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O homem que levou Gaza e Sudão para o Super Bowl

Artista de Nova Orleans correu com bandeira pelo palco do show do intervalo no grande evento esportivo dos EUA.

Bandeira lembra Sudão e Gaza no Super Bowl.

Quando os primeiros acordes da canção de Kendrick Lamar, “tv off”, começaram a ressoar no domingo pelo estádio Superdome de Nova Orleans, nos Estados Unidos, Zül-Qarnain Nantambu, um artista local, sabia que precisava tomar uma decisão. Lá estava ele em um dos maiores palcos do mundo, com milhões de telespectadores sintonizados no show do intervalo do Super Bowl LIX, a final do campeonato de futebol americano dos EUA. “Você vai ter coragem? Você vai ser um covarde?”, ele se perguntava. “Você vai marcar sua posição?”

O mundo estava assistindo, e Nantambu, de 41 anos, fez sua escolha. Enquanto os outros 400 dançarinos contratados se moviam em ritmo coordenado com a música de Lamar, Nantambu puxou de dentro da roupa e desenrolou uma bandeira conjunta da Palestina e do Sudão. Ele saiu correndo, agitando a bandeira com as palavras “Sudão” e “Gaza” escritas em tinta preta. Após cerca de 30 segundos, foi derrubado no chão pelos seguranças, sob o olhar da multidão.

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Embora tenham sido poucos segundos de tela, seu protesto capturou a atenção do país e do mundo.

“Eu não me envolvo muito em política, nem nada disso”, disse ele ao Intercept dos EUA. “O que está acontecendo nesses lugares é desumano. A guerra civil no Sudão, a opressão, a guerra e a tirania acontecendo em Gaza, isso é desumano. E essas pessoas estão conectadas a todos nós como seres humanos, e a mim, especialmente, na fé.”

Ao longo das últimas semanas, ambos os conflitos estiveram no centro das atenções, em parte pelas ações do presidente dos EUA, Donald Trump, que compareceu ao jogo no domingo. Trump propôs que todos os palestinos na Faixa de Gaza sejam expulsos da região, em uma limpeza étnica para facilitar a incorporação imobiliária do litoral. No Sudão, a guerra civil continua em curso, e milhões de pessoas enfrentam a fome aguda com o bloqueio de projetos humanitários essenciais no país pelo governo Trump.

‘Eu não posso viver nos EUA — em um berço de luxo — enquanto essas pessoas estão sofrendo, sem tentar ajudar ou chamar a atenção para isso.’

Nantambu diz que ele não poderia aceitar que aqueles que compartilham da sua fé muçulmana no estrangeiro sofram, sem dizer nada a respeito. “Eu não posso viver nos EUA — em um berço de luxo — enquanto essas pessoas estão sofrendo, sem tentar ajudar ou chamar a atenção para isso”, diz.

O artista e designer de Nova Orleans, que também apresenta um programa no YouTube, diz que foi inspirado em parte pelas mensagens revolucionárias de Lamar durante os ensaios. “Eu ficava olhando para a apresentação de Kendrick Lamar, quando ele falava sobre revolução, porque estávamos no ensaio. E então eu ficava vendo a apresentação (…) e vendo ele dizer que a revolução não vai ser televisionada”, conta. “Isso é muito maior do que nós, maior do que eu, maior do que o Super Bowl, maior do que a treta entre Kendrick Lamar e Drake, porque a humanidade está envolvida.”

Nantambu conta que decidiu fazer sua manifestação antes do anúncio de que Trump estaria presente no jogo. “Isso só serviu para criar uma camada a mais de ansiedade”, diz, “fiquei com medo, pensei que ia levar um tiro. Eu não sabia o que ia acontecer, mas Deus me confortou e me deu calma.”

O artista conta ainda que foi detido e interrogado pela segurança, mas acabou sendo liberado. Embora algumas matérias tenham dado a entender que ele poderia sofrer acusação criminal, Nantambu diz que ainda não enfrentou nenhuma repercussão jurídica. A empresa Roc Nation, que produziu o show do intervalo do Super Bowl, negou qualquer envolvimento no protesto.

(N. da E.: Nantambu foi proibido de frequentar todos os estádios da NFL, a liga nacional de futebol americano dos EUA, pelo resto da vida.)

Apesar de seus receios iniciais, Nantambu diz sentir que foi levado a esse momento por um motivo. “Deus me levou até lá para enviar uma mensagem e demonstrar a solidariedade e a grandeza de Deus, e solidariedade com os oprimidos, com os muçulmanos do mundo inteiro”, diz. “Aqueles cujas vozes e dores parecem não estar sendo ouvidas. E Deus pode elevá-los e conscientizar sobre eles na maior plataforma, no maior palco.”

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