João Filho

A máquina da morte da extrema direita está literalmente botando fogo em nosso país, enquanto muitos fingem que não.

Ela tem trilhões de reais para gastar em propaganda, e a grande mídia está muito feliz em aceitá-los.

Mas no Intercept praticamente cada centavo vem de você, nosso leitor. E, em 2025, precisamos nos unir e lutar mais do que nunca.

Podemos contar com você para atingir nossa meta de arrecadação de fim do ano? O futuro depende de nós.

QUERO APOIAR

A máquina da morte da extrema direita está literalmente botando fogo em nosso país, enquanto muitos fingem que não.

Ela tem trilhões de reais para gastar em propaganda, e a grande mídia está muito feliz em aceitá-los.

Mas no Intercept praticamente cada centavo vem de você, nosso leitor. E, em 2025, precisamos nos unir e lutar mais do que nunca.

Podemos contar com você para atingir nossa meta de arrecadação de fim do ano? O futuro depende de nós.

QUERO APOIAR

Famílias Bolsonaro e Brazão têm muito em comum: ligação com a milícia e terrenos na zona oeste do Rio

Intercept Brasil antecipou que Ronnie Lessa apontou Domingos Brazão como mandante da morte de Marielle Franco, na agora homologada delação. Famílias Brazão e Bolsonaro possuem trajetórias semelhantes.

Famílias Bolsonaro e Brazão têm muito em comum: ligação com a milícia e terrenos na zona oeste do Rio

Arte mostra Chiquinho e Domingos Brazão ao lado de Jair e Flávio Bolsonaro. Legenda. Ilustração: Intercept Brasil

Nesta semana foi homologada no STF a delação premiada do miliciano Ronnie Lessa, apontado como  assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes. Como havia adiantado o Intercept Brasil em janeiro, a delação aponta como mandante do crime Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Nesta semana, Guilherme Amado, do site Metrópoles, trouxe a informação que Ronnie Lessa também teria mencionado o nome do deputado federal Chiquinho Brazão, irmão de Domingos, na delação.

No depoimento à Polícia Federal, Ronnie Lessa, apontado como matador de aluguel do Escritório do Crime, contou detalhes das reuniões feitas com os irmãos Brazão para o planejamento do assassinato da vereadora. 

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar

Forneceu também uma série de indícios e provas sobre a participação dos mandantes do crime. Segundo ele, Marielle se tornou um alvo porque se opunha aos interesses da exploração imobiliária comandada pelas milícias ligadas à família Brazão na zona oeste do Rio de Janeiro. 

Quando Chiquinho era vereador, foi presidente da Comissão de Assuntos Urbanos e legislou em causa própria ao permitir a regularização e parcelamento do solo em áreas dominadas pela milícia. Os irmãos Brazão pretendiam regularizar um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social. O objetivo era conseguir o título de propriedade para especulação imobiliária. Marielle, por outro lado, defendia a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e reivindicava que o processo fosse acompanhado por órgãos da Defensoria Pública do Rio. 

LEIA TAMBÉM

Apesar do burburinho nas ruas e redes sociais, não há qualquer indício que ligue diretamente a família Bolsonaro ao assassinato de Marielle. Qualquer insinuação nesse sentido seria uma leviandade. 

Mas nunca é demais reforçar a natureza da formação política da família Bolsonaro, os caminhos que a fizeram alcançar a Presidência da República e suas conexões obscuras com o crime organizado. As ligações políticas, financeiras e pessoais dos Bolsonaros com Lessa e os integrantes da família Brazão são fortes e indiscutíveis. 

Apontar a proximidade do Bolsonaro com os mandantes e o executor do homicídio da vereadora não é uma ilação, mas a mera constatação dos fatos. Vejamos. Ronnie Lessa era um dos matadores de aluguel do Escritório do Crime, grupo liderado por Adriano da Nóbrega, assassinado em fevereiro de 2020 . 

Ambos passaram pelo curso de formação  do Bope ao mesmo tempo em que atuavam paralelamente como seguranças de famílias de bicheiros do Rio de Janeiro. Apesar  de disputarem entre si o título de melhor matador profissional do Rio de Janeiro, Lessa e Nóbrega com frequência se uniam para eliminar alvos em comum. A relação dos ex-policiais com com a família Bolsonaro vem desde essa época. 

Como se sabe, Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete a mãe e a esposa de Adriano. Quando ele foi assassinado, o então presidente Jair Bolsonaro o chamou de “herói”

Ronnie Lessa morava no mesmo condomínio do ex-presidente e os filhos dos dois chegaram a namorar. Em 2009, ele perdeu uma perna durante um atentado a bomba enquanto trabalhava como segurança do bicheiro Rogério de Andrade. 

As famílias Bolsonaro e Brazão se elegeram para vários cargos, atuam na zona oeste do Rio e mantêm ligações umbilicais com a milícia.[//pullquote]

Sabe qual político intercedeu na  Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação do Rio de Janeiro para que o atendimento do criminoso fosse priorizado?  Ele mesmo, o então deputado Jair Bolsonaro. 

Apesar de tudo isso, Lessa nega conhecê-lo pessoalmente. Acho difícil que isso seja verdade, mas mesmo que seja, é impossível negar o fato de que os dois fazem parte do mesmo entrelaçamento que une as milícias à política.

A proximidade e as semelhanças dos Bolsonaros com a família Brazão são ainda mais claras. São famílias de políticos que se elegem para vários cargos ao mesmo tempo, atuam tradicionalmente na zona oeste do Rio de Janeiro e mantêm ligações umbilicais com a milícia da região. 

Flávio Bolsonaro e Chiquinho Brazão chegaram a subir juntos num carro de som em uma carreata eleitoral para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro, em 2022. Além de fazerem campanhas políticas juntos, Flávio e Chiquinho mantiveram negócios imobiliários associados com milícias na zona oeste do Rio de Janeiro. 

Ambos compartilham do interesse pela especulação imobiliária irregular na região. Como apontou o Intercept em 2020, documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro revelaram que Flávio Bolsonaro usou dinheiro da rachadinha feita em seu gabinete para financiar a construção ilegal de prédios pela milícia. 

Queiroz, então chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro e amigão de Lessa e de Nóbrega, confiscava 40% dos salários dos funcionários do gabinete e repassava para o Escritório do Crime. Segundo o inquérito, o lucro com a venda dos prédios seria dividido com Flávio Bolsonaro. Foi justamente essa investigação do MP que motivou o ex-presidente Jair Bolsonaro a pressionar o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio e em Brasília. 

Lembremos que o que motivou o assassinato de Marielle foram justamente os negócios imobiliários irregulares nessa mesma região do Rio de Janeiro. A vereadora representava uma pedra no sapato daqueles que lucravam alto com a especulação imobiliária ilegal. 

Mesmo não havendo qualquer indício do envolvimento de Flávio Bolsonaro com o crime, é fato que ele seria um dos beneficiários. Afinal de contas, assim como os irmãos Brazão, ele lucraria com a venda de prédios construídos com a verba pública que saiu de dentro do seu gabinete. Lembremos também que a Abin de Bolsonaro monitorou ilegalmente os passos da promotora do caso Marielle. O que teria motivado isso?

O assassinato de Marielle caminha para ser solucionado completamente. O país precisa conhecer a fundo os detalhes, os personagens e as circunstâncias que levaram uma associação entre políticos e milicianos a assassinar uma vereadora de esquerda que lutava pelos direitos dos mais pobres. 

É fundamental que se puxe o fio completo da trama, porque ela ajuda a explicar o Brasil de hoje e a ascensão dos reacionários associados ao crime organizado ao poder.

JÁ ESTÁ ACONTECENDO

Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.

Você está pronto para combater a máquina bilionária da extrema direita ao nosso lado? Faça uma doação hoje mesmo.

Apoie o Intercept Hoje

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar