Era segunda-feira, 8 de março de 2021. A socióloga Rosângela da Silva, a Janja, tinha saído para fazer compras depois do almoço, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participava de uma reunião virtual com sua equipe de comunicação quando recebeu a notícia que mudaria a história desta eleição presidencial. Aos 75 anos, Lula cumpria rigorosamente o isolamento imposto pela covid-19 e trabalhava de casa, em São Bernardo do Campo, com os assessores Marco Aurélio Santana Ribeiro, o Marcola, e Nicole Briones. Pouco depois das 15h, ela anunciou: o ministro do STF Edson Fachin havia anulado todas as condenações de Lula, lhe devolvendo os direitos políticos – e a possibilidade de disputar o Planalto.
A primeira reação de Lula foi duvidar. De 2017 a 2018, o petista acumulou derrota atrás de derrota no Judiciário. A maré começou a mudar em 2019, com as revelações da série de reportagens Vaza Jato, do Intercept, que alteraram a percepção de parte da opinião pública sobre as ações de Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Mas ainda havia muita incerteza. Sinal disso eram os seguidos adiamentos do ministro do STF Gilmar Mendes para pautar o julgamento sobre as condenações de Lula. A decisão de Fachin pegou de surpresa todo o entorno do ex-presidente.
“Preciso falar com o [advogado Cristiano] Zanin”, disse o petista. “Parece que anularam meus processos. Se for verdade, é uma notícia muito boa”. Havia receio de que, por trás do veredito, tivesse alguma armadilha jurídica. Zanin fez uma interpretação estritamente técnica e confirmou a informação. Quando desligou o telefone, o ex-presidente se viu no meio de um turbilhão que, em poucas horas, arrastou todo o universo político brasileiro. Só naquele dia, ele fez ou recebeu mais de 60 ligações telefônicas.
Ainda levou dois dias até que os aliados de Lula tivessem certeza quanto aos impactos do veredito. O ex-presidente só se manifestou publicamente na quarta-feira, 10 de março, em um pronunciamento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde lançou as bases do que seria seu discurso de campanha. “O povo não tem o direito de permitir que um cidadão que causa os males que o Bolsonaro causa ao país continue governando e continue vendendo o país. Eu não sei qual é a atitude, mas alguma atitude nós vamos ter que tomar, companheiros, para que esse povo possa voltar a sonhar”, disse Lula.
Aquele foi o ato fundador da campanha. O presidente Jair Bolsonaro, contrário ao uso de máscara, acusou o golpe recebido e usou o equipamento de proteção na entrevista coletiva daquela tarde. Depois de quatro anos de um calvário iniciado com o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Lula estava de volta ao jogo no papel de principal adversário de Bolsonaro. Começava ali a disputa eleitoral que pode ter um desfecho neste domingo, dia 2 de outubro.
O candidato centralizador
Até a decisão de Fachin, Lula vivia numa espécie de semiostracismo após um ano e meio preso e mais um ano isolado por causa da pandemia. Empresários, banqueiros, produtores rurais e políticos de outros matizes ideológicos que faziam fila na porta de seu gabinete durante os 14 anos de governos do PT agora lhe viravam as costas. O ex-presidente que deixou o Planalto com mais de 80% de aprovação chegou a ser dado como carta fora do baralho. Semanas antes, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, um de seus herdeiros políticos, disse que estava na hora de “botar o bloco na rua” em referência à própria pré-candidatura presidencial.
Segundo um auxiliar de Lula, uma pesquisa de intenção de votos encomendada pelo PT testou o nome de Haddad em 7 de março, um dia antes da anulação das condenações. O governador da Bahia, Rui Costa, também se colocou como pré-candidato à Presidência pelo PT. Tudo com a anuência de Lula.
A direção partidária encabeçada por Gleisi Hoffmann, no entanto, pensava diferente. Para Gleisi, admitir que o ex-presidente estava fora da disputa poderia prejudicar sua defesa jurídica. Sem a pressão eleitoral, os magistrados poderiam se sentir relaxados para deixar tudo como estava e empurrar com a barriga o julgamento dos pleitos do ex-presidente.
O cenário mudou de um dia para o outro, literalmente. Lula foi aconselhado a montar logo uma coordenação de pré-campanha, mas refutou a ideia. “Não vamos precipitar a eleição. Tem uma luta política e democrática a ser travada. Se a gente antecipar, só vai atrapalhar”, disse ele, segundo um auxiliar.
O ex-presidente, então, se cercou de aliados fiéis que permaneceram ao seu lado durante os piores momentos. O grupo era composto por dirigentes do Instituto Lula, como Paulo Okamotto, Luiz Dulci, Franklin Martins e Celso Amorim, além da coordenação política da executiva do PT, representada por Gleisi, Rui Falcão, José Guimarães e Aloizio Mercadante. Ele contava ainda com o auxílio de funcionários do instituto e do PT, como José Crispiniano, Ricardo Stuckert e Ricardo Amaral, além de Marcola e Brunna Rosa, responsável pelas redes sociais do ex-presidente. Ocasionalmente, outras lideranças do PT ou de partidos de esquerda eram chamadas. Janja, que tem atuação política desde os 17 anos de idade, passou a participar das reuniões munida de um notebook.
Aliados de longa data perceberam logo de cara uma diferença no comportamento do ex-presidente. Para eles, Lula estava mais centralizador: dava palpites em assuntos miúdos do dia a dia que antes delegava a auxiliares ou simplesmente ignorava, tomava decisões políticas sozinho e sempre fazia questão de dar a última palavra.
Um petista que acompanhou Lula em várias eleições presidenciais atenuou a constatação, dizendo que o ex-presidente estava mais centralizador “no substantivo, não no adjetivo”. Traduzindo: para ele, Lula é um catalisador em torno do qual giram todas as ações políticas e, assim, exerce uma centralidade natural. Outro aliado de longa data chegou a brincar com o ex-presidente, dizendo que ele não precisava gastar tempo precioso para decidir qual a marca do café usado no instituto. Lula riu.
Naquele momento, diante da condução catastrófica da pandemia pelo governo federal, começava a se consolidar na sociedade, inclusive em setores refratários ao PT, que o principal objetivo das forças democráticas no Brasil era impedir a reeleição de Jair Bolsonaro, fosse quem fosse o adversário, e Lula era o nome mais forte.
Na época, as pesquisas mediam apenas o potencial de votos dos principais nomes colocados na disputa. Em fevereiro de 2021, semanas antes da anulação das condenações, o Ipec mostrou que 34% votariam em Lula com certeza e outros 16% poderiam votar no petista – 50% na soma –, enquanto 25% votariam em Bolsonaro e 13% poderiam votar no presidente – 38%. Bolsonaro era rejeitado por 56% dos entrevistados e Lula, por 44%. Em maio, na primeira pesquisa publicada depois da decisão de Fachin, o Datafolha dava 41% para Lula contra 23% de Bolsonaro. Nenhum dos nomes da chamada terceira via, que dominavam as manchetes dos jornais, passava de um dígito.
O ponto alto desse período foi a viagem de Lula pela Europa, em novembro de 2021. Depois de passagens bem sucedidas pela Alemanha, sendo recebido pelo então primeiro-ministro designado Olaf Schulz, pela Bélgica, onde discursou na sede do Parlamento Europeu, e pela Espanha, Lula chegou à França. Lá, ele tinha encontros marcados com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e com o candidato a presidente Jean-Luc Mélenchon, do movimento de esquerda França Insubmissa. O encontro com o presidente Emmanuel Macron não estava na agenda. Macron, cuja mulher foi insultada por Bolsonaro e com quem Lula não tinha laços políticos, não só se dispôs a receber o ex-presidente como aproveitou para fazer um agrado.
A coordenação de imprensa da Presidência da França retirou do local do encontro todos os jornalistas, e o único autorizado a gravar o compromisso foi Stuckert. A imagem limpa de Lula sendo escoltado pela Guarda Republicana francesa com suas espadas e trajes de gala, recebido por Macron com honras de chefe-de-estado na entrada do Palácio do Eliseu foi exibida em todos telejornais do Brasil e reforçou o contraste com a fama belicosa de Bolsonaro – que, naqueles mesmos dias, viajava pelo Oriente Médio.
Um mês depois, o Datafolha publicou uma pesquisa em que Lula tinha 48% contra 22% do presidente. A ampla vantagem conjugada com fatores econômicos – como o aumento do desemprego e da fome e a explosão da inflação e dos preços dos combustíveis – passava a impressão de que seria impossível tirar essa eleição das mãos do petista.
Para concretizar a chapa com Alckmin, Lula usou emissários de fora da direção partidária e estranhos ao próprio PT.
Para alguns aliados, essa conjuntura que o colocou no centro de tudo reforçou a faceta centralizadora do ex-presidente, mas o elemento fundamental foram os 580 dias de prisão. Durante um ano e meio, Lula não pôde opinar diretamente nas discussões políticas. Ele recebia e repassava informações e orientações por meio de emissários em um processo que levava dias. Agora, livre, sentia vontade de participar de tudo. Era um fenômeno mais psicológico do que político, de acordo com um amigo.
O novo comportamento de Lula, no entanto, afetou os primeiros meses da campanha, especialmente em relação às agendas. Embora tenha uma equipe de três pessoas para cuidar do assunto, Lula é quem dá a palavra final. Às vezes, o ex-presidente negocia e fecha compromissos sem falar com os auxiliares, como foi o caso da viagem a Montes Claros, Minas Gerais, no último dia 16.
Outro exemplo claro é o da negociação para que Geraldo Alckmin fosse indicado a vice. As conversas com o ex-governador começaram poucas semanas depois da decisão de Fachin mas, até novembro, a direção do PT ainda descartava categoricamente a possibilidade de aliança. Para concretizar a chapa, Lula usou emissários de fora da direção partidária, como Fernando Haddad, e estranhos ao próprio PT, casos de Márcio França, do PSB, e Gabriel Chalita, do PDT.
Segundo auxiliares do ex-presidente, o procedimento adotado no episódio de Alckmin não foi movido por centralismo, mas por estratégia. Lula avaliou que, se envolvesse o PT antes de a articulação se concretizar, os setores mais à esquerda do partido bombardeariam a manobra, o que de fato aconteceu depois de a negociação ser tornada pública.
Petistas e aliados também avaliam que essa face centralizadora de Lula está por trás de intensas disputas internas que marcaram a primeira fase da campanha. O episódio mais conhecido foi o que levou à saída de Franklin Martins da equipe.
Responsável por coordenar a estratégia de comunicação e administrar as vultuosas verbas para o setor, o jornalista foi bombardeado durante semanas pelo secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, que disputava o controle daquele nicho da campanha. A crise culminou com a demissão do marqueteiro Augusto Fonseca, contratado por Franklin. O argumento usado foi o alto preço cobrado por Fonseca, cerca de R$ 45 milhões, mais da metade dos R$ 88 milhões de que o PT dispõe para toda a campanha. Ele foi substituído por Sidônio Palmeira, e Franklin se afastou. O episódio fez com que Tatto caísse em desgraça com Lula. Candidato a deputado federal, ele saiu da campanha presidencial e acabou na equipe de Haddad, que disputa o governo de São Paulo.
Para o comando da comunicação, Lula escolheu Rui Falcão e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Franklin ainda dá contribuições ocasionais, como na preparação para o debate da TV Bandeirantes.
A sombra de Dirceu
Segundo alguns integrantes da cúpula petista, ao centralizar as decisões, Lula automaticamente esvaziou o poder de Gleisi, que, na condição de presidente do PT, é a coordenadora-geral da campanha. Isso abre brechas para que outras lideranças tentem ocupar espaços utilizando, às vezes, o folclórico fogo amigo do PT, como foi o caso do imbróglio entre Tatto e Franklin. Isso leva a uma dinâmica de disputa permanente, que pode ser legítima, mas provoca tensão entre os integrantes da campanha e gera o risco de novas crises públicas.
Aliados de outros partidos que compõem a coligação de Lula também se queixam de não participar das decisões como gostariam. Segundo eles, até hoje não ficou claro quem são os integrantes da coordenação, e as principais deliberações são compartilhadas apenas com um grupo reduzido de auxiliares do PT, os mesmos dos quais o ex-presidente se cercou logo depois de retomar os direitos políticos. Alguns atribuem ao personalismo de Lula os deslizes verbais que marcaram o início da corrida eleitoral e colocaram a equipe em alerta máximo.
Petistas contam que, na vitoriosa campanha de 2002, coordenada por José Dirceu, a dinâmica era outra. Quando alguém ia se queixar com Lula de alguma decisão, o então candidato respondia: “Quem decide isso é o Zé”. Faltando dois dias para aquela eleição, perguntei a Dirceu qual era o principal fator para a vitória. Ele respondeu que era a unidade.
Um velho dirigente do PT lembra que, naquela eleição, Dirceu sentiu falta de algumas pessoas em uma reunião da coordenação no comitê da campanha, na Vila Clementino, em São Paulo, e descobriu que eles estavam com Lula na sede do instituto, no Ipiranga. Imediatamente, Dirceu pegou o telefone e convocou um por um. Meia hora depois, todos estavam no comitê.
A função de Gleisi na eleição deste ano é diferente. Ela comandou o longo processo que levou à construção da maior coligação em torno de um candidato a presidente do PT, com 10 partidos – PT, PSB, PCdoB, PV, Rede, PSOL, Avante, Agir, Pros e SDD – mas, segundo integrantes da coordenação, não é tão presente nas funções executivas da campanha que, ao fim, acabam nas mãos de Lula. Um exemplo disso, de acordo com essas fontes, é a confusão envolvendo a distribuição de verbas do Fundo Eleitoral para os candidatos do partido a cargos proporcionais.
Assessores de Gleisi negam. Segundo eles, o que existe é uma diferença de perfis entre a atual presidente do PT e Dirceu, ou a “sombra de Dirceu”. O ex-ministro liderava um grupo próprio dentro do partido, independente de Lula e que, em vários momentos, chegou a antagonizar com o ex-presidente nas disputas internas. Já Gleisi é vista como uma integrante do grupo de Lula, aliada fiel, responsável por encaminhar de forma eficiente suas demandas junto à base do PT, mas cujo poder vem do ex-presidente. Para embasar o argumento, assessores de Gleisi dizem que, depois de José Dirceu, nunca houve outro coordenador de campanha presidencial do PT com tanto poder e autonomia.
Burlando estratégias
Para alguns aliados de Lula, o momento mais delicado da campanha, até agora, foi o debate da TV Bandeirantes, em 28 de agosto. O ex-presidente vinha de um bom desempenho na entrevista ao Jornal Nacional, três dias antes, e não demonstrava disposição para cumprir o enfadonho processo de preparação, que inclui passar e repassar as regras do programa, traçar a melhor estratégia, antever as possibilidades de ataques dos adversários, simular as perguntas mais agressivas e lapidar as respostas para os temas mais espinhosos com números, dados e argumentos checados e rechecados.
O primeiro sinal de má vontade veio na sexta-feira, dia 26, quando Lula decidiu que a preparação seria na casa dele, e não no escritório de campanha, como previsto. Logo no início dos trabalhos, ele avisou que o aniversário de Janja era no dia seguinte, e ele tiraria aquele sábado para comemorar a data com a esposa. Pouco depois do meio-dia, Lula dispensou a equipe dizendo que o casal sairia para um almoço.
A preparação só seria retomada no próprio dia do debate, domingo de manhã. Pela programação, o trabalho seria interrompido depois do almoço para que o candidato tivesse tempo de descansar e chegar inteiro na Band. Mas Lula insistiu que parte da equipe ficasse na sua casa pelo restante da tarde.
‘Lula nunca teve tanto poder sobre o PT. Nem quando era presidente da República’.
De acordo com pessoas que estavam no estúdio da Band, Lula chegou irritado e mal-humorado. Para piorar a situação, o sorteio dos lugares colocou o petista bem ao lado de Bolsonaro. Preocupados com o humor do ex-presidente, seus auxiliares inventaram a desculpa de que o Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, havia solicitado a mudança dos lugares, e Lula foi realocado para uma cadeira mais distante do presidente.
Na preparação, a equipe deixou claro que a primeira pergunta seria sobre corrupção e viria de Bolsonaro ou Ciro Gomes. A estratégia era repetir a resposta dada ao Jornal Nacional em um minuto e guardar os três minutos restantes para atacar Bolsonaro depois da réplica do presidente. Na plateia do lado de fora do estúdio, era grande a expectativa para que Lula falasse da compra de 51 imóveis no valor de R$ 21,6 milhões em dinheiro vivo pela família do presidente. Pesquisas internas mostravam que a revelação do UOL teve grande aderência entre o eleitorado e era um ponto fraco de Bolsonaro.
“Olha lá. Agora ele [Bolsonaro] vai tomar aquela invertida”, disse, sentado na plateia, o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas e atualmente uma das pessoas mais próximas do ex-presidente.
Quando Lula retomou a palavra, uma confusão envolvendo o deputado André Janones, do Pros de Minas Gerais, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles impediu que os demais convidados ouvissem a resposta de Lula. O deputado federal pelo PT paulista Rui Falcão, um dos coordenadores de comunicação da campanha, chegou a pedir silêncio, mas a balbúrdia já estava armada. Mesmo assim, os aliados de Lula constataram que o candidato, em vez de partir para o ataque, usou os três preciosos minutos para ler em tom monocórdio e com a voz cansada uma lista de realizações de seus governos.
Estrategistas da campanha avaliam que a performance do ex-presidente foi um “desastre” e jogou um balde de água fria na militância petista, que tinha a expectativa de ver Lula arrasar o adversário. O estrago só não foi maior porque Bolsonaro tropeçou na própria língua ao fazer um ataque gratuito à jornalista Vera Magalhães, uma das escaladas para fazer perguntas aos candidatos.
Aliados avaliam que a postura de Lula no debate foi mais uma consequência do perfil centralizador do ex-presidente nesta eleição. “Lula nunca teve tanto poder sobre o PT. Nem quando era presidente da República”, me disse um dirigente que há 20 anos integra a cúpula do partido.
Hoje, muito pouca gente tem coragem para contrariar o ex-presidente. Um dos poucos é Paulo Okamotto, amigo de Lula desde os tempos das greves dos metalúrgicos. Petistas contam que, em uma reunião na sede do instituto, Okamotto ficou contrariado com uma fala de Lula e deixou a sala exclamando um palavrão. Diante do constrangimento geral, o ex-presidente fez piada com a situação. “Não se animem, não. O Okamotto é o único que pode fazer isso”. Todos riram.
Desde o início formal da campanha, em agosto, Lula tem delegado mais funções, segundo os críticos, por falta de tempo. Alguns exemplos disso são a ampla autonomia dada a Sidônio Palmeira para fazer os programas de TV, a Alckmin para definir suas agendas e abrir canais com setores com os quais Lula não tem trânsito e a Gleisi para gerir a política da campanha em conversas com agentes políticos em que fecha acordos em nome do ex-presidente. Um assessor da campanha usou uma metáfora batida para caracterizar a situação. “Conforme o caminhão roda, as melancias vão se ajeitando na carroceria”.
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