Este texto foi publicado inicialmente nossa newsletter. Assine. É de graça. Todos os sábados na sua caixa de e-mails.
Começa assim uma mensagem da embaixada do Brasil em Santiago do Chile, endereçada ao Itamaraty, sobre um telegrama que o deputado federal Jair Bolsonaro enviou àquela representação diplomática em dezembro de 2006:
Leia o telegrama na íntegra.
Nela, o agora candidato pedia que a embaixada enviasse uma mensagem de solidariedade ao neto do falecido ditador chileno Augusto Pinochet. A representação pediu a Brasília como proceder. O texto integral da mensagem de Bolsonaro era esse:
Sabemos que Bolsonaro nutre paixão por ditadores e assassinos. O que não se sabia até agora era que ele – que gosta de apontar o bandido de estimação de seus oponentes – tem também o seu, segundo seus próprios critérios. Cinco meses antes do telegrama elogioso de Bolsonaro, o chefe da polícia secreta do regime chileno, um dos mais fiéis subordinados de Pinochet, revelou a investigadores que o ditador tinha ficado milionário traficando cocaína. A notícia correu o mundo, foi publicada em todos os grandes jornais, veiculada massivamente pela imprensa, brasileira inclusa.
Manuel Contreras deu detalhes. Afirmou que a cocaína era fabricada em um complexo químico do próprio Exército, deu o nome do refinador, acusou um filho de Pinochet, Marco Antonio, de fazer parte do esquema, e completou dizendo que a correria era feita por um empresário ligado a ele e também pelo sírio Monser Al Kassar – vinculado a atividades terroristas, segundo o policial.
Bolsonaro não viu problema na acusação.
A mensagem, no entanto, jamais chegou ao remetente por meios diplomáticos. O Itamaraty se negou a ser correio do capitão. E respondeu ao então embaixador do Brasil no Chile, Mario Vilalva:
Telegrama bom é telegrama morto.
Temos uma oportunidade, e ela pode ser a última:
Colocar Bolsonaro e seus comparsas das Forças Armadas atrás das grades.
Ninguém foi punido pela ditadura militar, e isso abriu caminho para uma nova tentativa de golpe em 2023. Agora que os responsáveis por essa trama são réus no STF — pela primeira e única vez — temos a chance de quebrar esse ciclo de impunidade!
Estamos fazendo nossa parte para mudar a história, investigando e expondo essa organização criminosa — e seu apoio é essencial durante o julgamento!
Precisamos de 800 novos doadores mensais até o final de abril para seguir produzindo reportagens decisivas para impedir o domínio da máquina bilionária da extrema direita. É a sua chance de mudar a história!
Torne-se um doador do Intercept Brasil e garanta que Bolsonaro e sua gangue golpista não tenham outra chance de atacar nossos direitos.