Dom Phillips morreu seguindo seu sonho. O jornalista britânico apaixonou-se imediatamente pela Amazônia. Quando foi assassinado, covardemente, ao lado do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, no dia 5 de junho de 2022, ele estava na última etapa do projeto de sua vida: Dom escrevia um livro no qual demonstrava todo seu encanto pela região amazônica e pelos seus habitantes e juntava os planos de vários brasileiros de como salvá-los para o mundo afora. A família de Dom e seus amigos decidiram que esse livro – e sonho – não poderiam terminar nas margens lamacentas do rio Itaquaí.
Hoje, a família e a editora de Dom anunciaram que o livro, “Como salvar a Amazônia: Pergunte às pessoas que sabem”, será concluído e publicado por uma equipe de jornalistas premiados.
Sian Phillips, a irmã de Dom, está liderando uma campanha de arrecadação para financiar a produção do livro e as viagens de reportagem, para a qual você pode contribuir.
Dom havia concluído grande parte da pesquisa e quase metade do manuscrito e pretendia voltar do Javari para escrever os capítulos restantes. Ele queria escrever “um livro de viagem ambiental conduzido pelas personagens, profundamente pesquisado e ativista, que tem como objetivo entreter, informar e, mais importante, mobilizar os leitores”, de acordo com sua proposta original. “Quero que as pessoas pensem de maneira diferente sobre a maior floresta tropical do mundo e como podem contribuir para protegê-la, levando-as até lá”, continuou.
Os capítulos restantes serão escritos por Eliane Brum, do Sumaúma; Tom Phillips, do The Guardian; Jon Lee Anderson, do The New Yorker; Kátia Brasil, da Amazônia Real; Jonathan Watts, do The Guardian e Sumaúma; e eu, Andrew Fishman, do Intercept Brasil. Outros jornalistas amigos de Dom participarão também.
O projeto será supervisionado por uma equipe de amigos e colegas de Dom, incluindo Rebecca Carter, sua agente literária; David Davies, autor; Tom Hennigan, do Irish Times; Watts e eu em colaboração com Margaret Stead, da editora britânica Manilla Press que publicará o livro.
“’Como Salvar a Amazônia’ é mais do que um livro. Na minha opinião, representa um desejo genuíno e atual de mudança ambiental positiva, sobre o qual Dom escreveu com sensibilidade,” disse Alessandra Sampaio, a viúva brasileira de Dom. “Esse trabalho continuará com uma equipe de escritores de primeira linha que estão comprometidos em honrar a poderosa visão de Dom.”
Sian, a irmã de Dom, disse que a conclusão do livro “não é apenas uma forma de criar um tributo duradouro e dar sentido à sua morte, mas também uma contribuição para os esforços urgentes de encontrar soluções para a crise na Amazônia. Espero que nas próximas semanas e meses possamos arrecadar fundos suficientes para concluir a publicação do livro.”
Os supostos assassinos de Dom e Bruno — pescadores acusados de ligações com o crime organizado — são presos e indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Na próxima segunda-feira, 5 de junho, serão realizados memoriais em Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Campinas e Londres em homenagem a Dom e Bruno.
- Rio de Janeiro: Praia de Copacabana, Posto 6 – às 10h
- Brasília: Maloca da UnB – às 16h
- Salvador: Farol da Barra – às 15h
- Campinas: Unicamp, Teatro de arena do ciclo básico – às 13h
- Londres: Rich Mix, 35-47 Bethnal Green Rd, E 1 6LA – das 19h até às 23h
Alessandra e a família de Dom se uniram a uma equipe de jornalistas premiados para concluir o livro inacabado de Dom, “Como salvar a Amazônia”. Eles lançaram uma campanha de arrecadação para financiar as viagens de reportagem necessárias ao projeto. Você pode apoiar esta missão e manter a visão de Dom vivo clicando aqui e doando para a vaquinha.
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