BELO HORIZONTE, BRAZIL - MAY 04: Alexandre Kalil, president of Atletico MG during a match between Atletico MG and Goias as part of Brasileirao Series A 2014 at Independencia stadium on may 04, 2014 in Belo Horizonte, Brazil. (Photo by Pedro Vilela/Getty Images)

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Apertem os cintos, entramos na “Tyson Zone”: o mundo está insano

Não é só a política americana que segue o caminho dos absurdos normalizados com Trump.

BELO HORIZONTE, BRAZIL - MAY 04: Alexandre Kalil, president of Atletico MG during a match between Atletico MG and Goias as part of Brasileirao Series A 2014 at Independencia stadium on may 04, 2014 in Belo Horizonte, Brazil. (Photo by Pedro Vilela/Getty Images)

Segundo o Urban Dictionary, quando o comportamento de alguém torna-se tão insano a ponto de que nada vindo da pessoa possa chocar ou surpreender você, ela entra na “Tyson Zone”. O termo foi cunhado pelo jornalista esportivo norte-americano Bill Simmons na fase em que o campeão mundial de boxe começou a fazer coisas como espancar a mulher, mastigar a orelha de um oponente, tatuar o rosto e torrar milhões de dólares em cocaína, prostitutas e numa enorme coleção de pombos, uma obsessão do lutador.

A Tyson Zone não é exclusividade do boxeador. Outros personagens célebres também tiveram seu momento de Zona Tyson e, recentemente, articulistas começaram a defender que Donald Trump fez o mesmo. Há quem tenha rebatizado a Tyson Zone de “Trump Zone”.

“O mundo inteiro parece ter entrado no modo além da imaginação.”

Ainda assim, nenhum dos absurdos de Trump parece reduzir suas intenções de voto – ao contrário, a uma semana das eleições, vemos uma virada nas pesquisas que parece premiar sua “honestidade”.

Infelizmente, não é só a política americana que parece ter entrado na Tyson Zone, onde absurdos são hipernormalizados. O mundo inteiro parece ter entrado no modo “Além da Imaginação”, em que a realidade contradiz nossas bolhas cognitivas – ou, para outros, “epistemic closures”. São tempos em que o resultado de consultas democráticas contradizem expectativas, analistas políticos, pesquisas e mesmo o senso comum – para começar, pense nos exemplos óbvios do “Brexit” e do referendo sobre o acordo de paz na Colômbia.

Aqui no Brasil, apenas na última semana, elegemos um prefeito que “rouba, mas não pede propina”, outro que “vomitou ao sentir cheiro de pobre” e outro pastor-coronel que acredita que “gays são fruto de abortos mal-feitos”, entre outros absurdos.

A sensação de que o pior chegou e de que o país foi substituído por uma versão bizarra dele mesmo é alimentada por notícias como a da PM algemando adolescentes que protestavam pela educação ou de um juiz autorizando métodos de tortura para desocupar uma escola.

Há um ano, isso tudo seria inimaginável e hoje é normal: estamos na Tyson Zone.

Parece bad trip de bala ruim, mas é apenas o noticiário

No entanto, o que parece confirmar de uma vez por todas a entrada do globo terrestre na Tyson Zone em 2016 é o folhetim político-místico que tomou conta da Coréia do Sul nas últimas semanas, uma trama que envolve lavagem cerebral, uma seita chamada “oito fadas” e o provável sacrifício de centenas de crianças. Parece uma bad trip de bala ruim, um romance cyber-punk ou um anime sinistro, mas é simplesmente o noticiário.

Quando a realidade parece mentir, a mudança passa pela refutação da verdade – o que às vezes começa com uma simples mudança de ponto de vista, o que também pode ajudar a enxergar os próprios erros. Com sorte, tal inconformismo se traduzirá em ação política. Com menos sorte, continuaremos como estamos – assustados, inertes, em posição fetal debaixo da cama.

O problema é que essa sorte está sendo jogada nas nossas ações no mundo concreto – e não na timeline das suas redes sociais. Pode não parecer, mas o mundo está lá fora. 

JÁ ESTÁ ACONTECENDO

Quando o assunto é a ascensão da extrema direita no Brasil, muitos acham que essa é uma preocupação só para anos eleitorais. Mas o projeto de poder bolsonarista nunca dorme.

A grande mídia, o agro, as forças armadas, as megaigrejas e as big techs bilionárias ganharam força nas eleições municipais — e têm uma vantagem enorme para 2026.

Não podemos ficar alheios enquanto somos arrastados para o retrocesso, afogados em fumaça tóxica e privados de direitos básicos. Já passou da hora de agir. Juntos.

A meta ousada do Intercept para 2025 é nada menos que derrotar o golpe em andamento antes que ele conclua sua missão. Para isso, precisamos arrecadar R$ 500 mil até a véspera do Ano Novo.

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