Plataforma da Petrobras. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

A máquina da morte da extrema direita está literalmente botando fogo em nosso país, enquanto muitos fingem que não.

Ela tem trilhões de reais para gastar em propaganda, e a grande mídia está muito feliz em aceitá-los.

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‘É uma contradição continuar investindo em pré-sal como uma forma de desenvolver o Brasil’, diz Sabrina Fernandes  

Em entrevista ao Intercept, Sabrina Fernandes aponta caminhos para uma saída ecológica e socialmente justa em momentos de calamidade climática.

Plataforma da Petrobras. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Mudanças climáticas e deslocamentos de pessoas impactadas por eventos extremos estão cada vez mais conectados. Vimos cenas assim nas enchentes do Rio Grande do Sul. Para falar sobre esse e outros temas ligados ao colapso climático e a urgência de respostas do estado, o Intercept Brasil entrevistou a socióloga Sabrina Fernandes.

Sabrina Fernandes. Foto: Divulgação
Sabrina Fernandes. Foto: Divulgação

Fernandes, colunista do Intercept, traça caminhos para o que seria uma boa resposta em casos como o do Rio Grande do Sul, que ela chama de calamidade climática e humanitária. “Alguns princípios de justiça socioeconômica são essenciais para dar respostas à tragédia. Uma renda universal faria muito mais sentido agora”, enfatiza.

“É um momento de pensar o que é o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ em um contexto de calamidade climática, de adaptação. O MTST tem boas experiências que podem ser destacadas aqui para reconstrução de moradias de um modo mais ecológico”.

Ela defende também um modelo de justiça tributária planejado para que o país tenha o nosso próprio fundo de perdas e danos – e com isso entrarmos em uma lógica de reparação. “Eu não acredito que o caminho do saque calamidade é adequado para um princípio de justiça socioeconômica, sair lançando linhas de crédito é um caminho adequado porque aqui estamos falando de pessoas que vão ter que se endividar de uma forma ou de outra”.

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Modelos de reconstrução pós-calamidade

Segundo a socióloga, existem três modelos a evitar nessa fase de reconstrução:

O modelo adotado por Nova Orleans após o furacão Katrina. O governo decidiu contratar empresas de consultoria para a reconstrução do estado, resultando em um modelo urbano mais segregado, excluindo os mais pobres, que foram justamente os mais afetados pela furação. 

O modelo em curso na Ucrânia por conta da guerra com a Rússia. É um modelo similar com o de Nova Orleans, porém com a diferença que os empresários utilizam investimentos do estado para minimizar os riscos, podendo levar a mais privatização de serviços básicos.

O modelo do Líbano, que por conta de uma sequência de guerras e conflitos acabou normalizando a lógica do voluntariado e uma ‘onguização’ de serviços que o estado deveria prover.

Contradições

“É nossa responsabilidade chamar atenção para algumas contradições, algumas políticas que prejudicam a população do Rio Grande do Sul e de todo o Brasil, que se torna cada vez mais vulnerável às mudanças climáticas, se a gente continua investindo em uma lógica de pré-sal como uma forma de desenvolver o Brasil”, explica Fernandes. 

A socióloga também questiona o conceito de refugiados climáticos, que ela não considera adequada para tratar do que está acontecendo no Rio Grande do Sul agora. Ela enfatiza a necessidade de o Brasil pensar políticas públicas voltadas para pessoas que tiveram que se deslocar internamente por conta das mudanças climáticas, enquanto a discussão sobre refugiados climáticos não avança para a criação de uma convenção internacional.

Segundo a agência da ONU para Refugiados, a Acnur, os desastres relacionados ao clima provocaram mais da metade dos novos deslocamentos relatados em 2022.

Assista a entrevista completa com Sabrina Fernandes:

JÁ ESTÁ ACONTECENDO

Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.

Você está pronto para combater a máquina bilionária da extrema direita ao nosso lado? Faça uma doação hoje mesmo.

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