O governo de Israel, com apoio dos EUA, retomou os intensos ataques genocidas contra Gaza na madrugada de terça-feira, bombardeando indiscriminadamente toda a região e matando mais de 400 pessoas, dentre as quais dezenas de mulheres e crianças, segundo as autoridades de saúde locais. O governo Trump afirmou ter sido avisado dos ataques e aprovado a medida.
Os ataques atingiram várias cidades em Gaza, como Rafah, Khan Younis, Deir al-Balah e a Cidade de Gaza, onde as bombas caíram sobre uma paisagem que Israel já tornou apocalíptica. “O céu ficou repleto de drones, quadricópteros, helicópteros, e caças F-16 e F-35. O fogo de tanques e veículos não parava”, conta Abubaker Abed, jornalista colaborador do Drop Site News em Gaza.
Autoridades israelenses disseram ter recebido sinal verde do presidente dos EUA, Donald Trump, para realizar o ataque, diante da recusa do Hamas de obedecer a uma ordem de Trump para liberar todos os reféns israelenses imediatamente. Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, declarou: “Todos que tentarem aterrorizar, não apenas Israel, mas os Estados Unidos da América, pagarão o preço. O mundo vai cair.”
Dois meses atrás, Israel havia aceitado um acordo de cessar-fogo em Gaza em troca da libertação de reféns. Desde então, porém, Netanyahu veio empreendendo uma campanha de sabotagem e provocação, violando abertamente os termos do acordo ao impedir ou atrasar a entrada de ajuda humanitária na região.
‘Israel condena as crianças à fome, depois mata.’
Durante a primeira fase do cessar-fogo, que durou 42 dias, os israelenses permitiram a entrada de alimentos e outros suprimentos básicos, mas limitaram a entrada de barracas e impediram a de telefones celulares, enquanto continuavam a atacar Gaza com drones. Após o fim dessa fase, Israel anunciou o bloqueio total à entrada de ajuda, incluindo alimentos e suprimentos médicos. No domingo, o fornecimento de eletricidade em Gaza foi cortado.
“Estamos ficando sem comida, assim como Gaza inteira”, diz Abubaker. As famílias mortas no ataque “não tinham nada para comer, e então foram bombardeadas e mortas”, ele continua. “Israel condena as crianças à fome, depois mata.”
Destruídos por mais de um ano de guerra, os hospitais da região não conseguem lidar com o fluxo de feridos. “Não temos condições. Falta tudo nos hospitais de Gaza. (…) Estamos trabalhando com menos do que o mínimo em nossas mãos.”, lamentou o Dr. Abdul-Qader Weshah, médico de emergência do hospital Al-Awda, no campo de Al-Nuseirat, no centro de Gaza.
O acordo de cessar-fogo deveria ter entrado na segunda fase, mas Israel, encorajado por uma permissão do governo Trump para retomar a guerra caso o cessar-fogo não atendesse a suas necessidades, se recusou a enviar negociadores para discutir detalhes. Era esperado que o Hamas libertasse todos os reféns remanescentes e Israel retirasse todas as forças de ocupação de Gaza. Em vez disso, os israelenses impuseram novos termos e condições ao Hamas.
Benjamin Netanyahu declarou que “Israel irá, a partir de agora, agir contra o Hamas com força militar cada vez maior”. Segundo a imprensa israelense, essa decisão já estava tomada uma semana atrás, e não foi uma resposta a qualquer ameaça iminente representada pelo Hamas.
Ao longo da última semana houve uma tentativa de negociação, com mediação do Egito, Catar e EUA, para tentar retomar o processo. Mas EUA e Israel acusam o Hamas de rejeitar um acordo, enquanto o Hamas afirma que vem cumprindo os termos do acordo original, e Israel deveria fazer o mesmo. “O Hamas cumpriu o acordo até o último momento, e tinha interesse em continuar, mas Netanyahu, em busca de uma saída para suas crises internas, preferiu reiniciar a guerra, às custas do sangue do nosso povo”, disse o Hamas, em um comunicado.
Esta matéria é uma versão resumida do texto publicado por nossos parceiros do Drop Site News.
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