Jornalistas do Intercept terão que depor ainda hoje na Polícia Civil de São Paulo em investigação movida a pedido da Igreja de Edir Macedo, a Universal. Contamos para você sobre esta investigação na nossa newsletter em fevereiro.
A Igreja de Seu Edir está furiosa porque nossa reportagem revelou documentos sigilosos indicando uma possível operação de lavagem de dinheiro que, em apenas cinco anos, movimentou mais de R$ 33 bilhões.
Eles exigiram que a polícia nos investigasse para saber como encontramos esses documentos e quem nos entregou o material. E sabe o que é pior? O Ministério Público de São Paulo acatou o pedido. A Universal quer saber descobrir quem é nossa fonte. Isso vai contra nosso direito constitucional de manter o sigilo das fontes, e a polícia quer que a gente colabore com isso.
Somos obrigados por lei a comparecer. Mas, obviamente, quando eu e o repórter Gilberto Nascimento entrarmos naquela sala hoje, só teremos uma resposta para o delegado e a Universal: silêncio.
Sempre protegeremos nossas fontes, independentemente das implicações.
O simples fato de que essa investigação esteja ocorrendo já é preocupante, mas obrigar jornalistas a depor é totalmente ultrajante. É uma intimidação e uma clara afronta ao nosso direito constitucional à liberdade de imprensa e à proteção da fonte.
É também um sinal de que a investigação não vai acabar tão cedo. Seu escopo ainda não está claro, mas tudo é possível, mesmo que tenhamos operado 100% dentro da lei.
Não vamos nos acovardar e não vamos deixar de investigar a Igreja Universal, Edir Macedo ou quem quiser nos deter com intimidação judicial.
Agora é hora de nos prepararmos para a possibilidade de uma batalha judicial e redobrarmos nossas forças investigativas sobre o poderoso império político e empresarial do Bispo Macedo e precisamos de toda a ajuda possível. Podemos contar com você?
A Igreja Universal é conhecida por suas posturas agressivamente litigiosas a reportagens que mostram o que eles querem esconder. E publicamos muitas dessas ao longo dos anos.
Revelar fontes tem um efeito amedrontador em futuros denunciantes — esse é o objetivo deles. É por isso que devemos sempre combater cada caso com extrema intensidade.
Continuamos a fazer nosso trabalho, porque não cedemos a qualquer intimidação. No mês passado, por exemplo, publicamos uma reportagem exclusiva sobre a “máquina de vasectomias” da Universal.
Muitas outras redações evitam investigar o império de Edir Macedo, porque seus donos temem a repercussão. Outros, como Record e R7, bem… são propriedade do império Macedo.
No Intercept, por outro lado, já publicamos:
- Uma entrevista com um ex-parceiro de negócios da Igreja que diz ter lavado dinheiro para a Igreja usando métodos ensinados por eles;
- Detalhes sobre como a Universal impõe vasectomias a seus pastores;
- Evidências de um esquema de pirâmide de criptomoedas vendidas no Templo de Salomão, seu quartel-geral;
- Como o neto de Macedo foi forçado a viver nas ruas nos EUA após ser expulso de casa por rejeitar uma carreira na Universal;
- Gravações de uma reunião em que um bispo ensina pastores a “manipular” seguidores para doar casas e carros;
- Provas de que a esposa do então braço direito de Macedo e então vice-presidente de jornalismo da Record era funcionária fantasma da Alesp;
- Relatos em primeira mão de como a redação do R7 foi obrigada a apoiar Bolsonaro e atacar adversários nas eleições de 2018;
- Entre outras…
No Intercept, optamos por não receber dinheiro de publicidade de empresas ou do governo para garantir nossa independência. Vocês nos permitem isso. Nosso modelo de negócio incentiva investigações ambiciosas, não caça-cliques – e tudo é reinvestido no jornalismo.
Usamos suas contribuições para correr atrás de grandes histórias, sem medo de com quem estamos mexendo. Nossa força vem exclusivamente da nossa convicção e do apoio dos nossos membros: a comunidade de milhares de pessoas que acreditam no poder do jornalismo investigativo, independente; pessoas que acreditam que um futuro melhor é possível se trabalharmos juntos. Por isso, quando eu estiver sentada na frente do delegado de polícia hoje, estarei pensando nessa comunidade — e em você.
Precisamos da sua ajuda agora. Queremos você ao nosso lado enquanto enfrentamos Edir Macedo e a Polícia Civil de São Paulo e gritamos: “Jornalismo investigativo não é crime!” Por favor, faça parte do Intercept hoje.
JÁ ESTÁ ACONTECENDO
Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.
A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.
Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.
A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.
Você está pronto para combater a máquina bilionária da extrema direita ao nosso lado?