Google associa site adulto à palavra 'criança' e sugere pornografia infantil em sua barra de busca

Google associa site adulto à palavra 'criança' e sugere pornografia infantil em sua barra de busca

Em aba anônima, 'xvideos' apareceu associado à infância. Esta não é a primeira vez que a plataforma indexa termos que reforçam prática de crimes ou preconceito.

Google associa site adulto à palavra 'criança' e sugere pornografia infantil em sua barra de busca

No fim de março deste ano, um usuário abriu a aba anônima do navegador do seu celular e digitou o nome de um site de compartilhamento de vídeos pornográficos. Para sua surpresa, no Google Chrome — buscador próprio do Google -, a plataforma sugeriu as palavras  “xvideos crianças” e “xvideos infantis”, numa clara alusão à pedofilia. O Intercept fez o teste, também em uma aba anônima, e encontrou o mesmo resultado.

Os mecanismos de busca da plataforma tentam adivinhar, com base em algoritmos, o que o internauta deseja, completando automaticamente possíveis áreas de interesse. Esse preenchimento se dá por dois caminhos: pelas buscas mais comuns dos usuários ou pela quantidade de conteúdos disponíveis na internet. 

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Esta não é a primeira vez que o Google indexa termos que reforçam preconceitos, prática de crimes ou incitação à violência. Em 2019, por exemplo, quando o usuário escrevia as palavras “tranças feias” apenas imagens de mulheres negras apareciam nos resultados. Ao digitar, no entanto, “tranças bonitas” as imagens que surgiam na tela eram de mulheres brancas. 

Legenda. Créditos.

Antes, em 2016, num caso que ficou famoso em todo o mundo, um adolescente na Virgínia, nos Estados Unidos, escreveu as palavras “três adolescentes negros  – three black teenagers, em inglês – e encontrou como respostas imagens de jovens fichados pela polícia. Ao repetir a mesma pesquisa alterando apenas o termo “branco”, as imagens sugeridas foram de jovens em momentos de lazer.

“Teve também o caso conhecido de busca por médicos, que só apareciam pessoas brancas”, relembra Caio Machado, diretor executivo do Instituto Vero, grupo formado por pesquisadores que analisam a circulação de discursos nas redes.

“Até onde sei, o Google tem esse trabalho de formiguinha, manual mesmo de limpar esse tipo de coisa que ferem questões legais ou que ofendam as pessoas de alguma forma. Se forem notificados e não tomarem providências aí, sim, é preciso acionar a Justiça e responsabilizá-los”, explica Machado.

O Intercept enviou à assessoria do Google a imagem da busca relacionando os termos à pedofilia. Em nota, a plataforma disse que  o exemplo enviado pela reportagem” viola nossas políticas e já foi bloqueado”. Informou ainda que trabalha para “evitar previsões irrelevantes ou que violem” suas políticas. “[Isso] inclui previsões violentas, sexualmente explícitas, de incitação ao ódio, depreciativas, perigosas ou que levem a materiais de exploração ou imagens de abuso sexual infantil”. 

Esta não é a primeira vez que o Google indexa termos que reforçam preconceitos, prática de crimes ou incitação à violência.

“Quando surgem problemas, procuramos resolvê-los melhorando nossos sistemas automatizados. Isso nos permite lidar melhor com um problema específico que foi detectado e melhorar as consultas relacionadas e outras pesquisas em geral”, completou o Google.

Após procurarmos a plataforma, repetimos a pesquisa por “xvideos” e as respostas variaram. Em alguns casos, mais uma vez, voltou a aparecer conteúdo ligados à pornografia infantil. Em outros, foram sugeridas as seguintes opções: vídeos, vídeos grátis, vídeos engraçados, vídeo motivacional, vídeos infantis (Mundo Bita).  

Procuramos também a SaferNet, ONG em defesa dos direitos humanos na internet e que age em combate a pornografia infantil digital. Eles repetiram as buscas, após o Google ter sido avisado da ocorrência, e não conseguiram chegar aos mesmos resultados. 

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Mas temos pouco tempo, e muito mais a revelar. Agora precisamos de recursos para colocar mais repórteres nas ruas. Para isso, precisamos de sua ajuda. Somos financiados por nossos leitores, não pelas empresas ricas que mandam em Brasília.

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