LANGLEY, VA - JANUARY 21: US President Donald Trump speaks at the CIA headquarters on January 21, 2017 in Langley, Virginia .  Trump spoke with about 300 people in his first official visit with a government agaency.  (Photo by Olivier Doulier - Pool/Getty Images)

Indicada por Donald Trump para ser diretora da CIA, Gina Haspel chefiou e participou de tortura

Diretamente envolvida em práticas grotescas de tortura, Gina Haspel foi indicada por Donald Trump para liderar a agência.

LANGLEY, VA - JANUARY 21: US President Donald Trump speaks at the CIA headquarters on January 21, 2017 in Langley, Virginia .  Trump spoke with about 300 people in his first official visit with a government agaency.  (Photo by Olivier Doulier - Pool/Getty Images)

O presidente dos EUA, Donald Trump, indicou Gina Haspel como nova diretora da CIA e deu a notícia no Twitter. Mike Pompeo, o antigo diretor, foi indicado para substituir Rex Tillerson, demitido do Departamento de Estado. As nomeações de Haspel e Pompeo ainda precisam ser aprovadas pelo Senado.

Em maio de 2013, Greg Miller, do Washington Post, noticiou que a chefia do serviço clandestino da CIA estaria sendo afastada do cargo em decorrência de uma “reestruturação gerencial” feita pelo então diretor John Brennan. Miller documentou que essa agente – cujo nome não foi mencionado no jornal por atuar, à época, como agente infiltrada – teria um papel central em algumas das piores violações cometidas pelo regime de tortura da CIA durante o governo Bush.

Nas palavras de Miller, ela estaria “diretamente envolvida no mais controverso programa de interrogatório da agência” e teria um “importante papel” na tortura dos prisioneiros. De forma ainda mais preocupante, ela “teria dirigido uma prisão secreta na Tailândia” – parte da rede de locais clandestinos  da CIA (black sites) – “onde dois prisioneiros teriam sofrido técnicas cruéis de tortura como o afogamento simulado [waterboarding]”. O relatório do Comitê de Inteligência do Senado sobre a prática de tortura também detalhou sua participação direta na tortura especialmente repulsiva do prisioneiro Abu Zubaydah.

Além disso, ela teve um papel crucial na destruição de fitas de vídeo dos interrogatórios que mostravam a tortura de prisioneiros, tanto na prisão que ela dirigiu, quanto em outras localidades secretas da agência. A ocultação dessas fitas de interrogatório, em violação a diversos mandados judiciais, bem como aos requerimentos da comissão do 11 de setembro e às recomendações dos advogados da Casa Branca, foi considerada uma “obstrução” pelos líderes da comissão, Lee Hamilton e Thomas Keane. Um promotor especial e um júri investigaram as ações, mas, ao final, decidiram não prosseguir com a acusação.

O nome dessa agente da CIA é Gina Haspel.

Não é de se surpreender, considerando que o próprio Mike Pompeo já disse estar disposto a ressuscitar as técnicas de tortura da época do governo Bush (o diretor da CIA indicado por Obama, John Brennan, foi forçado a se retirar da disputa no final de 2008 em razão do seu apoio a algumas daquelas táticas, o que não impediu que, em 2013, fosse confirmado no cargo). Em parte por isso, é bastante controverso que 14 representantes do Partido Democrata – incluindo o líder do partido no Senado, Chuck Schumer, além de Dianne Feinstein, Sheldon Whitehouse e Tim Kaine – tenham votado a favor da confirmação de Pompeo.

Não era segredo para ninguém que Haspel era a agente descrita na matéria de 2013 do Post. Depois que fiz a revelação pelo Twitter, Jason Leopold, um repórter investigativo do Buzzfeed, comentou: “todos nós que cobríamos as notícias da CIA sabíamos. Ela estava infiltrada, e a agência nos pediu para não divulgar seu nome.”

Gina Haspel agora está cotada para se tornar a maior autoridade da CIA, a despeito de seu protagonismo agressivo e duradouro em algumas das mais aterrorizantes e vergonhosas violações praticadas durante a guerra ao terror – ou talvez exatamente por esse motivo.

Foto de destaque: O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump faz discurso na sede da CIA em Langley, no estado de Virginia, em janeiro de 2017.

🚨 O QUE ENFRENTAMOS AGORA 🚨

O Intercept está vigiando manobras eleitorais inéditas da extrema direita brasileira. 

Os golpistas estão de cara nova, com seus ternos e sapatênis. Eles aprenderam estratégias sofisticadas de marketing digital para dominar a internet, que estão testando agora nas eleições municipais.

O objetivo final? Dominar bases de poder locais para tomar a presidência e o congresso em 2026. 

Não se deixe enganar: Bolsonaro era fichinha perto dos fascistas de sapatênis…

O Intercept não pode poupar esforços para investigar e expor os esquemas que colocam em risco nossos direitos e nossa democracia.

Já revelamos as mensagens secretas de Moro na Lava Jato. Mostramos como certas empresas e outros jornais obrigavam seus trabalhadores a apoiarem Bolsonaro. E expusemos como Pablo Marçal estava violando a lei eleitoral. 

Mas temos pouco tempo, e muito mais a revelar. Agora precisamos de recursos para colocar mais repórteres nas ruas. Para isso, precisamos de sua ajuda. Somos financiados por nossos leitores, não pelas empresas ricas que mandam em Brasília.

Faça parte do nosso time para causar o impacto eleitoral que você não verá em nenhum outro lugar! Faça uma doação de qualquer valor ao Intercept hoje mesmo! 

APOIE O INTERCEPT HOJE!

Entre em contato

Conteúdo relacionado

Inscreva-se na newsletter para continuar lendo. É grátis!

Este não é um acesso pago e a adesão é gratuita

Já se inscreveu? Confirme seu endereço de e-mail para continuar lendo

Você possui 1 artigo para ler sem se cadastrar