Vozes

A máquina da morte da extrema direita está literalmente botando fogo em nosso país, enquanto muitos fingem que não.

Ela tem trilhões de reais para gastar em propaganda, e a grande mídia está muito feliz em aceitá-los.

Mas no Intercept praticamente cada centavo vem de você, nosso leitor. E, em 2025, precisamos nos unir e lutar mais do que nunca.

Podemos contar com você para atingir nossa meta de arrecadação de fim do ano? O futuro depende de nós.

QUERO APOIAR

A máquina da morte da extrema direita está literalmente botando fogo em nosso país, enquanto muitos fingem que não.

Ela tem trilhões de reais para gastar em propaganda, e a grande mídia está muito feliz em aceitá-los.

Mas no Intercept praticamente cada centavo vem de você, nosso leitor. E, em 2025, precisamos nos unir e lutar mais do que nunca.

Podemos contar com você para atingir nossa meta de arrecadação de fim do ano? O futuro depende de nós.

QUERO APOIAR

Protestos violentos escancaram racismo no Reino Unido

Manifestantes anti-imigração queimam casas e lojas de não-brancos e convocam protestos em dezenas de cidades. Racismo pode ser o maior problema do governo Keir Starmer.


A sociedade britânica está quebrada. Em resposta ao assassinato de três crianças menores de nove anos em Southport, no norte do país, pelo adolescente Axel Muganwa Rudakuban, bandos racistas e supremacistas brancos causaram pavor na população muçulmana e imigrante do Reino Unido, organizando motins e tumultos em diversas cidades.

Os radicais incendiaram hotéis que abrigavam requerentes de asilo político e refugiados, e membros de minorias raciais foram agredidos nas ruas. Mais de 400 pessoas foram presas.

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar

Os ataques racistas foram resultado de uma mentira irresponsável espalhada por políticos e líderes de opinião, de que o assassino era muçulmano e solicitante de asilo no Reino Unido. Rudakuban, porém, nasceu em Gales, filho de pais cristãos de origem ruandesa.

E claro, mesmo se esta mentira fosse verdade, os ataques racistas ainda assim seriam injustificados.

Os grupos racistas anunciaram até 100 protestos em diferentes cidades do país para o dia 7 de agosto. Em resposta, milhares de pessoas e grupos antirracistas saíram às ruas para proteger as populações vulneráveis e em demonstração de solidariedade.

LEIA TAMBÉM:

Ao grito de “escória racista fora das nossas ruas”, a sociedade britânica acordou no dia seguinte aliviada. O jornal conservador Daily Mail, por exemplo, reportou em sua capa: “Noite em que os protestos antirracistas enfrentaram os criminosos”, sem refletir sobre o papel que o jornal já desempenhou na disseminação de conspirações racistas no país.

‘Preocupação legítima’

Seria um erro para o Reino Unido achar que os contraprotestos resolveram o problema. A verdade é que o racismo e a xenofobia são talvez o maior problema estratégico que o novo governo do país deverá enfrentar.

Numa recente pesquisa do instituto YouGov, revelou-se que apenas 8% do país sente “simpatia” pelos protestos violentos, mas 58% do país simpatiza com as ideias racistas e anti-imigração quando expressadas de forma pacífica.

A ideia de que a imigração está “fora de controle” é um argumento comum não só nos círculos conservadores, como também nos centros da classe trabalhadora, tradicionalmente de esquerda. O tema é comumente chamado pela imprensa de legitimate concern, ou seja, uma “preocupação legítima” da população.

Foi essa forma de pensar, por exemplo, que levou o país ao Brexit, possivelmente a maior catástrofe estratégica autoinfligida na história do Reino Unido. O consequente aumento da imigração vinda do Sul Global em resposta à saída dos imigrantes europeus hoje inspira os motins racistas.

De fato, na tentativa de acalmar os eleitores mais extremistas do partido, os conservadores proibiram que alunos de mestrado venham ao Reino Unido com suas famílias, o que resultou em muitos estrangeiros desistirem de estudar no país, despencando a receita das universidades e levando muitas à beira da falência.

Do mesmo modo, o Reino Unido também está ficando sem trabalhadores na agroindústria, nos lares de idosos, nos hospitais etc.

Muito mais do que a capa do jornal

Para enfrentar o desafio do racismo estrutural, o Reino Unido precisará de muito mais do que capas inspiradoras no Daily Mail. A reconciliação nacional é um desafio que muitos países já tentaram enfrentar, às vezes sem êxito.

O Reino Unido não é diferente. Se o objetivo é resolver o problema, o povo britânico primeiro terá que enfrentar seu passado racista e imperialista para ponderar qual o país que quer ser no presente.

Esse processo pode tomar a forma de uma comissão da verdade ou algum outro mecanismo similar. O que não dá certo é achar que existe uma forma pacífica de propor xenofobia e islamofobia como “legitimate concerns”; estas simplesmente não são ideias legítimas ou pacíficas. A violência é inerente nelas.

JÁ ESTÁ ACONTECENDO

Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.

Você está pronto para combater a máquina bilionária da extrema direita ao nosso lado? Faça uma doação hoje mesmo.

Apoie o Intercept Hoje

Entre em contato

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar