Candidato a deputado estadual pelo PL, partido de Jair Bolsonaro, o policial militar reformado Wendel Fagner Cortez de Almeida não pode fazer campanha nas ruas. Também não pôde estar na convenção de seu partido, embora seu nome conste na ata – quem o representou no evento foi sua mulher. A razão? Wendel está preso desde 20 de julho por triplo homicídio.
O ex-policial foi acusado de ter participado de uma chacina com três mortes e três tentativas de homicídio na tarde de 29 de abril deste ano, na Redinha, bairro da zona norte de Natal. O pedido de prisão da Polícia Civil aponta para o crime de homicídio qualificado, com o agravante de ser praticado “por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio”.
A acusação sustentada pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa é de que Wendel – juntamente ao PM Francisco Rogério da Cruz, também preso, e ao ex-PM João Maria da Costa Peixoto, considerado foragido – assassinou Yago Lucena Ferreira, Rommenigge Camilo dos Santos e Felipe Antoniere Araújo, além de tentar matar outras três pessoas.
Essa é a quarta prisão do candidato do PL. Em todas há suspeitas de envolvimento em homicídios e em grupos de extermínio. Mas nada disso foi um problema para o PL. A candidatura foi referendada na convenção do partido, pouco mais de uma semana após a prisão, e segue sob avaliação da Justiça Eleitoral. O Ministério Público Eleitoral emitiu um parecer questionando a falta de alguns documentos ligados às certidões criminais do candidato.
Embora já fosse conhecido pelas prisões anteriores, o PM reformado ganhou notoriedade, em especial nos círculos bolsonaristas do Rio Grande do Norte, depois do dia dos pais de 2021. Na ocasião, ele foi vítima de um atentado a tiros que terminou com o assassinato de sua filha de quatro anos. Desde então, começou a construir sua candidatura nas redes sociais, declarando apoio ao presidente Jair Bolsonaro e criticando gestores locais.
Em plena campanha eleitoral, o ex-policial segue preso. Um pedido de habeas corpus foi negado pelo Judiciário. Procurada, a direção do PL no Rio Grande do Norte, representada pelo deputado federal João Maia, não respondeu a nossos pedidos de comentário.
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