O jornalismo destemido do Intercept só é independente graças aos milhares de leitores que fazem doações mensais. Mas perdemos centenas desses apoiadores este ano.

Nossa missão tem que continuar mesmo depois que o último voto for dado nesta eleição. Para manter nossa redação forte, precisamos de 1.000 novos doadores mensais este mês.

Você nos ajudará a revelar os segredos dos poderosos?

SEJA MEMBRO DO INTERCEPT

O jornalismo destemido do Intercept só é independente graças aos milhares de leitores que fazem doações mensais. Mas perdemos centenas desses apoiadores este ano.

Nossa missão tem que continuar mesmo depois que o último voto for dado nesta eleição. Para manter nossa redação forte, precisamos de 1.000 novos doadores mensais este mês.

Você nos ajudará a revelar os segredos dos poderosos?

SEJA MEMBRO DO INTERCEPT

PPRT: 'Você não está fazendo política se não repensa o sistema carcerário e a guerra às drogas', diz Ebony

No terceiro episódio do PPRT, Ebony fala sobre a chegada do discurso bolsonarista na favela e a necessidade de representatividade política.

PPRT: 'Você não está fazendo política se não repensa o sistema carcerário e a guerra às drogas', diz Ebony

Por causa das dificuldades financeiras, comum nas periferias, Ebony já foi muitas coisas. Ainda na infância, foi explicadora – ensinava o que aprendeu na escola para crianças ainda menores – e vendeu roupas na feira com os pais. Também foi trancista, e atendia a domicílio no Rio de Janeiro. Hoje, aos 22, Ebony é rapper e representante da forte cena trap no Brasil.

Criada na baixada fluminense, em uma região que se transformou de área rural em periferia, Ebony sofreu preconceitos sociais antes do racismo, que chegou quando começou a frequentar lugares como a zona sul da capital fluminense. Em etapas, ela conta, foi se entendendo enquanto mulher, pobre, negra e artista. “Hoje em dia olham para mim e, pelo fator social – o celular que eu tenho, como eu estou vestida, como eu falo, como eu me porto –, causa uma confusão nas pessoas. Eles não me colocam no lugar de ‘uma neguinha’ mais”.

No passado, Ebony já foi “bolsomito” – o que fala com pesar. Talvez por isso, entende quem é de periferia e votou no Bolsonaro – havia, em 2018, e ainda há, uma máquina de desinformação atuando em favor do candidato. Com discurso raso, mas focado em pontos importantes como corrupção e segurança pública, e o apoio das redes sociais, o papo de Bolsonaro tocou gente que não é fascista, como mães de favela. “Eu entendo o povo de massa, de base, que votou no Bolsonaro, porque eu não acho que venha do mesmo lugar que a galera da Barra da Tijuca que vota no Bolsonaro. As intenções do voto deles são diferentes”, acredita a cantora.

Para Ebony, falta representatividade para a construção de uma mudança política no país. “Para ter uma mudança a gente precisa de pessoas negras, mulheres, LGBTs. A gente precisa colocar essas pessoas lá e entender porque elas não chegam lá. Ou porque, quando estão chegando, elas morrem”. E esse problema não se resolve apenas elegendo Lula como presidente. “Ele fez grandiosas coisas pelo povo trabalhador brasileiro, mas eu não acho que você está fazendo política se você não repensa o sistema carcerário, se você não repensa a guerra às drogas”, ela diz. “Se você não pensa nisso, você não está olhando para a favela”.

Ebony é a terceira entrevistada do PPRT, série de conversas sobre política, cidadania e arte do Intercept. As entrevistas serão publicadas ao longo do mês de setembro, sempre às quintas-feiras.

Você sabia que...

O Intercept é quase inteiramente movido por seus leitores?

E quase todo esse financiamento vem de doadores mensais?

Isso nos torna completamente diferentes de todas as outras redações que você conhece. O apoio de pessoas como você nos dá a independência de que precisamos para investigar qualquer pessoa, em qualquer lugar, sem medo e sem rabo preso.

E o resultado? Centenas de investigações importantes que mudam a sociedade e as leis e impedem que abusadores poderosos continuem impunes. Impacto que chama!

O Intercept é pequeno, mas poderoso. No entanto, o número de apoiadores mensais caiu 15% este ano e isso está ameaçando nossa capacidade de fazer o trabalho importante que você espera – como o que você acabou de ler.

Precisamos de 1.000 novos doadores mensais até o final do mês para manter nossa operação sustentável.

Podemos contar com você por R$ 20 por mês?

APOIE O INTERCEPT

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar