar na expansão de capital”. Para isso, alocava o dinheiro dos clientes em investimentos de renda fixa e renda variável, como fundos do tesouro direto e ações em bolsa de valores, respectivamente.

“A LTW pagava fielmente os saques [de quem fazia investimentos]”, relatou Jorge, ex-funcionário da área comercial, responsável pela prospecção de clientes e pela administração do perfil de cada um. Além de integrar o quadro da empresa, ele diz ter convidado amigos e familiares a investir na LTW. “Eu coloquei meu dinheiro lá, a minha mulher colocou, assim como amigos que conheço desde criança, meus familiares. Acreditávamos muito na empresa e nos projetos que estavam acontecendo”.

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Luiz Brito em foto de divulgação de um podcast.

Foto: Divulgação/Luiz Brito

Enquanto anunciava no Flow, a LTW aparentava crescer exponencialmente, abrindo escritórios em São Paulo e em Indaiatuba, no interior do estado. Nas redes sociais, a empresa exibia com orgulho essa expansão.

Filho de uma costureira e de um frentista que vivem em Itaquera, também na zona leste de São Paulo, Luiz Brito era visto como exemplo no mercado financeiro. Ele deu algumas entrevistas contando sua trajetória, dos tempos humildes na infância até as primeiras conquistas como corretor de imóveis. E, para alavancar a LTW, investiu pesado em marketing, fechando parcerias com celebridades como Falcão, jogador de futsal com mais de 8 milhões de seguidores no Instagram.

A coisa desandou, segundo o ex-funcionário, no final de 2021. Foi quando uma diretoria do escritório de São Paulo deixou a empresa, levando consigo vários clientes. Foi a partir desse momento que os que ficaram na LTW e quiseram resgatar seu dinheiro passaram a ter problemas. “O discurso dos donos da LTW era de que eles precisavam de mais tempo para poder realizar a desalocação de carteira [retirar o dinheiro dos investimentos para tê-lo disponível no caixa] para pagar esses saques. E a primeira coisa que fizeram foi passar o tempo para pagamento dos resgates de sete para 30 dias úteis”.

Jorge conta que os funcionários da área comercial, que não trabalhavam no regime CLT, mas sim como prestadores de serviço, ficaram sem receber ao longo de janeiro, fevereiro e março. “Era uma empresa que parecia que ia se tornar uma nova XP Investimentos, uma nova BTG. Não se vai do céu para o inferno em uma semana. Então, a gente demorou para digerir e ter o entendimento de que algo estranho estava acontecendo”. Até que chegou abril e, de acordo com o funcionário, “começou uma avalanche de ações contra a LTW”.

Em um dia normal de trabalho, ele se dirigiu até o escritório da empresa em Indaiatuba e, junto com seus colegas, tomou um susto. “A recepcionista e o segurança falaram que tinham ordens para o pessoal do comercial não entrar mais”. Se a comunicação com os donos da LTW já não estava boa, ficou bem pior. “Hoje ninguém consegue mais falar com o Luiz Brito. Além de não termos o contato deles, não sabemos nem onde eles estão”.

Jorge diz que, até hoje, a sensação é de que “caiu o chão”. “A minha vida está devastada. Tomo remédio tarja preta para dormir. Está sendo muito difícil mesmo”, desabafou.

Empresa que patrocinou o Flow Podcast dá calote estimado em R$ 100 milhões em clientes

A sede da LTW em Indaiatuba, interior de São Paulo.

Foto: Reprodução/YouTube

Sem controle

O advogado Renato Paula Leite, do escritório Inhetta de Oliveira e Leite, atende a 100 investidores que dizem ter sido lesados pela LTW Consult e buscam reaver seu dinheiro na justiça. “O prejuízo estimado, por enquanto, é de R$ 100 milhões”, me disse. Ele não soube estimar o número de vítimas, mas relatou ter lido um e-mail de Luiz Brito e sua esposa Caroline Lins Domingues, também sócia de empresas junto ao marido, a um banco no final do ano passado. Na mensagem, era apontada a existência de 1.712 CPFs de investidores na base da empresa.

Depois de pesquisar CNPJs que trazem o nome de Luiz Brito como sócio ou proprietário, Leite passou a desconfiar de irregularidades. “A LTW Consult é uma empresa de consultoria financeira, ou seja, que não estava autorizada a captar dinheiro no mercado nem a operar com recursos de terceiros [caso dos clientes dela]. E, justamente por ser um negócio extremamente simples, eles conseguiram aprovação da Comissão de Valores Mobiliários para operar sem grandes exigências”, me explicou.

Trecho de processo contra a LTW.

A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia que regulamenta e fiscaliza o mercado de valores mobiliários, caso de ações, fundos de investimentos e contratos de investimento coletivo. Segundo Leite, mesmo sem autorização, Luiz Brito captou uma boa quantia de clientes no mercado e, em seguida, abriu a LTW Invest, que hoje usa o nome de Libra Consultoria. Brito, porém, não é sócio da empresa, que está em nome de Caroline Lins, sua esposa.

A CVM informou que a empresa LTW Gestão Financeira e Consultoria de Ensino, de nome fantasia LTW Invest, não possui autorização para atuar como consultora de valores mobiliários, como títulos e contratos de investimentos. Já a Libra Consultoria de Valores Mobiliários LTDA, antiga LTW Consult, possui. Segundo publicação de 12 de novembro de 2021 no Diário Oficial da União, a LTW Consult passou naquela data a ter autorização da autarquia. Há, ainda, uma terceira empresa, que é a LTW Invest Prime. Essa tem como sócia-administradora Tatiane Lins, parente de Caroline.

O escritório de Leite entrou com ações cíveis contra os sócios da LTW e pediu a instauração de inquérito na Polícia Federal. “Temos clientes que querem uma medida mais enérgica contra os sócios. Não é nem contra a empresa, mas contra a Caroline Lins e o Luiz Brito, além de outros nomes ali, como Fernando Lins, Tatiane Lins e Manoela Toledo, que são pessoas que estavam dentro do núcleo duro de gestão”. Essas pessoas possuem diversos CNPJs. Só Luiz Brito é sócio de seis empresas diferentes.

Ao todo, existem 56 processos cíveis contra a LTDA correndo na primeira instância do Tribunal de Justiça de São Paulo.

‘Cheirando a golpe’

O empresário Francisco é um dos clientes da LTW que até hoje não conseguiu resgatar o dinheiro que investiu pela empresa. Ele afirma ter aplicado, junto com sócios, R$ 3 milhões, em fevereiro de 2021. Na época, ele conta, a empresa oferecia como garantia uma carta-fiança do FIB Bank – o mesmo que, meses depois, seria fiador do contrato de compra da Covaxin entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde.

“A carta-fiança era uma garantia de que, se a LTW não conseguisse pagar, o FIB Bank iria cobrir esse prejuízo”, contou Francisco. Até que o escândalo da vacina veio à tona.

Nesse momento, o empresário diz ter negociado pessoalmente com Brito, pedindo que ele trocasse a instituição financeira. Caso contrário, tiraria o dinheiro investido. O acordo foi feito, e Francisco afirma ter conseguido fazer saques com certa frequência. Até que um resgate programado para março de 2022 não aconteceu e acendeu uma luz vermelha.

“Formalizamos que queríamos sacar tudo. Então, me chamaram para conversar. O Luiz Brito falou que alguns clientes de São Paulo tinham saído e que esse pessoal tirou R$ 30 milhões da carteira dele. E disse que precisava esperar um pouco. Aí começamos a achar que a coisa estava cheirando a golpe, lavagem de dinheiro, alguma coisa assim”.

Francisco relatou que, nas reuniões presenciais com Brito, ele chegava a exibir a tela do computador para provar que a LTW não estava quebrando. “Ele sempre mostrava o sistema dele e falava: ‘Olha, eu tenho R$ 50 milhões aqui. Eu tinha R$ 80 milhões, mas ainda tenho R$ 50 milhões. Estou operando normalmente’. Ele me mostrou extrato falso, começou a mandar boletas falsas, a fazer agendamentos de pix que não eram pagos”.

Valéria é outra cliente que não conseguiu reaver o dinheiro investido na LTW. “No início, eu investi bem, mas depois tirei uma boa parte. Deixei R$ 7 mil lá. E eu tinha planos com esse dinheiro. Planos que quebraram”, lamentou. Ela recorreu ao Procon, mas disse que sua reclamação foi encerrada sem maiores explicações.

Vítimas da LTW criaram um grupo de WhatsApp que soma mais de 250 membros. Nele, a troca de mensagens diária mostra a indignação com a empresa e com a falta de comunicação. Uma mensagem padrão do grupo menciona que muitas pessoas acreditam serem vítimas de “um golpe” e que “os donos pegaram o dinheiro e estão tentando ganhar tempo para conseguir fugir”. Um assunto é sempre lembrado: que a LTW teria se comprometido a devolver os valores devidos até agosto deste ano. Desacreditado, um membro até brincou: “a gosto de Deus…”.

A promessa foi divulgada em nota oficial no mês de abril. Segundo o advogado Renato Paula Leite, o escritório da empresa em Indaiatuba foi “depenado” e as intimações endereçadas ao escritório de São Paulo estão voltando. Desde março, a empresa parou de postar no Facebook – além de trancar a conta no Instagram. Luiz Brito, inclusive, deletou seu perfil da rede social. O site original da LTW está fora do ar.

Em um novo site, um banner avisa que a empresa iniciou o processo de liquidação de suas carteiras  – quando o investimento é transformado em reais e o cotista pode sacá-lo –, mas que “depende do mercado para fazer isso o mais rápido possível”. Segundo o site, a assessoria da LTW “irá entrar em contato com cada cliente, para entender o seu problema e ajudá-lo a resolver”. Não é possível precisar quando a promessa foi feita. Mas, abaixo do banner, um comunicado sobre a manutenção do sistema de consulta da companhia, que tomaria dois dias de maio, sugere que o site não é atualizado desde então.

Os clientes seguem reclamando que não conseguem falar ao telefone com a empresa e que os e-mails costumam ser respondidos com uma espécie de  resposta padrão, afirmando que o corpo jurídico da LTW “está tomando todas as medidas para o quanto antes sanar esta situação”.

Correção: 15 de agosto de 2022, 11h31
O texto afirmava que, na foto, empresário Luiz Brito participava de uma entrevista no Flow Podcast. Na verdade, ele está em outro podcast. Ele não deu entrevista ao Flow, mas ao podcast Kritikê, voltado ao mundo empresarial, também dos estúdios Flow. Além disso, o podcast “Na escuta”, do Da Cunha, foi gravado na casa dos Estúdios Flow no passado. O texto foi atualizado para maior clareza.

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