Não haverá apoio oficial da igreja – mas, num segundo turno, bispos serão liberados para votar em Lula, dizem religiosos.

O JOGO DUPLO DA UNIVERSAL

Edir Macedo se prepara para o desembarque da candidatura Bolsonaro, dizem religiosos

APOIE O JORNALISMO INDEPENDENTE!

O Intercept revela os segredos dos mais poderosos do Brasil.

VocĂȘ vai fazer sua parte para que nosso jornalismo independente nĂŁo pare?

Garanta que esse trabalho continue. Faça uma doação de R$ 20 hoje!

QUERO DOAR

APOIE O JORNALISMO INDEPENDENTE!

O Intercept revela os segredos dos mais poderosos do Brasil.

VocĂȘ vai fazer sua parte para que nosso jornalismo independente nĂŁo pare?

Garanta que esse trabalho continue. Faça uma doação de R$ 20 hoje!

QUERO DOAR

EleiçÔes 2022

Parte 14


A histĂłria se repete. Edir Macedo, lĂ­der da Igreja Universal do Reino de Deus, se prepara para abandonar a candidatura Ă  reeleição de Jair Bolsonaro Ă  PresidĂȘncia da RepĂșblica, diante de uma provĂĄvel vitĂłria do ex-presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva. A revelação foi feita, em conversas reservadas, por um bispo da Universal. Ex-pastores e outros religiosos confirmaram as conversas ao Intercept.

Macedo jĂĄ pulou do barco na campanha de seu entĂŁo candidato Ă  PresidĂȘncia, Geraldo Alckmin, em 2018, Ă  Ă©poca no PSDB. Às vĂ©speras do primeiro turno da Ășltima eleição, o bispo abandonou Alckmin, por acaso hoje o vice de Lula, ao intuir que Bolsonaro seria o provĂĄvel vencedor nas urnas.

A avaliação é de que a eleição não serå decidida no primeiro turno. No segundo, a igreja faria acenos aos dois lados. Macedo não quer se arriscar a perder verbas publicitårias da Record, vindas do governo federal, ao declarar apoio oficial a Lula. A emissora do bispo foi a mais beneficiada com fatias da publicidade federal no começo do governo, e, ao final de 2021, a Globo recuperou essa liderança, pois Bolsonaro precisou também da emissora carioca para divulgar suas realizaçÔes. Assim, segundo pessoas próximas à Universal, Macedo, com receio de secar a fonte, farå o jogo duplo num eventual segundo turno, liberando bispos e pastores candidatos da igreja, então jå eleitos, para pedir o voto de fiéis ao petista.

Bolsonaro, nesse caso, deixarå de ser enaltecido, e Lula não mais criticado nos meios de comunicação ligados à Universal. Dessa forma, Edir Macedo mantém o pé em duas canoas e fica bem com qualquer um que vencer a eleição.

VocĂȘ possui 1 artigo para ler sem se cadastrar

A estratĂ©gia atribuĂ­da a Macedo vazou apĂłs conversas que teriam sido mantidas, em julho, por dirigentes da campanha petista com o ex-deputado federal Bispo Rodrigues, homem de confiança de Macedo e um dos poucos remanescentes do nĂșcleo fundador da Universal. Segundo religiosos prĂłximos Ă  cĂșpula da igreja ouvidos pelo Intercept, o candidato do PT teria pedido um encontro com Macedo para falar sobre as eleiçÔes, mas o bispo evitou recebĂȘ-lo. Macedo teria indicado entĂŁo Rodrigues, que foi coordenador polĂ­tico da igreja durante muitos anos, para atender os emissĂĄrios petistas.

Rodrigues havia desaparecido da cena política. Ele foi preso em 2006 na Operação Sanguessuga, um esquema de compra de ambulùncias superfaturadas, e novamente em 2013, após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão. Oficialmente, Rodrigues foi afastado. Mas continua dando expediente na sede da igreja no Rio, segundo integrantes da instituição. Na coordenação política da Universal, o cargo de Rodrigues foi ocupado depois pelo bispo Marcos Pereira, deputado federal e presidente do Republicanos. Hoje, o coordenador político da igreja é o bispo Alessandro Paschoal.

O presidente da RepĂșblica, Luiz InĂĄcio Lula da Silva e o bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV Record, durante inauguração do canal de notĂ­cias "Record News", em SĂŁo Paulo (SP). (SĂŁo Paulo, SP, 27.09.2007. Bruno Miranda/Folhapress)

Lula e Edir Macedo em 2007, durante o segundo mandato do petista, no evento de inauguração da emissora Record News.

Foto: Bruno Miranda/Folhapress

A igreja dividida

A assessoria de comunicação de Lula disse não ter qualquer informação sobre possíveis contatos de membros do partido com a Universal. E afirmou não acreditar que a informação sobre o apoio proceda, “pois seria o apoio mais disfarçado do mundo, principalmente devido a ataques da Record [emissora do bispo] à campanha petista”.

A Universal tambĂ©m negou veementemente a reaproximação. A igreja afirmou ao Intercept que “tais afirmaçÔes ou rumores, alĂ©m de ridĂ­culos e mentirosos, cheiram a mais uma tentativa desesperada do PT de confundir o povo evangĂ©lico, que jĂĄ acordou para o fato de que Ă© impossĂ­vel ser cristĂŁo e ser de esquerda”.

As fontes ouvidas pelo Intercept confirmaram as conversas e afirmaram que, publicamente, o discurso da igreja Ă© outro. Desde o começo do ano, membros da Universal adotaram um tom feroz contra o PT. Ainda em janeiro, o bispo Renato Cardoso – casado com Cristiane, a primogĂȘnita de Edir Macedo –, publicou um artigo no site da igreja dizendo que “cristĂŁo nĂŁo pode votar em partido de esquerda”.

Edir Macedo se prepara para o desembarque da candidatura Bolsonaro, dizem religiosos

Texto publicado no site da Universal no inĂ­cio do ano.

Em agosto, a Universal continuou fazendo duras crĂ­ticas a Lula e ao PT. Ainda no site da igreja, Cardoso chamou Lula de “ex-presidiĂĄrio” ao comentar declaração do petista, em uma entrevista, de que nĂŁo era candidato “de nenhuma facção religiosa”. O genro de Macedo tambĂ©m disse que Lula “em temporada na cadeia, nĂŁo aprendeu o que Ă© facção criminosa”. E atacou: “O Ăłdio do candidato Ă  PresidĂȘncia da RepĂșblica Luiz InĂĄcio Lula da Silva contra os cristĂŁos Ă© notĂłrio. O ex-presidiĂĄrio nĂŁo consegue conter a mĂĄgoa que sente das igrejas cristĂŁs, por nĂŁo conseguir o apoio delas para o seu projeto de retorno ao poder”.

Hå uma avaliação entre religiosos próximos à Universal de que o genro Cardoso mostra menos habilidade política neste momento ao jogar de forma extremamente dura em relação a Lula e ao PT, e não considera a possibilidade de uma aliança em breve. Não é a mesma postura do próprio Edir Macedo e de outros bispos da igreja mais experientes, que jå conviveram muito bem com Lula no passado. Haveria, então, uma divisão.

“Agora, o Macedo vai aguardar o resultado do primeiro turno, esperar para ver como o povo estĂĄ reagindo e depois ‘cantar a pedra’ para o lado que for mais interessante. Se o presidente Lula vencer, ele vai aparecer do lado do Lula de novo e estar na foto com o Lula. Vai ficar tudo bem e dar tudo certo para ele”, me disse o ex-pastor da Universal Davi Vieira, sobrinho de dois bispos e dono de um canal em redes sociais em que divulga informaçÔes sobre os bastidores da igreja.

“HĂĄ uma divisĂŁo entre Bolsonaro e Lula na Universal e nas igrejas em geral. Isso vai muito da pessoa. E o Edir Macedo Ă© CentrĂŁo. Para se manter no poder, com qualquer um que ganhar, ele tem de fazer o jogo. O CentrĂŁo trabalha dessa forma. Uma parte estĂĄ com um, outra parte estĂĄ com o outro. O que se quer Ă© estar no poder, nĂŁo importa quem vença”, atestou o apĂłstolo MĂĄrcio LĂ­bano, presidente da Associação de Ministros EvangĂ©licos Interdenominacionais, a Amei, e prĂłximo da Igreja Universal.

Líder do ministério Luz do Mundo, de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, Líbano trabalhou desde os anos 2000 nas campanhas vitoriosas do bispo Marcelo Crivella, do Republicanos, sobrinho de Edir Macedo, ao Senado e à prefeitura do Rio, e também em outras campanhas derrotadas à prefeitura e ao governo fluminense.

“Macedo estĂĄ com o Bolsonaro, porque ele Ă© o atual presidente e estĂĄ no poder. ‘EstĂĄ no poder, eu estou contigo. Mas minha segunda equipe estĂĄ contra ele’. Tem uma segunda equipe atuando, claro, tem que ter. É assim que o CentrĂŁo funciona. É a polĂ­tica. JĂĄ tem outros fazendo o meio de campo. Com qualquer um, ele [Macedo] ficarĂĄ bem”, anunciou o apĂłstolo.

‘O Edir Macedo Ă© CentrĂŁo. Para se manter no poder, com qualquer um que ganhar, ele tem de fazer o jogo’.

TambĂ©m bastante atuante em campanhas envolvendo evangĂ©licos no Rio, o advogado Francisco TenĂłrio, ex-seguidor da Universal e da Deus Ă© Amor e hoje consultor e assessor de instituiçÔes religiosas, corroborou a avaliação. “Os bispos da Universal, nĂŁo todos, estĂŁo fazendo jogo duplo. Alguns deles elogiam o governo Lula. Um deles, vereador, ex-deputado e antigo na igreja, me disse em seu gabinete exatamente assim: ‘O governo Lula foi um governo muito bom. Ele vai voltar, com certeza, e nĂłs vamos estar ao lado para ajudar’. Esse Ă© um dos religiosos que estĂĄ tecendo elogios ao Lula, jĂĄ apoiando e condenando atos do Bolsonaro em reuniĂ”es”, revelou TenĂłrio.

“HĂĄ discurso por interesses. Se tiver uma verba boa agora de publicidade para a Record, podem atĂ© dar uma estocada no Lula. SenĂŁo, Ă© o jogo duplo. No segundo turno, talvez o Republicanos nĂŁo apoie expressamente o Lula, mas os bispos candidatos que forem eleitos serĂŁo liberados para apoiar o ex-presidente”, afirmou.

Tenório lembrou que bispos que apoiam hoje a candidatura de Marcelo Crivella à Cñmara dos Deputados, no Rio, declararam, em uma reunião em fevereiro, a importñncia de eleger o ex-prefeito para o Republicanos formar uma boa bancada “e barganhar uma participação no governo Lula em troca do apoio no Parlamento”.

Ele observa ainda que vereadores ligados Ă  Universal vĂȘm se aproximando nos Ășltimos meses de parlamentares mais Ă  esquerda na Assembleia Legislativa e na CĂąmara Municipal do Rio. Vereadores do Republicanos, por exemplo, votaram e discursaram a favor da recente cassação do colega Gabriel Monteiro, do PL, um aliado de direita e bolsonarista, acusado de estupro de vulnerĂĄvel e suspeito de assĂ©dio sexual.

Dilma Rousseff, Brazil's president, front row left, and billionaire Edir Macedo, owner and chairman of Rede Record de Televisao Angola Lda, front row center, are projected on a screen displayed outside a replica of Solomon's Temple during its inauguration ceremony in Sao Paulo, Brazil, on Thursday, July 31, 2014. Billionaire Edir Macedo's temple spans two city blocks and cost 680 million reais ($300 million) to erect. Macedo's net worth has grown to $1.5 billion since he bought the Record TV network in 1989 with a $45 million interest-free loan from the Universal Church of the Kingdom of God, which he founded, according to the Bloomberg Billionaires Index. Photographer: Paulo Fridman/Bloomberg via Getty Images

Dilma Rousseff e Edir Macedo na inauguração do Templo de Salomão, em São Paulo, em julho de 2014.

Foto: Paulo Fridman/Bloomberg via Getty Images

Com o poder sempre

É unĂąnime entre apoiadores e ex-integrantes da Universal que Edir Macedo nĂŁo aposta em cavalo perdedor. O bispo sempre esteve ao lado do poder e procura manter boas relaçÔes com os governantes de plantĂŁo. O lĂ­der da Universal apoiou as campanhas ou participou de alguma forma das gestĂ”es de todos os presidentes da RepĂșblica desde o perĂ­odo da redemocratização no paĂ­s – Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz InĂĄcio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro –, por mais dĂ­spares que sejam as coloraçÔes polĂ­ticas de cada um deles.

Se um nome da preferĂȘncia de Macedo em alguma disputa polĂ­tica der sinais de fraqueza e titubear, ele nĂŁo tem dĂșvidas de deixar o aliado pelo caminho.

Nas dĂ©cadas de 1980 e 1990, o bispo chamou Lula e o PT de representantes do “demĂŽnio” e de “satanĂĄs”, em uma intensa campanha classificada como ‘anti-Lula’. Depois, conviveu sem problemas com o petista e indicou representantes para ministĂ©rios nos governos Lula e Dilma Rousseff, durante os 14 anos de gestĂŁo do PT.

Edir Macedo se prepara para o desembarque da candidatura Bolsonaro, dizem religiosos

PT, PSDB, PMDB juntos: a inauguração do Templo de SalomĂŁo teve a presença da presidente da RepĂșblica Dilma Rousseff, de seu entĂŁo vice, Michel Temer, do entĂŁo governador Geraldo Alckmin e do prefeito de SĂŁo Paulo Fernando Haddad, entre outros polĂ­ticos do primeiro escalĂŁo.

Foto: Reprodução/Facebook

Na eleição de Lula em 2002, o vice do petista, o senador mineiro José Alencar, foi candidato pelo PL, partido que hospedava à época a base parlamentar da Igreja Universal. Na reeleição, em 2006, Alencar foi vice novamente, pelo PRB, o partido criado com o apoio da igreja de Macedo. Hoje, é o Republicanos.

Lula surgiu no sindicalismo e na polĂ­tica como um forte aliado da Igreja CatĂłlica progressista e suas comunidades eclesiais de base, mas sempre conviveu bem com Edir Macedo. Quando o bispo foi preso, em 1992, acusado de supostas prĂĄticas de estelionato, charlatanismo e curandeirismo – e passou 11 dias num distrito policial na zona oeste paulistana –, o petista, apesar de ser apontado como um “demĂŽnio” pela Universal, foi um dos poucos polĂ­ticos a vir a pĂșblico para manifestar solidariedade a Macedo.

“Prender sob o argumento de que ele engana as pessoas com sua religiĂŁo Ă© um absurdo. Os seguidores tĂȘm fĂ© naquilo que querem. Se nĂŁo tomarmos cuidado, daqui a pouco a polĂ­cia estĂĄ na sua casa, prendendo qualquer um, sem nenhum critĂ©rio”, disse, na Ă©poca, o entĂŁo dirigente do PT.

Quando presidente, Lula ajudou também na expansão da Universal em países africanos. O petista tinha proximidade e excelentes relaçÔes, por exemplo, com Crivella, que foi bispo na África do Sul, depois um senador aliado e ministro da Pesca de Dilma Rousseff.

“A Universal, com certeza, jĂĄ tem setores acionados e tentĂĄculos de diĂĄlogo direto com Lula. NĂŁo haverĂĄ grandes mudanças. Macedo e outros evangĂ©licos, como o seu cunhado R.R. Soares [da Igreja Internacional da Graça de Deus], jĂĄ dialogam hĂĄ algum tempo com o lulismo e com o PT, sem dificuldade alguma. O setor evangĂ©lico hegemĂŽnico vai manter um diĂĄlogo com o poder estatal no Brasil, mesmo com a derrota de Bolsonaro e do projeto polĂ­tico ao qual eles estĂŁo vinculados no momento”, prevĂȘ o teĂłlogo protestante FĂĄbio Py, professor do programa de pĂłs-graduação em PolĂ­ticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense.

‘A Universal nĂŁo tem posição polĂ­tica fixa e duradoura. Ela tem interesses a defender e busca sempre apoio polĂ­tico para realizĂĄ-los’.

“Isso já foi feito no passado. Não será novidade. Já se acusou Lula de ser filho do diabo e houve alinhamento depois. Um apoio direto não vai acontecer agora, mas no segundo turno as armas serão recolhidas, de um lado ou de outro. A igreja vai se manter com um discurso nulo ou discurso dos dois lados. Apoiando ambos, a igreja pode negociar muito bem a aliança com o novo governante”, disse Py.

O teĂłlogo e professor avalia que esse quadro sĂł mudarĂĄ caso Bolsonaro cresça nas pesquisas. “Muda se o Bolsonaro chegar muito prĂłximo do Lula. Ele estĂĄ liberando muita verba, inclusive para meios televisivos. Por isso, haverĂĄ acenos aos dois lados”, afirmou Py, que mantĂ©m conversas com pastores da Universal.

Confirmando-se a possível reaproximação com Lula, líderes evangélicos não terão muita dificuldade para explicar narrativas contraditórias a seus fiéis, afirmou o cientista de religião Leonildo Silveira Campos, ex-professor de programas de pós-graduação das universidades Mackenzie e Metodista.

“O primeiro presidente posterior Ă  redemocratização, Fernando Collor, recebeu total apoio dos evangĂ©licos. O discurso de um jovem e dinĂąmico polĂ­tico disposto a levar o Brasil para longe da esquerda naufragou nas ĂĄguas da corrupção, provocando o impeachment. ApĂłs o fracasso de Collor, os neopentecostais, em especial, divulgaram a versĂŁo de que o entĂŁo presidente havia introduzido cultos satĂąnicos nos porĂ”es da Casa da Dinda [sua residĂȘncia oficial]. Entregue aos demĂŽnios, o governo chegou ao fim devidamente explicado pelos ex-apoiadores evangĂ©licos”, lembrou Campos. “Podemos intuir que, no caso de derrota de Bolsonaro, muitos lĂ­deres evangĂ©licos arrumarĂŁo explicaçÔes facilmente incorporadas”.

Para Campos, os bispos e pastores que demonizaram Lula e depois “passaram a tirar proveito e a apoiar o governo petista” negociarĂŁo sem problemas com Lula e Alckmin, caso a dupla vença a eleição. “Essa tem sido a postura dos evangĂ©licos de um modo geral. Seus lĂ­deres sĂŁo incapazes de se colocar contra os que estĂŁo no poder. Tradicionalmente, tem se afirmado que a Universal nĂŁo tem posição polĂ­tica fixa e duradoura. Ela tem interesses a defender e procura sempre buscar apoio polĂ­tico para realizĂĄ-los. Entre esses interesses, estĂĄ a sua posição privilegiada no mundo das comunicaçÔes, com cadeias de rĂĄdio e televisĂŁo, e no mundo dos negĂłcios com as empresas de Macedo”, observou.

Macedo, como outros lĂ­deres evangĂ©licos, nĂŁo vai dizer depois: “desculpem, o apoio ao Bolsonaro foi um equĂ­voco de nossa parte”, alertou Campos. “Mas Macedo buscarĂĄ formas de conviver relativamente bem com o novo governo, que, sem dĂșvida, se abrirĂĄ aos adversĂĄrios de hoje em busca de apoio necessĂĄrio para uma melhor governança”, acredita o estudioso.

JÁ ESTÁ ACONTECENDO

Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mĂ­dia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionĂĄrias ganharam força nas eleiçÔes municipais — e tĂȘm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos båsicos. Jå passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 Ă© nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missĂŁo. Para isso, dependemos do apoio de nossos leitores.

VocĂȘ estĂĄ pronto para combater a mĂĄquina bilionĂĄria da extrema direita ao nosso lado? Faça uma doação hoje mesmo.

Apoie o Intercept Hoje

ConteĂșdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este nĂŁo Ă© um acesso pago e a adesĂŁo Ă© gratuita

Jå se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

VocĂȘ possui 1 artigo para ler sem se cadastrar