O YouTube e o Facebook continuam permitindo a publicação de conteúdos antidemocráticos e com desinformação, com frequência beneficiando a campanha de reeleição de Jair Bolsonaro. É o que mostra a segunda parte de um relatório da ONG SumOfUs, que monitora grandes corporações pelo mundo. A primeira parte abordou como o Facebook lucrou com posts incentivando a violência no 7 de setembro.
Pesquisadores da ONG analisaram diversos anúncios nas plataformas e encontraram um ecossistema projetado para minar o processo eleitoral de três maneiras específicas: espalhando desinformação sobre as urnas eletrônicas, atacando autoridades do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e promovendo um golpe.
Na maior parte dos posts do Facebook, os anúncios são pagos por bolsonaristas que decidem divulgar conteúdos originalmente produzidos por Jair Bolsonaro. Como em uma postagem do candidato a deputado estadual Sargento Floriano, que impulsionou em sua página um vídeo de Bolsonaro questionando as urnas eletrônicas e dizendo “nós temos o direito de duvidar”.

Post impulsionado de ataque às urnas eletrônicas atingiu de 5 mil a 10 mil pessoas, segundo dados fornecidos pelo Facebook.
Imagem: Reprodução
O YouTube também mantém no ar diversos conteúdos similares, como uma entrevista de Bolsonaro à Jovem Pan atacando o TSE, vista por mais de três milhões e meio de pessoas. Na plataforma, alguns vídeos são ainda mais patéticos, como um do canal bolsonarista Foco do Brasil mentindo que Bolsonaro está acima de Lula nas pesquisas eleitorais. O vídeo foi visto por mais de 171 mil pessoas.
Esses posts e anúncios engordam a conta bancária da Meta e do Google, donas do YouTube e do Facebook, respectivamente, a um alto custo social. Por isso, o relatório da SumOfUs pede que as empresas tomem atitudes mais assertivas no combate à desinformação, principalmente agora, a poucos dias das eleições. “Essa é a última chance para a Meta e o Google. Eles ainda têm tempo de mitigar alguns dos danos causados se agirem com a urgência e o foco necessários”, conclui o estudo.
Ao Intercept, a Meta afirmou que suas políticas permitem anúncios que discutam, debatam ou proponham regulações eleitorais. “Não acreditamos que uma empresa privada deve impedir que as pessoas conversem sobre temas que são debatidos no Congresso Nacional. Nós nos preparamos extensivamente para as eleições brasileiras de 2022 e estamos comprometidos em proteger a integridade da votação”. Já o Google não respondeu ao nosso contato.
Atualização: 28 de setembro, 15h45
O texto foi atualizado para incluir o posicionamento da Meta.
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