Fumaça e chamas aumentam depois que as forças israelenses atingem um arranha-céu na Cidade de Gaza.

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Câmara dos EUA bloqueia auxílio à reconstrução de Gaza

Republicanos, alinhados com Israel, vêm propondo diversas medidas para restringir qualquer ajuda humanitária aos palestinos

Fumaça e chamas aumentam depois que as forças israelenses atingem um arranha-céu na Cidade de Gaza.

A Câmara dos Deputados dos EUA votou, na última quarta-feira, pelo bloqueio ao financiamento da reconstrução de Gaza, cuja destruição foi, em grande parte, financiada pelos próprios EUA. 

A disposição foi apresentada por deputados do Partido Republicano – Brian Mast, do estado da Flórida, Claudia Tenney, do estado de Nova York, e Eli Crane, do estado do Arizona – como uma emenda à Lei de Autorização da Defesa Nacional de 2025, o orçamento anual de defesa do país. Embora os deputados do Partido Democrata se opusessem à emenda, que foi aprovada por uma simples votação oral, não solicitaram o registro dos votos.

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“Eles estão em plena guerra contra um dos nossos maiores e melhores aliados em todo o mundo”, disse Mast no plenário da Câmara antes da votação, referindo-se a Gaza de forma geral, sem especificar o Hamas. O republicano da Flórida, um ex-voluntário nas Forças de Defesa de Israel que tem repetidamente feito comentários incendiários contra a Palestina desde 7 de outubro, disse que é “absurdo ” sugerir a reconstrução do local que há oito meses vem sendo arrasado por bombas israelenses e americanas.

Os EUA enviaram US$12,5 bilhões (R$67 bilhões) a Israel apenas este ano, complementando os US$3,8 bilhões (R$20 bilhões) anuais com mais US$8,7 bilhões (R$47 bilhões) aprovados em abril. O ataque de Israel a Gaza já destruiu mais de metade dos edifícios do enclave sitiado, desalojou cerca de 1,7 milhão de palestinos e matou mais de 37 mil pessoas.

Vetar fundos para a reconstrução de Gaza, ao mesmo tempo em que fornecem ativamente verba pública, armas e informações para destruir Gaza e a sociedade palestina, reafirma que os parlamentares pretendem que os EUA participem ativamente das atrocidades de Israel.

O dispositivo que trata da reconstrução é apenas uma das várias emendas parlamentares voltadas para Gaza, que republicanos e democratas moderados introduziram no orçamento de defesa obrigatório. Algumas das propostas, como a de reconstrução, devem enfrentar mais resistência no Senado.

“Que a Câmara aprove emendas legislativas contrárias à Palestina, a essa altura, reafirma que muitos no Congresso não valorizam a vida de seus eleitores palestinos”, diz Mohammed Khader, gerente de políticas da Campanha pelos Direitos Palestinos nos EUA. “Vetar fundos para a reconstrução de Gaza, ao mesmo tempo em que fornecem ativamente verba pública, armas e informações para destruir Gaza e a sociedade palestina, reafirma que os parlamentares pretendem que os EUA participem ativamente das atrocidades de Israel.”

Um trio de deputados republicanos do Texas apresentou uma emenda que visa a proibir a utilização de fundos do Departamento de Defesa para operar aviões de transporte de refugiados palestinos para os Estados Unidos. Os democratas solicitaram que os votos fossem registrados para esta medida.

Parlamentares republicanos também introduziram duas emendas relacionadas ao píer flutuante temporário do Pentágono em Gaza, que visa a facilitar a entrega de ajuda humanitária, mas tem falhado em servir a esse propósito. Uma delas proibiria a utilização de fundos para construir, fazer manutenção ou reparos em um píer na costa de Gaza, ou mesmo para transportar suprimentos para esse píer. Em outras palavras, os republicanos estão tentando encerrar o projeto completamente. Outra emenda proibiria que recursos dos EUA fossem gastos no píer ou outras estruturas semelhantes. 

Outros republicanos apresentaram emendas contra o movimento de boicote, desinvestimento ou sanção contra Israel pela ocupação ilegal da Palestina. 

Lauren Boebert, deputada do Partido Republicano do estado do Colorado, apresentou uma emenda para proibir o Departamento de Defesa de celebrar contratos com instituições envolvidas em boicotes a Israel. O deputado Andy Ogles, do Partido Republicano do estado do Tennessee, apresentou uma emenda para manifestar “a opinião unânime do Congresso” de que o Departamento de Defesa não deveria participar de uma exposição europeia sobre defesa que imponha restrições à participação israelense.  A emenda foi aprovada por votação oral. 

Entre as emendas de autoria de parlamentares democratas estão aquelas que expressam apoio aos esforços militares firmados entre os EUA e Israel.

O deputado Jared Moskowitz, do Partido Democrata do estado da Flórida, apresentou uma emenda para exigir uma avaliação da precisão da contagem do número de vítimas pelo Ministério da Saúde de Gaza. Ao longo dos últimos oito meses, apoiadores de Israel ressaltaram que o Hamas — como entidade governante de Gaza — controla o Ministério da Saúde, como argumento para descreditar a sua contagem de mortos. Ainda assim, os números do Ministério da Saúde já foram corroborados pelas Nações Unidas, pelos Médicos Sem Fronteiras e até mesmo pelo próprio Governo de Israel

Considerando os danos causados à infraestrutura de Gaza e o número de soldados palestinos mortos, somados às milhares de pessoas desaparecidas sob os escombros, é possível que os números do Ministério estejam, na realidade, subestimados. 

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Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

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