Bolsonaro, Heleno, Braga Netto e Costa Neto: quem são os indiciados por tentativa de golpe

O golpe veste farda

Bolsonaro, Heleno, Braga Netto e Costa Neto: quem são os indiciados por tentativa de golpe

A máquina da morte da extrema direita está literalmente botando fogo em nosso país, enquanto muitos fingem que não.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais da reserva e ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o ex-diretor da Abin e policial federal Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Segurança Pública Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foram indiciados pela Polícia Federal por tentarem dar um golpe de estado no Brasil. 

Além deles, outras 32 pessoas cometeram, de acordo com investigação Polícia Federal, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do estado democrático de Direito e golpe de estado. As penas máximas para cada crime vão de oito a 12 anos de prisão.

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Na terça-feira, 19, a PF já havia prendido três militares envolvidos em um plano de assassinar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Quem assumiria o governo seria uma junta formada pelos generais Braga Netto e Augusto Heleno – ambos indiciados pela PF. Os três militares do Exército presos, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, também estão entre os indiciados.

A lista dos golpistas é composta, em sua maior parte, por militares. Além de Jair Bolsonaro, que é capitão, há outros 24, incluindo sete generais, todos com influência e presença na alta cúpula do governo Bolsonaro. 

O general Paulo Sérgio Nogueira foi comandante do Exército e ministro da Defesa; o almirante Almir Garnier comandou a Marinha. Já o general Mario Fernandes foi ministro interino da Secretaria-geral da Presidência. E os dois generais cogitados para assumir o governo após o golpe, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, estiveram à frente dos ministérios da Defesa e Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional, respectivamente. 

Outro ponto em comum entre eles também merece destaque: a maior parte dos militares golpistas indiciados passou pela Academia Militar das Agulhas Negras, a Aman, onde também estudou Bolsonaro.

Vários dos militares listados também se destacam por aparecerem em outros escândalos envolvendo Bolsonaro, como a fraude nos cartões de vacinação e o roubo das joias sauditas.

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A lista também tem quatro policiais federais: Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência; Marcelo Bormevet, investigado por fazer parte do esquema ilegal de espionagem “Abin paralela”; e Wladimir Matos Soares, suspeito de participar de grupo que planejou as mortes de Lula, Alckmin e Moraes.

O relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe no Brasil entre 2022 e 2023 foi enviado nesta quinta-feira, 21, ao Supremo Tribunal Federal, o STF. Agora, a Procuradoria-Geral da República vai decidir se denuncia ou não os 37 à Justiça. 

“As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário”, informou a PF.

Segundo a Polícia Federal, os golpistas atuaram divididos em seis núcleos principais: 

  • 1) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
  • 2) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
  • 3) Núcleo Jurídico;
  • 4) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
  • 5) Núcleo de Inteligência Paralela;
  • 6) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

Veja, a seguir, quem são os indiciados:

Ailton Gonçalves Moraes Barros: major do Exército, já era conhecido da PF e de Bolsonaro. Foi apontado como responsável por falsificar cartões de vacinação. Foi oficial da Academia Militar das Agulhas Negras.

Alexandre Castilho Bitencourt da Silva: coronel da ativa do Exército, foi um dos autores da Carta dos Oficiais que sugeriram golpe. Foi formado pela Academia Militar das Agulhas Negras em 1997. 

Alexandre Ramagem: delegado da PF, chefiou a Agência Brasileira de Inteligência, Abin, no governo de Jair Bolsonaro – época em que o órgão foi usado para espionagem ilegal, no escândalo conhecido como Abin Paralela – e se elegeu deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro em 2022. Em 2024, foi derrotado na disputa pela prefeitura da capital fluminense.

Almir Garnier: ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro, assinou nota em defesa dos acampamentos golpistas em 2022.

Amauri Feres Saad: advogado, foi apontado como coautor da minuta golpista apresentada a Bolsonaro em 2022. 

Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro, também foi secretário de Segurança Pública do Distrito Federal na época dos ataques golpistas em Brasília. É delegado da Polícia Federal. Já havia sido indiciado, junto com o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, por prejudicar o deslocamento de eleitores no dia da votação no segundo turno das eleições de 2022.

Anderson Lima de Moura: coronel da ativa no Exército, foi um dos responsáveis por redigir a carta do golpe. Também foi formado em 1997 na Academia Militar das Agulhas Negras.

Angelo Martins Denicoli: major da reserva do Exército, foi diretor do departamento de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, no governo Bolsonaro. É apontado pela PF como propagador de notícias falsas sobre o processo eleitoral. Foi formado pela Academia Militar das Agulhas Negras.

Augusto Heleno: é general da reserva do Exército e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, no governo Bolsonaro. No plano golpista, Heleno seria, ao lado de Braga Netto, o comandante de um “gabinete de crise” que seria instalado após o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Foi formado na Academia Militar das Agulhas Negras, onde também lecionou.

Bernardo Romão Corrêa Netto: é coronel de cavalaria do Exército. Foi acusado de incitar os militares a aderir ao golpe. É apontado como organizador da reunião com os ‘kids pretos’, o grupo de elite do Exército que planejou o golpe. Também estudou na Academia Militar das Agulhas Negras.

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha: engenheiro, é dono do Instituto Voto Legal, contratado pelo PL para descredibilizar as urnas eletrônicas.

Carlos Giovani Delevati Pasini: coronel da reserva do Exército e professor do Colégio Militar de Belém, é apontado como um dos autores da carta golpista em 2022. 

Cleverson Ney Magalhães: coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres, também foi formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, em 1993. É apontado como um dos organizadores da reunião golpista em 2022.

Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira: general da reserva, é ex-chefe do Comandante de Operações Terrestres do Exército. Ele chegou a ser cogitado para assumir o comando do Exército no final de 2022. Na trama do golpe, segundo a PF, ele era o responsável operacional por “colocar na rua” as Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”.

Fabrício Moreira de Bastos: coronel do Exército também formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, hoje está em Israel como adido de Defesa, Naval e do Exército.

Filipe Garcia Martins: ex-assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, é apontado como responsável por entregar a Jair Bolsonaro a minuta do golpe. Em 2021, foi denunciado à Justiça por um gesto supremacista e racista em uma sessão no Senado.

Fernando Cerimedo: empresário argentino que ficou conhecido após fazer uma live colocando em dúvida a segurança das urnas eletrônicas nas eleições de 2022.

Giancarlo Gomes Rodrigues: subtenente do Exército e um dos responsáveis por fazer monitoramento clandestino de opositores.

Guilherme Marques de Almeida: tenente-coronel do Exército e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia. Também se graduou na Academia Militar das Agulhas Negras, em 2000.

Hélio Ferreira Lima: tenente-coronel do Exército cujo nome apareceu em trocas de mensagens com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. É integrante do grupo “kids pretos”.

Jair Messias Bolsonaro: ex-presidente da República, ex-deputado federal e capitão da reserva do Exército.

José Eduardo de Oliveira e Silva: padre da diocese de Osasco, teria participado de uma das reuniões sobre o plano golpista no Planalto.

Laercio Vergililo: general da reserva do Exército, é suspeito de participar de plano para prender o ministro Alexandre de Moraes. Também é oriundo da Academia Militar das Agulhas Negras.

Marcelo Bormevet: policial federal, investigado por participar da “Abin paralela”, esquema de espionagem ilegal. 

Marcelo Costa Câmara: coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Foi indicado no escândalo das joias de Bolsonaro. 

Mario Fernandes: general da reserva do Exército e ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. É um dos suspeitos de participar do plano para matar Lula, Alckmin e Moraes.

Mauro Cesar Barbosa Cid: tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência da República. É formado pela Academia Militar das Agulhas Negras.

Nilton Diniz Rodrigues: general do Exército e comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, no Amazonas.

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho: empresário, ex-comentarista na Jovem Pan e neto do ex-presidente João Figueiredo, que comandou o país durante a ditadura militar.

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira: general e ex-comandante do Exército. Foi ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro entre abril e dezembro de 2022. Também foi da Academia Militar das Agulhas Negras.

Rafael Martins de Oliveira: major do Exército e membro do grupo ‘kids pretos’, que são especialistas em operações especiais. Segundo a PF, ele chegou a roubar dados de uma pessoa para habilitar um celular usado na operação.

Ronald Ferreira de Araujo Junior: tenente-coronel do Exército que, de acordo com a PF, atuou na elaboração da minuta que embasaria um decreto de golpe de Estado. É também graduado na Academia Militar das Agulhas Negras.

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros: tenente-coronel do Exército que, segundo a PF, integrava o Núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral. Também foi formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, na mesma turma de Mauro Cid.

Tércio Arnaud Tomaz: ex-assessor de Bolsonaro e apontado como integrante do “gabinete do ódio”.

Valdemar Costa Neto: ex-deputado federal e atual presidente do PL, partido pelo qual Bolsonaro e Braga Netto concorreram nas eleições de 2022

Walter Souza Braga Netto: general da reserva do Exército, foi ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro e candidato a vice na chapa do ex-presidente nas eleições de 2022.

Wladimir Matos Soares: policial federal, é suspeito de participar de grupo que planejou as mortes de Lula, Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Atuou na segurança do hotel em que Lula ficou hospedado na transição.

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