SAO BERNARDO DO CAMPO, BRAZIL - OCTOBER 26: A woman votes during the second round of elections on October 26, 2014 in Sao Bernardo do Campo, Brazil. Incumbent President Dilma Rousseff is competing against social democrat Aecio Neves for president. (Photo by Victor Moriyama/Getty Images)

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Nulo/Branco é um dos dois candidatos a prefeito mais votados em 18 dos 50 maiores municípios do país

A democracia brasileira está em crise de confiança e isso não é uma novidade.

SAO BERNARDO DO CAMPO, BRAZIL - OCTOBER 26: A woman votes during the second round of elections on October 26, 2014 in Sao Bernardo do Campo, Brazil. Incumbent President Dilma Rousseff is competing against social democrat Aecio Neves for president. (Photo by Victor Moriyama/Getty Images)

Candidatos em todos os cantos do Brasil celebraram suas vitórias neste domingo, depois de ter gastado R$ 2,131 bilhões (oficialmente) para ganhar cargos que geralmente vêm com altos salários, pouco trabalho e quase sem fiscalização. Mas os resultados demonstram que grande parte da população não poderia se importar menos. Dos 50 municípios mais populosos do Brasil, o “Nulo/Branco” foi o “candidato” mais votado em cinco e o segundo mais votado em 13, segundo apuração dos dados do Tribunal Superior Eleitoral feita pelo The Intercept Brasil.

Pior, esses números não consideram abstenções. No Rio, por exemplo, houve 1.189.187 abstenções, enquanto o candidato mais votado, Marcelo Crivella (PRB), obteve apenas 842.201 votos. Em São Paulo, a tríade “abstenção/branco/nulo”  foi mais popular que João Doria (PSDB), que ganhou no primeiro turno com mais de 3 milhões de votos.

“Nulo/branco” seria também o candidato mais bem votado em: São Gonçalo-RJ (16º mais populoso), Nova Iguaçu – RJ (24º), Osasco – SP (26º), Contagem – MG (31º) e Belford Roxo – RJ (43º).

O candidato mais votado em Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PR), e o segundo mais votado em Belford Roxo, Dr. Deodalto (DEM), estão inelegíveis. Os dois estão recorrendo na justiça.

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Imagem: UOL

Se fosse candidato, o “Nulo/branco” seria o segundo mais votado em: São Paulo – SP (1º), Rio de Janeiro – RJ (2º), Salvador – BA (4º), Belo Horizonte – MG (6º), Guarulhos – SP (13º), Campinas – SP (14º), Duque de Caxias – RJ (18º), Natal – RN (19º), São Bernardo do Campo – SP (22º), Santo André – SP (25º), Ribeirão Preto – SP (31º), Niterói -RJ (42º) e São João de Meriti -RJ (50º).

A alta indiferença em relação a quem governa sua cidade é indicativo de uma crise de confiança com o sistema democrático brasileiro. Por que votar se as estruturas políticas estão desenhadas para perpetuar a criminalidade e a corrupção? Por que votar se suas opções mais viáveis são entre um “defensor da família” hipócrita e um corrupto do empresariado?

Isso não é novo. Estes resultados são parecidos com o de eleições anteriores.

Com algumas exceções, este domingo não foi uma grande celebração da democracia brasileira. Foi uma indicação de quanto trabalho ainda precisa ser feito para tirar do poder os coronéis, milicianos e corruptos que governam boa parte do país seguindo seus próprios interesses.

Este fenômeno não é explicitamente culpa de Cunha e Temer ou Dilma e Lula. Mas para segmentos da população, cada um representa a personificação da desilusão “com tudo o que está aí”.

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