Jair Bolsonaro fraquejou nas urnas nas eleições municipais de 2024. Levantamento feito pelo Intercept Brasil mostra que dois em cada três candidatos a prefeito apoiados pelo ex-presidente perderam. Nas capitais, 10 em 13 pupilos saíram derrotados.
O mapeamento analisou os posts feitos pelo ex-presidente nas redes sociais e analisou os resultados eleitorais nas cidades onde Bolsonaro declarou apoio público ou visitou ao longo da campanha para apoiar um candidato.
Ao todo, 68 municípios foram mencionados em publicações no feed do perfil de Bolsonaro no Instagram desde 16 de agosto. Em 24 deles, o representante do PL na eleição ou o candidato apoiado pelo ex-presidente venceu (35,3%). Nos outros 44, foi derrotado (64,7%).
Bolsonaro citou nominalmente 32 candidatos. Destes, só nove se elegeram (28,1%), nenhum em uma capital. Além disso, dois desses prefeitos eleitos tinham o PL em sua coligação, mas não são do partido. Dos 23 derrotados, 8 disputaram a prefeitura em capitais localizadas em quatro regiões do país — Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Palmas, Rio de Janeiro e São Luís.
Apesar dos números desfavoráveis para Bolsonaro, vale destacar que os partidos de direita e extrema direita saíram fortalecidos e ganharam terreno em quatro das cinco regiões do país, com vitórias em estados estratégicos para os planos de Tarcísio Freitas, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer para 2026.
Enquanto isso, os partidos de esquerda perderam força no Norte, no Sul e no Centro-Oeste. No Sudeste, o avanço foi tímido: 7,5%. Já no Nordeste houve um crescimento de 38,2% em relação a 2020. Já o centrão foi o grande vencedor das eleições municipais e vai comandar seis em cada 10 cidades brasileiras a partir de 2025.
Derrota nas capitais
O levantamento do Intercept ainda mostra que Bolsonaro visitou ou apoiou candidatos em 13 capitais e viu seus pupilos perderem em 10. Além dos oito municípios já citados, houve derrotas em Belém, no Pará, e Vitória, no Espírito Santo.
É importante ressaltar que o fracasso de Bolsonaro não significa um enfraquecimento da direita. Em sete destas capitais, um candidato de centro-direita saiu vitorioso — como em Goiânia, onde Sandro Mabel, do União Brasil, superou Fred Rodrigues, do PL.
Já em João Pessoa, na Paraíba, houve um duelo de direita em que Cícero Lucena, do PP, bateu o ex-ministro da saúde do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, do PL.
Nas três capitais onde seu candidato saiu vencedor, Jair Bolsonaro se envolveu e foi mais decisivo somente na eleição de Abílio, do PL, em Cuiabá. Mesmo não tendo feito postagens mencionando diretamente o candidato em seu Instagram, o ex-presidente visitou a capital do Mato Grosso e fez questão de reforçar a sua preferência.
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Já em Aracaju, Sergipe, a prefeita eleita Emília Corrêa até é do PL, mas minimizou o peso de Bolsonaro na vitória. Apesar de dizer que o apoio dele em um vídeo gravado foi “importante” para mobilizar parte da direita, ela ressaltou, em entrevista à CNN Brasil, que a campanha não foi marcada pela polarização política.
O terceiro triunfo foi em São Paulo, com Ricardo Nunes, do MDB. Vale pontuar, entretanto, que, em que pese ter indicado o vice coronel Mello Araújo, Bolsonaro não fez post algum em seu perfil no Instagram declarando apoio ao prefeito. Não à toa, Nunes atribuiu sua vitória apenas ao governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, do Republicanos.
Considerando apenas o segundo turno, Jair Bolsonaro declarou apoio direto a oito candidatos nas redes sociais e postou visitas em 10 cidades. Dos citados nominalmente, só um venceu: Marcio Correa, do PL, em Anápolis, GO. Abílio, mesmo não mencionado diretamente nas redes sociais, saiu vitorioso em Cuiabá.
Os demais concorrentes, todos do PL, acabaram derrotados em Aparecida de Goiânia (Professor Alcides), Belo Horizonte (Bruno Engler), Goiânia (Fred Rodrigues), João Pessoa (Marcelo Queiroga), Manaus (Capitão Alberto), Palmas (Janad Valcari), Santarém (JK do Povão) e Santos (Rosana Valle).
JÁ ESTÁ ACONTECENDO
Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.
A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.
Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.
A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.
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