Fotos autor Leandro Demori.

Leandro Demori

É AGORA OU NUNCA!

Se Bolsonaro e seus aliados militares escaparem da justiça, a ameaça de um novo golpe sempre existirá.

Estamos mais perto do que nunca de romper esse ciclo de abusos – e seu apoio é fundamental!

Torne-se um doador do Intercept hoje mesmo, a partir de R$ 25, e vamos lutar juntos para que os golpistas nunca mais voltem ao poder!

QUERO DOAR

É AGORA OU NUNCA!

Se Bolsonaro e seus aliados militares escaparem da justiça, a ameaça de um novo golpe sempre existirá.

Estamos mais perto do que nunca de romper esse ciclo de abusos – e seu apoio é fundamental!

Torne-se um doador do Intercept hoje mesmo, a partir de R$ 25, e vamos lutar juntos para que os golpistas nunca mais voltem ao poder!

QUERO DOAR

O Rio é como Beirute

Três cidades portuárias destroçadas pelo tráfico de drogas, por políticos e policiais corruptos e velhas fórmulas fracassadas.

Foto de destaque: atentado a bomba que matou o juiz anti-máfia Giovani Falcone, sua mulher e oficiais da escolta.

Foto de destaque: atentado a bomba que matou o juiz anti-máfia Giovani Falcone, sua mulher e oficiais da escolta.

Foto de destaque: atentado a bomba que matou o juiz anti-máfia Giovani Falcone, sua mulher e oficiais da escolta.

Foto: wikicommons

Em outubro de 1964, um policial meteu o pé na porta de uma casa na periferia de Marselha e prendeu o químico Joseph Cesari, o mais famoso refinador de heroína da Europa. Havia mais de uma década que um laboratório não era descoberto na capital do crime organizado francês – as forças de ordem assistiam à escalada da violência passivamente.

A queda de Cesari não acabou com o tráfico, é claro. O mercado americano, principal comprador da heroína francesa, demandava cada vez mais, e os gângsters buscaram saída nos braços seguros dos compadres italianos: a máfia Cosa Nostra importou os refinadores do lado de lá dos Alpes e fez da Sicília o maior laboratório do mundo. A heroína gerou riqueza e violência nunca vistas. Em poucos anos, Palermo tinha pelas ruas tantos cadáveres quanto o Líbano em guerra. Uma manchete de jornal virou o símbolo daquele tempo: “Palermo é como Beirute”.

A história passada há meio século ilustra muito do que acontece hoje no Rio de Janeiro. A guerra às drogas já se mostrava, em 1964, um equívoco. Hoje, é uma insanidade. E mesmo que o desejo seja o de continuar com a repressão, a história também mostra que não existe “escalada do crime” que seja tão rápida que não possa ser investigada e controlada. Se Marselha, Palermo e Rio se parecem, é por dois motivos: dose intensa de capitalismo criminal globalizado – são cidades portuárias onde a demanda ganha escala – e convivência harmoniosa com os salões do poder político e da polícia corrupta.

Marselha ficou 10 anos sem estourar um laboratório de heroína. A violência no Rio vem aumentando desde a falência das UPPs, há anos. Não começou no carnaval. Um mês atrás, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse sobre a segurança no Rio: “Não há descontrole nem desordem”. Anteontem, o mesmo Jungmann mudou de ideia: “Inadmissíveis e lamentáveis” as cenas de violência no carnaval. Ontem: intervenção militar.

Concluo, então, que a escalada da violência que justifica colocar um general na Secretaria de Segurança começou depois de 12 de janeiro. É a mais rápida de que se tem notícia na história.

Sabem quanto foi o investimento em inteligência policial no Rio em 2014? 40 mil reais (é mil mesmo, não milhões). Em 2015: 21 mil. E 2016, quando já era mais que evidente que o projeto de segurança das UPPs havia sido implodido? Zero.

A guerra às drogas faliu. Mas eles querem continuar a lutá-la só com músculos, sem usar o cérebro. Nenhuma surpresa.

Leandro Demori escreve todos os sábados exclusivamente na newsletter do The Intercept Brasil. Este texto foi publicado na mais recente edição. Clique aqui para assinar.

Temos uma oportunidade, e ela pode ser a última:

Colocar Bolsonaro e seus comparsas das Forças Armadas atrás das grades.

Ninguém foi punido pela ditadura militar, e isso abriu caminho para uma nova tentativa de golpe em 2023. Agora que os responsáveis por essa trama são réus no STF — pela primeira e única vez — temos a chance de quebrar esse ciclo de impunidade!

Estamos fazendo nossa parte para mudar a história, investigando e expondo essa organização criminosa — e seu apoio é essencial durante o julgamento!

Precisamos de 800 novos doadores mensais até o final de abril para seguir produzindo reportagens decisivas para impedir o domínio da máquina bilionária da extrema direita. É a sua chance de mudar a história!

Torne-se um doador do Intercept Brasil e garanta que Bolsonaro e sua gangue golpista não tenham outra chance de atacar nossos direitos.

Apoie o Intercept Hoje

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar