Nos últimos dois anos, a senadora Simone Tebet, do MDB do Mato Grosso do Sul, viveu uma montanha-russa política. Ela se destacou na CPI da Covid como uma das mais atuantes parlamentares a denunciar os erros e abusos do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia. Depois, foi escolhida para ser candidata a presidente sem a retaguarda da maioria dos caciques partidários que se dividiam entre apoiar Bolsonaro ou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para muitos, ela foi colocada ali só para evitar que o MDB tivesse que escolher formalmente um dos lados, fadada à derrota desde o primeiro momento.
Apesar das condições adversas, a senadora conseguiu chegar em terceiro lugar com uma campanha digna de elogios até dos adversários. Tebet pontuou suas posições com firmeza e clareza, tentando quebrar a polarização entre os dois líderes das pesquisas. Agora, prestes a terminar o mandato no Senado, ela declarou apoio a Lula, com quem nunca teve afinidade política. O gesto é visto como decisivo no segundo turno da disputa presidencial.
Em entrevista por telefone ao Intercept na última sexta-feira, dia 14, depois de uma palestra na FGV, Tebet disse que o apoio não foi uma questão de escolha, mas de absoluta falta de opção. Segundo ela, a ameaça à democracia representada pela possibilidade de reeleição de Bolsonaro está muito acima de qualquer divergência política com Lula e com o PT – ainda que ela acredite que esse apoio a coloca “à beira de um abismo político”.
Para Tebet, amparado pelo Senado que saiu dessas eleições, Bolsonaro terá à sua disposição ferramentas para colocar de joelhos o Supremo Tribunal Federal, por meio de ameaça de impeachment de ministros, e para apoderar-se do Judiciário, a exemplo do que já fez com o Legislativo por meio do chamado orçamento secreto. De acordo com ela, decretar o fim do sigilo das emendas parlamentares secretas que somam R$ 45 bilhões e levaram às primeiras prisões de agentes públicos por corrupção na semana passada deve ser o primeiro ato de Lula, caso eleito.
Embora venha da região mais bolsonarista do Brasil, Tebet disse que deve atuar mais nos estados do Sudeste, onde teve boa votação. O objetivo, nas palavras da senadora, é dar “conforto” ao eleitor que está indeciso sinalizando, com sua presença, que um eventual governo Lula fará acenos ao centro.
Leia os principais trechos da entrevista:
Intercept – A senhora foi uma das primeiras a denunciar a existência do orçamento secreto e defende o fim desse mecanismo. Existe uma forma de eliminá-lo que não seja por meio de uma decisão do Judiciário?
Simone Tebet – Primeiro que é um orçamento que é secreto, mas cujo sistema de corrupção era público. Eu venho denunciando esse esquema e fui vítima dele desde a eleição para as mesas da Câmara e do Senado, em que eu e Baleia [Rossi, deputado e presidente nacional do MDB] perdemos, porque o presidente Bolsonaro, num conluio com o próprio Legislativo, permitiu que o orçamento público fosse negociado para angariar apoio aos candidatos que ele gostaria de ter como presidente das duas casas e acabou alcançando o objetivo.
Entendo que são dois caminhos. Basta uma caneta. O próximo presidente tem que baixar uma instrução normativa, uma portaria, um ato administrativo, exigindo de todos os ministros, secretários, executivos que tornem público por meio do portal da transparência a destinação de verbas nos últimos dois anos. Todas as planilhas, os ofícios e tudo que chegou do Congresso Nacional referente a direcionamento de emendas e do orçamento público brasileiro. A partir daí, com a ajuda do Judiciário e dos órgãos de fiscalização e controle, do Ministério Público, da Polícia Federal, você vai chegar nos gabinetes parlamentares de onde saíram os ofícios. Mas o primeiro ato, a meu ver, não é nem da justiça, é do próximo presidente da República.
Acabar com o sigilo acaba também com a lógica dessa forma de relação com o Congresso?
Sim, porque aí vai mostrar duas coisas. Um gravíssimo esquema de corrupção que foi montado para que tivesse apoio do Congresso – corrupção que não é de todo o parlamentar, é importante dizer isso. Grande parte dos senadores e deputados pegaram esse orçamento, e o dinheiro foi realmente aplicado. A informação mais importante é que os próprios parlamentares vão se surpreender com a grande concentração do orçamento secreto na mão de tão poucos, que havia uma hierarquia, como se tivesse senadores e deputados de primeiro, segundo e terceiro escalão. Quem é líder tem três dígitos, quem é uma pessoa importante na comissão tem dois dígitos. A média é de R$ 10 ou R$ 15 milhões, mas tem meia dúzia que recebeu R$ 200 ou R$ 300 milhões.
Como fazer isso sem perder a base no Congresso?
Paralelo a isso, uma boa saída dentro de uma lógica de orçamento participativo, ainda que de forma indireta, porque não se ouve a base, é aumentar as emendas individuais que são impositivas. Hoje, elas estão em torno de R$ 17 milhões, mas você pode nivelar todo mundo em R$ 25 milhões. Eu posso falar agora, porque eu não vou estar lá, então ninguém vai achar que estou legislando em causa própria, mas estabelecendo o seguinte: olha, todo mundo vai participar de forma legítima, constitucional, transparente do encaminhamento do orçamento público brasileiro.
Tenho certeza de que o próximo presidente vai vir com uma força política muito forte. O Congresso Nacional, no primeiro ano, respeita a autoridade de um presidente que saiu das urnas eleito legitimamente pelo voto direto do povo. Aí é o momento da lua de mel, em que o Congresso está mais receptivo a aprovar os projetos estruturantes. Daí a importância, por exemplo, de se aprovar nos seis primeiros meses a reforma tributária.
O próximo presidente não pode cometer o erro de perder o timing. Tão importante quanto os projetos, o que e aonde se quer chegar é o tempo que se vai levar para fazer isso. Ele vai ter um tempo curto para apresentar e aprovar as propostas para a economia voltar a girar. Se ele fizer isso, ele passa a ter apoio popular e, consequentemente, tem apoio do Congresso Nacional.
Como fazer isso com responsabilidade fiscal e um orçamento apertado?
Primeiro cortando os excessos e aproveitando que ele vai estar eleito neste ano para intervir diretamente na aprovação da lei orçamentária anual. E, segundo – parece-me que o mercado já precificou isso – é tirar do teto de gasto o auxílio emergencial para o ano que vem, porque todo mundo já sabe que será de R$ 600. A partir do momento que você tira essa diferença do teto, abre espaço para você poder executar. E não estamos falando de muita coisa.
‘Cada vez que Bolsonaro percebe que pode perder, ele grita, mas a grita dele está cada vez mais isolada’.
Qual é a maior ameaça ao Brasil no caso de reeleição de Bolsonaro?
É a democracia. Os valores democráticos já estão fragilizados. Isso é uma coisa que precisa ficar muito clara. A democracia está em risco. Essa fragilidade atingiu a harmonia entre os poderes, fez o Executivo se assenhorar do Legislativo e vice-versa. Hoje, não existe mais independência entre Executivo e Legislativo. O próximo passo seria se assenhorar do Poder Judiciário.
Ele [Bolsonaro] já cantou a pedra de que vai fazer o que outros países autocráticos também fizeram, ainda que de esquerda. Olha que ironia. Ele quer aumentar o número de membros do Supremo Tribunal Federal para ter a maioria e tentar controlar na base da ameaça, da chantagem mesmo, acovardar decisões judiciais contrárias ao governo. Tendo maioria no Congresso, especialmente no Senado, ele pode dizer: “Fique seu canto, se não, eu vou abrir um processo de impeachment, porque tenho controle das presidências das casas [legislativas]”. É o passo final.
A senhora acha que o eleitor comum, aquela pessoa que está desempregada ou ganhando muito pouco e precisa pagar as contas do mês, consegue entender isso?
Não. Eu dei uma palestra agora exatamente sobre isso. Esse é o problema do Brasil: no final dos anos 90, início dos anos 2000, quando a economia começou a desacelerar e a população foi envelhecendo, criou-se novas demandas que a política tradicional não conseguiu superar. Isso fez com que surgissem políticos populistas, com linguagem simples, prometendo um pedaço da lua e dizendo que não eram políticos. Isso talvez seja a grande novidade, o grande problema das democracias modernas, e teve como principal aliado um megafone chamado redes sociais. Por meio das fake news, eles criaram uma polarização, uma briga, uma espécie de guerra santa, guerra ideológica e tudo mais.
Nós estamos vivendo uma pandemia política. Vamos ter que repensar e recriar o Brasil sob novas bases. A gente não tem opção, não é uma questão de escolha. Quando eu apresentei meu manifesto, sabia exatamente o risco pessoal que corria. Eu construí minha campanha dentro de 45 dias. Eu tive que, em 48 horas, redigir um manifesto, pensar palavra por palavra para deixar claro que, apesar de todas as diferenças que sempre tive e tenho com com o ex-presidente Lula, algo muito maior está em jogo. É algo que está muito acima de um possível capital político que eu possa ter. É a defesa da democracia.
Bolsonaro voltou a adotar aquele tom golpista. O que a classe política pode fazer caso ele perca a eleição e decida não aceitar o resultado?
É a disposição da classe política para enfrentar uma situação dessas. Mas não acredito nisso. Ele só fala. É Bolsonaro sendo Bolsonaro. Cada vez que ele percebe que pode perder a eleição, ele grita, mas a grita dele está sendo cada vez mais isolada. Individual. As Forças Armadas já se posicionaram. O Supremo já disse que está vigilante. O Congresso Nacional, por meio dos presidentes, também. E o povo está pronto para ir às ruas se for necessário. É mais gritaria de alguém que quer criar movimentos depois que sair. Ele precisa de teses fantasiosas para continuar sendo lembrado, porque o bolsonarismo hoje, lamentavelmente como fascismo, o nazismo e o comunismo são maiores do que os próprios criadores. Não podemos esquecer que o bolsonarismo vai permanecer nos próximos anos e vai precisar ser alimentado. Ele está criando muito mais condições de alguma sobrevida futura do que propriamente ameaçar. Eles não tem condições, sozinho, de ameaçar ou não entregar a faixa.
‘O bolsonarismo hoje – lamentavelmente, como fascismo, o nazismo e o comunismo – é maior do que os próprios criadores’.
A pandemia foi o evento mais impactante da nossa geração. Por que o eleitorado não deu a devida importância a ela durante o processo eleitoral?
Concordo que não deu. Eu estava lá e percebi isso, inclusive com pesquisas paralelas. Talvez seja por causa das fake news. De um lado, as pessoas tinham a sensação de fatalidade, de que não tinha muito o que fazer. Por outro, elas acreditaram que não existia uma vacina ou que ela não era eficiente, que a cloroquina resolveria. No meio disso que eu chamo de pandemia política causada pelas fake news, as pessoas começaram a se importar muito mais com essas crenças do que propriamente com a pandemia. O Brasil de hoje é um país continental que tem a metade da população bem informada pela imprensa profissional e a outra não, que é mal-informada ou desinformada pelas fake news plantadas por grupos que desejam apenas permanecer no poder e, para isso, precisam criar falsas crises. Olha o tempo que nós estamos perdendo falando dessas coisas enquanto não conseguimos discutir os problemas reais do Brasil. Nós ficamos o tempo todo falando da defesa da democracia, dos valores democráticos. É o enredo. Ele nos coloca nesse enredo.
Quando a gente deixa de discutir os assuntos que são mais importantes para falar da pauta bolsonarista, não é um sinal de que já teve um retrocesso democrático?
Sem dúvida. Mas para ser justa nesta questão da polarização, toda moeda tem dois lados. Quando um não quer, dois não brigam. Essa polarização ideológica só acontece porque encontra guarida no outro lado. Não que sejam lados simétricos, não são. É óbvio que não são, nem no grau,e nem na intensidade, nem nada. Mas é importante mencionar que essa polarização foi alimentada num primeiro turno em que tivemos dois candidatos pontuando que fugiram de debate. Não estou dizendo que seja de má fé, mas caíram nessa casca de banana ou tinham interesses em jogar esse jogo.
Já está definido como vai ser a sua participação na campanha do Lula?
Acho que minha principal contribuição é o que eu represento nesse momento em que o eleitor indeciso que está pronto para anular o voto. Acho que eu represento um certo conforto para esses meus eleitores, ou mesmo para quem votou em branco ou nulo de que um eventual governo Lula estaria acenando mais ao centro. Quando fui apresentar o meu manifesto e tive a conversa com o presidente Lula, deixei muito claro para ele: “Presidente, vou me manifestar e pronto. Independentemente da conversa que nós vamos ter aqui, eu vou declarar meu voto e as razões do do meu apoio”.
Eu sei que estou assumindo um risco político enorme, que estou à beira de um precipício político, mas isso é infinitamente menor diante da minha trajetória de vida pública. Não estou indo só por causa de uma eleição. 2023 vai ser um dos anos mais difíceis, e Lula vai precisar das ideias do centro pra governar. Para mim, ficou claro que ele tem essa consciência. Então, a forma de atingir um maior número de eleitores e passar essa tranquilidade, justificando por que que eu estou com ele, apesar das nossas diferenças, é na televisão. Fiz várias gravações na segunda-feira, devo participar de praticamente todos os programas eleitorais. Paralelamente a isso, estou fazendo agendas. Vou para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e vários outros estados. Vou ter encontros com Lula e não tenho problema em relação a isso. Mas o tempo é curto. A gente tem que caminhar cada um no seu nicho, e eu tenho que falar para o meu público.
Em quais regiões a campanha deve focar? É possível virar votos nas regiões Centro-Oeste e Sul, onde Bolsonaro venceu?
No Centro-Oeste, a gente tem uma baixa densidade eleitoral. Acredito que a eleição passa pelos votos ainda indecisos do Nordeste, que podem ainda migrar para o Lula, e do Sudeste. Falam muito de Minas, porque realmente o norte de Minas é mais voltado para o eleitorado do Nordeste, e o sul mais voltado para a realidade socioeconômica do Sudeste. Como estamos falando do segundo maior colégio eleitoral, onde as coisas podem ser alteradas, entendo que eu tenho condições de colaborar mais, até porque eu tive votos. Cheguei a ter no tracking 11% no estado de São Paulo. Aí, o voto útil foi me desidratando. Então, dentro desse perfil, acho que tenho condições de colaborar mais no Sudeste.
‘Olha o tempo que perdemos sem discutir os problemas reais do Brasil. Ficamos o tempo todo falando da defesa da democracia. Ele nos coloca nesse enredo’.
A senhora já defendeu publicamente que o MDB fique neutro em relação a um eventual governo Lula, mas também disse que ele vai precisar das ideias do partido. A senhora descarta ser ministra caso Lula seja eleito?
Entendo primeiro que o presidente Lula vai ganhar eleição. Segundo, já fui do Executivo e sei o quanto é difícil compor um ministério competente da sua preferência, tendo que fazer tantas concessões. A primeira coisa que eu disse ao presidente Lula foi que meu manifesto estava pronto, iria declarar apoio e [se] ele aceitasse minhas propostas, entraria na campanha sem pedir absolutamente nada em troca. Estou dentro da campanha naquilo que eu posso ajudar e não quero nenhum cargo.
A reconstrução do Brasil vai ser uma tarefa muito difícil e diante disso não é possível o presidente não ter autonomia para formar sua equipe. Por isso que eu digo que o maior partido de centro, que é o MDB, que é um ponto de equilíbrio, tem que se manter neutro nesse processo para ajudar o Brasil. Se o presidente escolher um deputado ou senador para ser ministro, é óbvio que isso é um direito do parlamentar. Mas acho que ele vai ter que fazer uma escolha a dedo, não só necessariamente técnica, mas também política, porque ele vai precisar de gente com muita experiência para poder superar as diversidades, que não serão poucas.
Quais serão seus próximos passos, agora que sai da eleição com grande capital político, mas vai ficar sem o mandato de senadora?
Continuar agindo com a minha verdade. Aprendi na minha casa que quem tem poder é para servir, não para se servir. Foi uma campanha muito difícil para mim. Na minha pré-campanha, eu fui humilhada em todos os aspectos. Eu fui humilhada lá atrás, quando ninguém acreditava que eu seria candidata e que eu teria coragem, até o fim, andei sozinha pelas ruas, não tive apoio da maioria do meu partido. O presidente Baleia Rossi foi um grande amigo, um irmão que eu conquistei nessa caminhada que esteve comigo o tempo todo. Não sei qual vai ser o meu papel nesses quatro anos, só sei que me surpreendi ao ver como as pessoas estavam precisando dessa forma que eu usei para fazer minha campanha. Eu não preciso ser candidata a nada, não preciso do cargo para isso. Ainda mais agora.
A senhora disse que foi humilhada na pré-campanha. Se não fosse mulher, teria passado por essas humilhações?
Olha, é tão difícil dizer isso. Nunca vou me colocar como vítima, até porque também eu sou uma privilegiada enquanto mulher branca, hétero, com alguma condição social. Eu sei que não sou a cara mais pobre do Brasil, onde, lamentavelmente, [essa cara] é a de uma mulher preta. Mas sim, acredito que a violência política de gênero aconteceu. Eu tenho que acreditar que essa tenha sido uma exceção na minha vida. Sofri violência política dentro do Senado e fora do Senado, dentro do meu partido, fora do meu partido. Isso foi uma constante e acontece com todas as mulheres que colocam a cabeça para fora. Não precisa ir muito longe, olha como o presidente tratou as candidatas mulheres. O Bolsonaro perguntou: “Quem é essa Simone?”. E eu tive 5 milhões de votos! Só porque eu não declarei apoio a ele. Nas entrevistas, ele não sabia se ele estava falando da Soraya [Thronicke, candidata do União Brasil] ou da Simone.
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